Vila Cultural Cora Coralina recebe exposição “Tempos Líquidos”, dos cariocas Wladimyr Jung e Elmo Martins

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Os artistas cariocas Wladimyr Jung e Elmo Martins desembarcaram no centro-oeste do país para expor na Vila Cultural Cora Coralina (ao lado do teatro Goiânia). A coletiva “Tempos Líquidos” tem entrada franca e classificação indicativa livre. A visitação acontece até 30 de novembro, de terça a domingo, de 12h às 17h. A curadoria é de Paulo Branquinho.

De acordo com a mestre em artes, curadora, diretora e produtora cinematográfica Sônia Garcez, as obras de “Tempos Líquidos” entrelaçam os diferentes aspectos da vida que se esvai.

“O exercício padronizado das relações de consumo se traduzem em poéticas que salientam as relações enquanto mercadoria. Consumimos mercadorias-signos. A volatilidade e a temporalidade ultrapassam o tempo necessário e o que realmente importa é a satisfação pelo novo. Estamos imersos em movimentos cíclicos de rasuras temporais que nos desprendem de nós mesmos. Esse itinerário sinuoso da sociedade e os frágeis laços que a sustentam são algumas das elaborações apresentadas nessa exposição”, explica.

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Elmo Martins

Elmo Martins busca conceitualmente, em sua forma de expressão, abordar questões intrinsecamente relacionadas ao imaginário popular e à vida cotidiana. Em suas obras, política e questionadora, trabalha a dualidade das relações. Retalha a vida – gestos, pessoas, espaço e tempo – carregando-a de validades simbólicas e buscando uma narrativa de comunhão de elementos sociais distintos. Ao incidir o olhar nessa direção descreve e interpreta, à luz de diferentes proposições simbólicas, narrativas e estéticas, a união de múltiplos interesses às contraposições da sociedade.

Tecnicamente interessa-lhe a estética do palimpsesto, do desgastado, bem como, o uso de materiais não convencionais e a combinação de materiais distintos, dissonantes, restos de descartes da vida ordinária, cobertos de possibilidades construtivas.

São como os trabalhos das rendeiras, nó a nó vai sendo, delicadamente, criado a cena, é um bordado de pérolas, miçangas e todos os adornos que pudermos imaginar, tudo numa só hora, tudo num só tempo, tudo num só lugar…Elmo Martins com materiais simples, cuidadosamente, arquitetado, planejado e executado, nos leva para um mundo de imagens ludicamente barrocas, tão sublimes, tão divinais, que até os anjos resolvem ali morar!\”

Wladimyr Jung

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Wladimyr Jung é um artista inquieto que se reinventa e pensa o mundo para além do real. Uma imersão na vida, na arte e as mudanças não lhe passam despercebidas. A solidez de valores consagrados, se diluem, e não nos reconhecemos. Nada se sustenta. Novas identidades emergem em frequentes movimentos e evoluções como um líquido que escorre continuamente e muda de forma conforme o recipiente, conduz as pessoas à superficialidade e à falta de compromisso. Vivemos numa sociedade líquida-moderna, tão bem caracterizada e criticada por Zygmunt Bauman.

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Jung explora temas sobre o abandono, o consumismo, as relações descartáveis, a banalização afetiva, o descaso humano, as identidades, o belo, o efêmero. A hipermodernidade impulsiona a busca desenfreada pelo novo que parece estar acima do valor permanente. Sua matéria prima são bonecas e bonecos descartados pela sociedade do consumo, transformando-o numa espécie de arqueólogo que exuma a “condição humana”, por meio de um insólito e riquíssimo acervo. O contundente caráter material e simbólico desses objetos pode ter um lado assustador, porém têm um potencial estético e metafórico, muito forte. É com esse sentido que o artista, atualmente, transita por um conceito mais surrealista. Uma estética que encarna o espírito do nosso tempo, em que as pessoas são transformadas em mercadorias expostas nas prateleiras do mundo virtual.

O conjunto de obras que compõem a exposição “Tempos Líquidos” trazem impacto, densidade e desestabilizam o equilíbrio perfeito entre o desejo e repulsa. A justaposição de diferentes elementos – pés de abajur antigos para sustentar cabeças de bonecas – resulta em novas peças, únicas e curiosas. A matéria que se transforma, para se converter em esculturas instigantes. Corpos disformes em potes de conserva suspensos por suportes que formam uma parede/vitrine, integram sua narrativa poética. A mutação dos supostos seres. A passagem do tempo modela o material – vidros, espaços vazios, espaços cheios, luzes e transparências. A matéria trabalha a direção da percepção. Mais que questionar sobre as bonecas que já não desempenham seu papel, que são refutadas, substituídas, desprezadas, o artista nos induz à uma atitude auto reflexiva. Qual o nosso papel social e como lidamos com esse estado de impermanência?

Jung se revela na capacidade de perscrutar significados e reforçar a importância da vida, dos afetos, das relações sociais e com o meio ambiente. Para ele, o universo da infância roubada, as interdições imemoriais, o descaso dos adultos se fundem em contextos excludentes, desprovidos de sentidos. Resta-nos o peso da corresponsabilidade, pensar valores e atribuir sentido às coisas, na ausência deste. (GARCEZ, Sonia – Mestre em Artes, Curadora, Diretora e Produtora cinematográfica).

Exposição “Tempos Líquidos”, de Elmo Martins e Wladimyr Jung.

Abertura: 25 de outubro, às 19h.
Visitação: de 26 de outubro a 30 de novembro, de terça a domingo, de 12h às 17h.
Entrada franca.
Classificação indicativa: livre

Local: Vila Cultural Cora Coralina – Sala Sebastião Augusto Barbosa Filho – Avenida Tocantins com Rua 03, Centro, Goiânia – GO. Ao lado do teatro Goiânia.

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