“Seis coisas que você precisa saber para entender o mercado da arte no Brasil” por Gustavo Perino

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Você sabia que um 40% das peças do mercado podem ser falsas ou mal atribuídas? Quem que coloca o preço nas obras de arte e quem cuida do patrimônio artístico no Brasil? Saiba diferenciar o trabalho de um perito, de um marchand e de um restaurador. Tudo, no seguinte artigo.

Vendida por quase 1,5 bilhão de reais e atribuída a Leonardo da Vinci, Salvator Mundi se converteu na tela mais cara já vendida na história. A Christie´s a leiloou em novembro de 2017. Porém, ainda existem muitas controvérsias e dúvidas se foi realmente uma das 20 (sim, apenas 20!) telas que Da Vinci pintou ao longo de sua vida.

Notícias como estas acontecem regularmente no chamado mundo das artes. Nem sempre com valores tão altos mas não por isso menos importantes. Dito isto, é momento de conhecer um pouco melhor este mundo e tirar algumas dúvidas que ajudam a entender melhor esse mercado.

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Gustavo Perino, argentino de nascimento e brasileiro por escolha é perito e avaliador de obras de arte, especializado em pintura e educação e é quem responde algumas das dúvidas sobre as artes no Brasil e o mundo.

Por que as obras de arte têm esse preço e quem é o encarregado de atribuir esse valor econômico?

As peças de arte tem o valor intrínseco e o valor do mercado. O primeiro é o valor primário, dos materiais, técnica utilizada etc. O segundo é o preço determinado pelo mercado. Nos artistas novos este preço vai se acrescentando a medida que são procurados pelos colecionadores e galerias, onde seus prêmios e reconhecimento de críticos influenciam notavelmente no seu valor. Nos artistas clássicos ou de mercado secundário o valor é estabelecido pela lei de procura e demanda. O preço é pelo artista e não pela obra, a briga entre colecionadores milionários faz com que obras como Salvatore Mundi atinja valores astronômicos, por exemplo. O perito de arte utiliza métodos estatísticos para determinar o preço “justo” das obras de arte baseado no histórico de vendas e utilizando médias matemáticas.

O que é uma perícia em arte e para que serve?

Uma perícia é uma pesquisa interdisciplinar que é coordenada pelo perito de arte. A pesquisa tem como objetivo determinar autoria, data ou antiguidade de uma peça de arte. É feita por meio de estudos técnicos científicos com testes de laboratório e um profundo estudo da história da arte, assim é realizada pelo método comparativo. A perícia serve para outorgar um estado definitivo sobre a autoria da obra e os resultados podem ser: Autêntica, Atribuída, Falsa, Cópia, Reprodução, Plágio, Réplica, etc. Todas estas categorias tem um impacto muito grande no valor do mercado e também sobre sua categoria patrimonial.

Que porcentagem de obras falsas se considera que existe no mercado das artes?

Estima-se que o 40% das peças do mercado podem ser falsas ou mal atribuídas. As estatísticas sobre o mercado de arte são escassas e tem este problema devido ao fato de que 7 em cada 10 peças serem vendidas ou compradas entre particulares, fora de qualquer registro e estudo.

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Qual é a diferença entre um perito e um marchand?

O marchand é uma figura comercial, responsável pela divulgação e valorização do artista e sua obra. O perito é um pesquisador que não tem envolvimento comercial com o artista ou com as peças que são vendidas. O perito profissional de arte mantem a terceira posição dentro do mercado. São atividades muito diferentes.

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Qual é a diferença entre um perito e um restaurador?

O restaurador é a pessoa que tem os conhecimentos técnicos suficientes para manipular a peça de arte, consertá-la, protegê-la e restaurá-la. O restaurador não tem a incumbência de constatar a originalidade da peça, é uma peça fundamental dentro da pesquisa profissional mas é o perito quem determina as provas a considerar e os testes a fazer. O restaurador acompanha com seus conhecimentos e ajuda ao perito a encontrar os elementos de prova para finalizar a pesquisa com êxito. Essencialmente são profissões diferentes.

Existem no Brasil equipes ou pessoas focadas na avaliação de obras de arte, seja no setor público ou no particular?

Sim, existem muitos profissionais que são especializados ou trabalham na perícia de arte. Usualmente é um problema no setor público já que faltam muitos profissionais que ajudem às equipes dos museus e instituições a determinar autoria e data das peças presentes nas coleções.

Nós, na Givoa Consulting trabalhamos multidisciplinarmente, mas não existem muitas empresas em pesquisa profissional de arte que trabalhe desse jeito.

É importante esclarecer que estudos isolados de laboratório ou pessoas idôneas não representam uma perícia de arte. Uma peça pode ser antiga, feita com os mesmos materiais de um artista famoso mas não ser dele.

Atualmente Gustavo Perino tem uma grande tarefa pela frente: a organização e liderança do Congresso Internacional de Peritagem de Arte, ICAE (sigla em inglês). O evento, organizado pela Givoa Consulting, acontecerá no Rio de Janeiro em 24 de março de 2018.

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