Wladmir Amoroso – “Um modo de vida, um jeito de viver”, por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

“A Luminosidade como expressão da alma de Wladmir Amoroso”

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O artista Wladmir Amoroso percorre por diversas temáticas em suas pinturas: retratos, representações de cenas cotidianas de seu povo ou da cultura brasileira em geral, assim como, representações de fatos ocorrentes no país, indo até à cenas religiosas e também fantásticas. Além de que investiga distintas formas de representação.

Algumas de suas obras podem ser consideradas como pertencentes à classe de Arte Naïf pelo uso das cores vibrantes, mas, principalmente, pelo consciente desprendimento da técnica acadêmica, que nitidamente faz parte do arsenal de habilidades do artista.

Wladmir Amoroso é Artista Plástico.
Wladmir Amoroso é Artista Plástico.

Não é sem grande domínio técnico, portanto, que Wladmir Amoroso, por vezes, solta a mão para realizar traços que definem por si mesmos e com impressionante nitidez todo o movimento das imagens. O artista mostra as cenas mais dançantes, com um movimento mais acelerado e festivo, repletas de linhas curvas e desproporções nas formas, enquanto as pinturas que representam momentos mais lentos ou mesmo parados, possuem linhas retas, acompanhadas da perspectiva linear.

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Do habilidoso realismo ao singelo Naïf, o que chama a atenção em suas pinturas é a brilhante luminosidade presente em cada uma delas. A luminosidade, que varia de cor, sendo, por vezes, amarelada, levemente acinzentada ou puramente branca, apresenta-se com intensidade e deixa qualquer uma das cenas repletas da sensação de aconchego.

Ao observarmos o ponto em comum entre as temáticas de suas pinturas, a saber, tudo o que está interna ou externamente próximo do artista, vem à tona a clássica frase proferida por Leon Tolstói “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.

Essa ideia não se relaciona, no entanto, apenas à sua poética, quando exalta a beleza de seu entorno, mas também ao modo como ele cria suas próprias regras para despertar o sensível em suas pinturas.

Ana Mondini é Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica e Idealizadora da “Galeria Virtual – Filosofia & Arte”.
Ana Mondini é Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica e Idealizadora da “Galeria Virtual – Filosofia & Arte”.

Através da variação da luminosidade torna-se perceptivo o lugar do artista em cada uma das imagens.

Ou seja, Wladmir Amoroso, além de retratar sua “aldeia”, brinca com as emoções das cores, mostrando através da luminosidade algo que é ainda mais próximo, ou seja, a manifestação de sua própria alma, presente, ou melhor, sensivelmente presente em cada uma das cenas por ele retratadas. E, assim, sua representação pode ser compreendida como universal, na medida em que deixa transparecer o que, em essência, nos assemelha, a saber, os nossos variados movimentos anímicos.

Ana Mondini

Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica e Idealizadora da “Galeria Virtual – Filosofia & Arte”.

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Instagram: @anamondiniart / Facebook: @anamondiniart

ENTREVISTA

1- Onde você nasceu? E qual sua formação acadêmica?

Nasci em São Paulo – Capital, sou técnico em eletrônica.

2- Como e quando se dá o seu primeiro contato com as Artes?

Foi uma professora de educação artística, em 1969, que disse que eu tinha talento para o desenho, nas lições eu sempre ia bem, na época tinha uns 13 anos.

3- Como surgiu ou você descobriu este dom?

Aos 7 anos de idade, no primeiro ano do antigo primário, um amigo me desenhou em sala de aula, e me fez um desafio para desenhá-lo, também fiz o retrato dele, claro o do amigo ficou muito melhor ele já tinha um talento nato, o meu nem tanto, depois disso comecei desenhar objetos, figuras das enciclopédias, paisagens, etc.

4- Quais são suas principais influências?

Os pintores que me influenciaram, sempre foram os que tinham o estilo acadêmico, realista, porém de alguns anos para cá tenho pintado estilo Naif, porém dentro do Naif, gosto de uma pintura mais elaborada, com mais estética, proporções corretas. Não me identifico com o Naif puro ou primitivo.

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5- Quais os materiais que você utiliza em suas obras?

Tinta a óleo, e acrílica.

6- Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?

Gosto de temas sociais, e também temas religiosos, místicos.

7- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?

Foi por volta de 1970.

8- A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na historia da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, seguindo técnicas e movimentos artísticos através do tempo, você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?

Henry Rousseau, Michelangelo, e atualmente tenho muita influência do pintor espanhol Julio Puentes, pintor de retratos, realismo.

9- O que a arte representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das Artes na sua vida…

Um modo de vida, um jeito de viver, acho que arte é como algo que muda inclusive o jeito que encaramos a nossa existência, se fosse resumir bem simples, é o mesmo sentimento de que quando nos vestimos com a roupa que gostaríamos que os outros nos vissem.

10- Quais as técnicas que você usa para expressar suas ideias, sentimentos e percepção a cerca do mundo? (Se é através da pintura, escultura, desenho, colagem, fotografia… ou usa várias técnicas no sentido de fazer um mix de formas diferentes de arte).

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Me expresso através da pintura e escultura.

11- Todo artista tem seu mentor, aquela pessoa a quem você se espelhou que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão, quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?

A primeira foi minha professora de educação artística Prof. Kosemina, depois foi o pintor Prof. Rios (impressionismo) de Santo André/SP, e a pintora de São Caetano do Sul/SP, Antonieta Mourão (acadêmico), com os quais fui aluno, durante algum tempo.

12- Você tem outra atividade além da arte? Você ministra aulas, palestras etc.?

Sim, sou formado em técnico em eletrônica, e tenho uma pequena gráfica rápida.

13- Suas principais exposições nacionais e internacionais e suas premiações.

Exposições:

  • Bienal Internacional Naif – Totem Cor-Ação em 2019 – Socorro/SP;
  • Exposição Crio exponho existo – Campos de Jordão/SP em 2019;
  • Exposição Virtual coletiva – Arte é vida – Raphael Art Gallery/SP em 2019;
  • Exposição Projeto Benzedeiras – Museu de Socorro Marinilda Boulay em 2020;
  • Exposição Folia de Reis – Museu de Socorro/SP – Rosangela Politano em 2020.

Premiações:

  • Rio Claro/SP – 2017 – Menção Honrosa – Obra-Tailandesas – Estilo – Acadêmico;
  • Socorro/SP – 2017 – Primeira Bienal Internacional Naif – Totem Cor-Ação, Menção Especial.

14- Seus planos para o futuro?

Gostaria muito que meu estilo de pintura fosse observado com mais atenção, que eu conseguisse passar através da minha arte uma mensagem, acho que a arte e o artista enxerga muito antes da sociedade tecnológica, coisas que estão por vir mudanças sociais, as novas gerações estão perdendo a sensibilidade, e cabe a nós artistas devolvermos isto a eles, que em minha opinião vem cada vez mais se diluindo em um mundo digital, hoje tudo é muito sintético e frio, o homem tem que voltar a ser analógico talvez essa minha visão tem a ver pela minha formação em tecnologia, por eu ter vivido o lado das artes e tecnologia simultaneamente durante 51 anos.

15- Em sua opinião qual é o futuro da arte brasileira e dos seus artistas? (no contexto geral) e porque tantos artistas estão dando preferência em mostrar seus trabalhos em exposições internacionais apesar dos altos custos?

Vejo a arte brasileira e seus artistas com um futuro muito promissor, a sociedade atual está cansada de tanta tecnologia, as coisas artesanais num futuro próximo voltarão a ser valorizadas, em todos os sentidos, gastronomia, entretenimento, turismo, em tudo isso a arte caminha junto. Muitos pais estão preocupados com seus filhos colados a telas de celulares, e estão percebendo que seus filhos estão mudando comportamentos, atitudes, hoje muitos jovens ansiosos, depressivos, estão perdendo raciocínio, perdendo o modo de saber se comunicar, saber entender o interlocutor, e o caminho mais curto para isso e a solução é a arte no seu geral.

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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