Conhecido como um dos mais poéticos artistas plásticos do país, Hilal usa o alfabeto como elemento gráfico de sua obra, criando módulos afetivos que guardam todos os segredos. Daí o nome da exposição solo, que a OÁ Galeria exibirá em seu estande na primeira edição da feira promovida pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea, de 1º. a 5 deste mês no Pavilhão Pacaembu, São Paulo. Com organização de Thais Hilal, a mostra apresenta 31 trabalhos do artista
Entre desenhos, gravuras, matrizes, monotipias e impressões inesperadas, o artista cria texturas e cores que evidenciam as influências do Oriente e do Ocidente contidas em seu DNA. Mergulhado nos saberes dessas duas culturas, transita entre a tradição moderna ocidental e a antiga arte islâmica.
Suas “rendas” são exemplo dessa simbiose. Confeccionadas com papel criado por ele a partir da celulose retirada de trapos de algodão de roupas velhas de amigos e familiares, pigmentos, resina e pó de ferro e de alumínio, abrigam os múltiplos sentimentos afetivos do artista.
Em folhas de metal ele desenha letras, números e nomes de pessoas. As folhas podem ser páginas reunidas em livros ou superfícies enroladas em círculos, onde as lembranças contidas em sua arte se sobrepõem e destacam os espaços vazios, outro aspecto marcante em sua obra, que tem relação com o falecimento de seu pai quando tinha apenas 12 anos.
“Cada técnica e material descobertos, com suas variantes e possibilidades, são passos em direção ao inesperado e à invenção. As experiências que ocorrem durante a produção são as guias para o desenvolvimento e conhecimento do processo. São esses os grandes momentos”, revela o artista, ao afirmar que “o tempo torna-se o que mais importa na formação de um discurso poético. O acúmulo de conteúdos que este tempo/espaço elabora com o fazer diário e contínuo, evidencia questões que passam a traduzir a poética do trabalho”.
Todos os Segredos
Para esta mostra foram selecionados trabalhos que evidenciam a palavra, o signo, o não dito. O alfabeto é posto como elemento gráfico e estrutural. Entre as obras que serão exibidas, destacam-se os livros de cobre/corrosão, como “Livro esférico” (2022), folhas de metal com letras e nomes enroladas compondo vários mundos em um só, onde todos os encontros se reúnem e condensam. A série de monotipias sobre crepe e cobre/corrosão com papel feito à mão (2018-2022) também estabelecem um diálogo entre o imaginário e o simbólico, características que perpassam toda a obra do artista.
Hilal Sami Hilal – Vitória/ES
Capixaba, nasceu em julho de 1952, filho de imigrantes sírios, graduou-se em Artes pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Viajou para o Japão em 1981 e 1988 para pesquisar papel feito à mão. Foi professor na UFES de 1977 a 1996, onde criou a oficina de papel artesanal. Em 1997 desligou-se do ensino para se dedicar exclusivamente às artes plásticas. A partir desta decisão intensificou a apresentação da sua produção no Brasil e no Exterior. Em 2020 passa a produzir obras em chapas de cobre utilizando a corrosão e a oxidação. O gesto, a fragilidade, o deslocamento e a materialidade são elementos expressivos que se apresentam na sua produção, criando fusões entre oriente e ocidente.
OÁ Galeria
A OÁ Galeria (Vitória, ES) nasceu em abril de 2007 motivada pelo desejo de valorizar e promover um olhar sensível por meio da arte contemporânea, a partir de diferentes linguagens e suportes. Sua atuação acompanha o desenvolvimento tanto de artistas iniciantes quanto dos que já possuem carreira consolidada, e se estende para propostas como residências artísticas, exposições temporárias, ações colaborativas e clubes do colecionador.
Neste ano a OÁ completa 15 anos de atuação, tendo à frente sua fundadora Thais Hilal. Reconhecida por importantes participações nas principais feiras de arte do país, como ArtRio e SPArte, a OÁ foi a única galeria do Espírito Santo convidada para a ArPa. Em nova sede desde 2020, atualmente representa 25 artistas e trabalha com curadores e artistas de forma independente. Seu novo espaço, com pé direito privilegiado, é propício a instalações e intervenções dos mais variados tipos. Dentre os projetos realizados, destacam-se suas exposições, como Fagulha Perdida em Meio ao Fogo (2021), Observar Territórios (2022), e o programa de residências Entre Nós, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do ES e o Mosteiro Zen Morro da Vargem.
ArPa
Terceira Feira de Arte realizada este ano em São Paulo, a ArPa faz sua estreia de 1º a 5 desse mês no Pavilhão Pacaembu, na capital paulista, com a participação de 40 das mais prestigiadas galerias do país. Segundo os organizadores o objetivo do evento é expandir a arte nacional, agregar colecionadores de todas as regiões, gerar novas oportunidades para os galeristas e possibilitar conexões com o cenário internacional de arte.
Num espaço de 4 mil m2, a Feira contará com estandes destinados a jovens galerias, mas também aos artistas já consolidados no circuito das artes. A previsão é que o valor inicial para a comercialização de obras na ArPa seja a partir de 5 mil reais.
SERVIÇO
Hilal Sami Hilal – Todos os Segredos
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Oá Galeria – Stand A07
ArPa – Associação Brasileira de Arte Contemporânea
1º a 5 de junho de 2022
Pavilhão Pacaembu, no Complexo Pacaembu – Praças Charles Miller, s/n
Classificação Livre
Horário: Quarta-feira a sábado, das 13h às 20h30; Domingo, das 11h às 18h