1- Onde você nasceu? E qual sua formação acadêmica?
Nasci em Novo Horizonte/SP, atualmente resido em São Paulo/Capital e tenho o ensino médio completo.
Aos meus 5 anos de idade comecei a perder a audição e aos 18 anos anos perdi a audição totalmente e hoje consigo após muito treinamento fazer leitura labial.
2- Como e quando se dá o seu primeiro contato com as Artes?
Meu primeiro contato com as artes foi com meus 11 anos, vendo meu tio-avô fazendo animais de madeira.
3- Como surgiu ou você descobriu este dom?
Estava com meus 23 anos, quando fui passear em Fernandópolis numa fábrica de móveis de meu primo. E vi ele entalhando uma cabeceira de cama.
4- Quais são suas principais influências?
Sou autodidata. Sinto ter influência de Rodin.
5- Quais os materiais que você utiliza em suas obras?
Em minhas obras eu utilizo madeira, pedra sabão, mármore, granito, concreto e no momento estou treinando na argila.
6- Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?
Sinto a necessidade de estar só. Ao ver uma pedra consigo ver algo dentro.
Exemplificando: Ao ver uma pedra imaginei um elefante. Comecei a esculpir essa pedra e consegui libertar esse elefante. Ou imagino um nu e o liberto da pedra.
Minha inspiração é o corpo humano, principalmente o feminino.
7- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?
Comecei exatamente a criar no ano de 1990.
Efetivamente comecei a esculpir minhas criações aqui em São Paulo/Capital a partir de outubro de 2020, estive parado com as criações por 17 anos. Fazia somente encomendas.
8- A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na historia da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, seguindo técnicas e movimentos artísticos através do tempo, você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?
Modelo e influência de Rodin e Camile Claudel.
9- O que a arte representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das Artes na sua vida…
Gosto da “arte nua”, pois prefiro fazer um corpo feminino nu. A nudez reflete de forma que não sigo padrões para uma estética. E bem claro e aceitável, uma magrinha, cheinha e as gordinhas. Abordo apenas o nu, mas a pedra que me dá o formato.
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10- Quais as técnicas que você usa para expressar suas ideias, sentimentos e percepção a cerca do mundo? (Se é através da pintura, escultura, desenho, colagem, fotografia… ou usa várias técnicas no sentido de fazer um mix de formas diferentes de arte)
Uso a escultura em madeira e na pedra por ser uma arte palpável e transmitir o sentimento através do toque onde o interlocutor possa sentir o que eu senti ao criar essa peça.
11- Todo artista tem seu mentor, aquela pessoa a quem você se espelhou que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão, quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?
Quando funcionário público de Novo Horizonte, sofri um acidente na coluna. Meu médico ortopedista viu minhas obras e ficou abismado com o meu trabalho e disse: – Isso se chama Arte! Você precisa pesquisar e se aprofundar nisso ai! Aí está o seu futuro.
E a segunda pessoa que me incentivou, foi uma artista plástica da cidade de Fernandópolis/SP, que viu minhas obras e ajudou-me a inserir-me no círculo de artistas da cidade.
12- Você tem outra atividade além da arte? Você ministra aulas, palestras etc.?
Trabalho só com artes, ministro workshops de esculturas e também cursos de esculturas. As palestras são depoimentos de vida como superação através do dom da arte.
13- Suas principais exposições:
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e o Universo das Artes primeiro!
- 18ª Exposição presencial – Expoarte na Art Lab Galery em São Paulo de 07 a 16 de Maio de 2021;
- Exposição virtual “Minha essência” – Raphael Art Gallery – Edmundo Cavalcanti – de 27/04 a 27/05/2021;
- Exposição virtual – “Arte é Resistencia” – Raphael Art Gallery – Edmundo Cavalcanti – de 22/06 a 22/07/2021;
- Exposição Individual “Beleza Silenciosa” – Circuito SESC de Artes 2021 – Novo horizonte/SP de 24/08 a 24/09/2021 com vídeo-documentário “Beleza Silenciosa” sobre minha Vida e trajetória artística.
14- Seus planos para o futuro?
Ampliar minhas obras e conhecimentos sobre esculturas.
Redes sociais:
Facebook: ZeNatal Torsani
Instagram: @zenatalesculturas
Documentário – Beleza silenciosa:
Entrevista ao NH News Podcast – Novo Horizonte/SP:
As duplicidades nas esculturas de Zé Natal por Ana Mondini
Os veios da madeira transfiguram-se em sangue que escorre pelo corpo humano, na representação escultórica de Cristo crucificado, do artista Zé Natal. Sacrífico e dor são duplicados pela mutilação dos braços. O esmorecimento do corpo observa-se na supressão do pescoço, devido à ligação cubista entre a cabeça e o tronco. Lascas da madeira são retiradas com a goiva para delimitar a forma do corpo, mas confundem-se com pedaços arrancados da carne. Toda a intensidade advinda dos detalhes, no entanto, é quase que totalmente camuflada pelo suave brilho da lisa e polida madeira, assim como, pelos contornos curvos e pontuais, realizados pelas delicadas, porém, fortes mãos do artista.
Em suas esculturas também surgem corpos de mulheres, que, por serem robustos e saudáveis, relembram, facilmente, a misteriosa Vênus de Willendorf. Se retirarmos nosso olhar histórico, que aceita docilmente estátuas sem membros, a ausência de braços, pernas e cabeças pode se revelar como algo provido de significado. Ao mesmo tempo em que o movimento torcido do tronco traz a suavidade de um corpo construído pela ideia de feminilidade, o recorte feito pelo artista permite-nos retornar para a observação acerca do lugar de origem dessas formas, a saber, a pedra de mármore. E, assim, ao mesmo tempo em que as formas sugerem os corpos e seus elementos, como o movimento e o calor, também transparecem os elementos das pedras, como a dureza, textura e frieza. Ou seja, o artista estabelece uma brincadeira para a nossa percepção, que oscila entre coisas de corpos confundindo-se com coisas de pedra.
Enfim, Zé Natal, que foi mestre em ampliar sua visão, diante da ausência de audição, convida-nos a fazer o mesmo, a partir do exercício de real escuta, ou melhor, a partir da não estagnação gerada por impressões pré-determinadas. Pois, através do simples e dos detalhes podemos reavivar nossas sensações imediatas e, posteriormente, nossas percepções, desde que sejamos capazes de retirar as escamas de nossos olhos.
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EDMUNDO CAVALCANTI
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