Yara Delafiori – “Redenção, superação e transcendência”, por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

“A costura em cores de Yara Delafiori”

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A pintura de uma mulher coberta por uma colorida colcha de retalhos vai muito além de um belo retrato, ainda mais quando se trata de repetidas pinturas e com mulheres distintas, como realizou a artista Yara Delafiori em sua série intitulada “Colcha de Retalhos e o Universo Feminino”.

Em cada pintura, uma mulher real e nua, sensualmente coberta apenas por uma colcha, é representada a partir da observação de uma fotografia. Com delicadas pinceladas percorridas ao longo da pele feminina, e suaves nuances tonais, Yara Delafiori confere habilidoso realismo a cada uma das imagens. E as cores vibrantes das colchas de retalhos constituem boa parte da paleta, conferindo às pinturas intensa vivacidade.

A colcha de retalhos, com graciosidade e transparência, expressa outro aspecto relevante das obras, a saber, a poética na qual o espectador será envolvido: cada retalho do manto simboliza uma das experiências de cada uma das mulheres representadas. Experiências tais que ao serem remendadas conferem sentido e harmonia às histórias vividas.

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Yara Delafiori é Artista Plástica.
Yara Delafiori é Artista Plástica.

Os pedaços da colcha de retalhos confundem-se com as emoções, que, por sua vez, fundem-se às cores: a própria colcha de retalhos, composta por inúmeras vivências, ou melhor, por pequenos planos sincrônicos cromáticos remendados, torna-se, portanto, uma belíssima composição! Mais precisamente, a reconsideração da própria história através da transmutação de infinitas emoções, que se encontram entre terríveis dores e maravilhosos júbilos, resulta em íntima ligação entre a arte e a vida!

A forte denúncia da condição da mulher aparece como pano de fundo, que, no entanto, já se encontra amorosamente transformada pelo olhar da artista sobre a existente, ao menos em potencial, força uterina inerente à todas as mulheres.

Em cada pintura, a artista expressa, em uma única cena, toda a história de uma mulher. E, em conjunto, os retratos contam a história de uma multidão de mulheres capazes de reconstruir artisticamente suas vidas.

Enfim, a artista Yara Delafiori contesta o sistema vigente sugerindo, através das histórias de mulheres, um sentido de feminilidade manifesta pela potência criadora e criativa atribuída ao “Universo Feminino”.

Ana Mondini

Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica.

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ENTREVISTA

1- Onde você nasceu? E qual sua formação acadêmica?

Eu nasci na cidade de São Paulo/SP, Brasil.

Sou formada em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas.

2- Como e quando se dá o seu primeiro contato com as Artes?

O meu primeiro encontro com a Arte foi ainda na adolescência.

Foi amor à primeira vista! Ao ver presencialmente uma pequena tela a óleo de paisagem, na casa de uma amiga da minha mãe.

Uma tela pequena, mas de uma pintura impressionante que arrebatou o meu coração e fez com que eu entrasse na tela fazendo-me pertencer àquela paisagem.

3- Como surgiu ou você descobriu este dom?

Surgiu gradualmente. Na minha adolescência.

Uma série de televisão mostrando a paixão dos pintores ao realizar seus trabalhos, uma professora que levava foto de seus quadros para vermos, era uma professora de Arte.

Eu fui descobrindo este dom aos poucos, quando vi várias pinturas em outra casa de uma conhecida e minha mãe me perguntou se eu queria fazer aulas de pintura em tela.

Então minha experiência começou no ano de 1989.

Mas durante a minha infância e pré-adolescência não tive boas experiências com a Arte. Tinha horror em mexer com tinta e ficava apavorada com folhas em branco de caderno de desenho. Um dia meu caderno de Arte pegou fogo em sala de aula. Um trabalho com velas, eu nem me lembro de como terminou este dia.

4- Quais são suas principais influências?

Sempre fui apaixonada pelo movimento Impressionista.

A poética de ver nuances e impressões do mundo real, uma maneira emotiva e romântica de pintar. Os contrastes de luz e sombra, sempre destacando muito a luz! Uma luz brilhante e intensa. Pintor Pierre Auguste Renoir é o que mais me inspirou.

Um pintor simbolista, Gustav Klimt e todo o seu arsenal colorido e suas mulheres, o feminino nas suas obras.

E uma pintora norte-americana, Reisha Permulter, uma artista contemporânea que sigo no instagram. Seus contrastes de luzes e sombras, aliadas as suas pinceladas impressionistas me encantam e suas cores.

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5- Quais os materiais que você utiliza em suas obras?

Uso telas e tintas à óleo, mas já usei diversos tipos de materiais e suportes.

6- Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?

Já passei por vários momentos diferenciados.

Já me inspirei em obras de outros artistas, mas ultimamente me inspiro nas minhas próprias fotografias e algumas vezes em parcerias com fotógrafos.

A minha inspiração vem do meu cotidiano, do mundo real e figurativo, das minhas criações fotográficas como referência para minhas pinturas.

Para mim a criatividade vem como efeito cascata, uma obra interliga-se com outra, de uma maneira bem fluente e leve. Meu processo de criação às vezes surge de um montante de ideias que chegam aos poucos e algumas vezes como insights.

O colorido, luzes e sombras, natureza misturada com o figurativo são estes elementos que me inspiram, aliados a essência do mundo emocional, intrínseco e subjetivo, junto com o simbolismo de cada elemento na obra.

7- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?

Eu comecei no ano de 1996, depois de ter assistido um programa de História da Arte. Um programa da TV Escola, toda a linha do tempo da História da Arte, em formatos de fita cassete. Assisti como estivesse assistindo uma série maravilhosa. Aqueles conteúdos me fascinavam!

Então percebi que o artista é livre para criar! E que eu podia criar o que quisesse desde que colocasse toda a minha emoção.

8- A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na historia da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, seguindo técnicas e movimentos artísticos através do tempo, você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?

Sim. Recebi influências de Pierre Auguste Renoir, Gustav Klimt e Reisha Permulter.

9- O que a arte representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das Artes na sua vida…

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As Artes para mim é sinônimo de redenção, superação e transcendência.

10- Quais as técnicas que você usa para expressar suas ideias, sentimentos e percepção a cerca do mundo? (Se é através da pintura, escultura, desenho, colagem, fotografia… ou usa várias técnicas no sentido de fazer um mix de formas diferentes de arte).

Já fiz mix de técnicas, colagem com diversos materiais, já usei diversos suportes. No momento estou trabalhando com pintura em tela e estudando Artes Digitais.

11- Todo artista tem seu mentor, aquela pessoa a quem você se espelhou que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão, quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?

A minha inspiração veio de influências externas. Tive sim o apoio e incentivo da minha mãe para fazer cursos e de uma amiga. Mas foi uma professora de Arte na escola que me apresentou o mundo das pinturas. Eu vejo como os professores são tão importantes, principalmente em descobrir vocações.

12- Você tem outra atividade além da arte? Você ministra aulas, palestras etc.?

Sou Professora de Arte da rede municipal da cidade onde moro, Chavantes, interior do Estado de São Paulo. Já fiz trabalhos voluntários, ministrando aulas de pintura, em asilo e na própria escola.

13- Suas principais exposições nacionais e internacionais.

  • SESI Ourinhos – Exposição individual. Tema: Colcha de Retalhos e o Universo Feminino. Janeiro de 2020;
  • 37º Paralela 02/2020. OCA Parque Ibirapuera, São Paulo. Exposição Coletiva, por Anjos Art Gallery – Curadoria Maria dos Anjos Oliveira;
  • “Janelas da Alma/Portas do Coração” – Exposição Coletiva Virtual 3D por Anjos Art Gallery. Julho de 2020;
  • “Arte é vida”, por Raphael Art Gallery Virtual. Setembro de 2020;
  • Carroussel Du Louvre” Paris, por Anjos Art Gallery, Outubro de 2019.

14- Seus planos para o futuro?

Continuar pintando e aprendendo cada vez mais, sobre a Arte.

Ter muitos amigos artistas e poder viver da minha Arte, fazendo muitas exposições, viagens, conhecendo pessoas e tendo sempre novos projetos.

Criar projetos com idéias de Arte e filantropia.

A Arte para mim vai muito além de expor, de mostrar talentos, ela é transcendental, tem que ser sublime e estar aliada do bem do próximo.

15- Em sua opinião qual é o futuro da arte brasileira e dos seus artistas? (no contexto geral) e porque tantos artistas estão dando preferência em mostrar seus trabalhos em exposições internacionais apesar dos altos custos?

O mundo da Arte já inventou e se reinventou, tanto a brasileira como as estrangeiras.

Tantos estudos para se entender uma obra e grandes polêmicas sobre o que é Arte ou não.

Eu vejo hoje uma corrente muito grande do hiper – realismo, a necessidade de mostrar o mundo real como o que a fotografia faz, o desafio de se mostrar somente técnica e a fidelidade de uma imagem. Talvez tenha haver com as redes sociais sempre mostrando muitas vezes somente aparências.

Temos hoje também a Arte Híbrida uma mistura de técnicas, a mídia, o mundo digital.

Eu acredito que a criação artística é infinita e dependerá sempre do que a humanidade terá em mãos, para se fazer Arte, desde a cultura, ideologia e materiais.

Os artistas estão dando mais valor creio eu, para as exposições internacionais devido a valorização da Arte fora do País.

Redes Sociais:

Facebook: Yara Delafiori Artista / Yara Delafiori

Instagram: @yaraDelafiori

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com

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