“Que tal um upgrade?” por Giovani de Arruda Campos

Giovani de Arruda Campos é Docente, Escritor, Palestrante e Consultor.
Giovani de Arruda Campos é Docente, Escritor, Palestrante e Consultor.
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Vivemos um momento paradigmático na sociedade e nas organizações. A era digital vive seus primeiros dias, porém, em um pouco mais de 20 anos de existência, grandes inovações permitiram maior acessibilidade a informação, a produtos e serviços. Empresas como Google, Facebook, Uber, Mercado Livre, Amazon, Apple, Microsoft, unem buscadores, redes sociais, aplicativos, troca de mercadorias, venda de produtos a partir de dispositivos fixos e móveis de comunicação na web, revolucionando praticamente todos os negócios do planeta, sobretudo, a forma de pensar os negócios. Já faz um tempo que temos que começar a pensar fora da casinha. Ficar na zona de conforto, cada vez mais desconfortável, é nadar contra a corrente.

Os dropshipping, talvez num futuro próximo sejam responsáveis pelo fim dos shoppings centers, pois, esses sites de e-commerce, estão cada vez mais presentes no cotidiano de milhares de clientes que já perceberam que os produtos vendidos online (obviamente é preciso saber filtrar sites que não são confiáveis) são os mesmos vendidos nas lojas físicas, porém, com a vantagem de ser em alguns casos 300 vezes mais baratos.

O caso da Netshoes é emblemático. Quem nunca ouviu falar? Uma das empresas pioneiras a vender calçados pela internet que negocia milhares de dólares diariamente, atendendo as demandas crescentes em plena crise financeira. Não dá para ignorar algo assim. Como não dá para ignorar a geração Millennials – nascidos entre 1980 a 2000, que possuem grande capacidade de empreender novos negócios e conviver nessas mudanças mercadológicas, e por isso, são os maiores consumidores de produtos via web. Para esses jovens e adultos, a geladeira vendida no varejo físico é a mesma vendida no varejo virtual, e sabem de uma coisa? Eles têm razão. Qual é diferença? Nenhuma do ponto de vista da qualidade do produto, a diferença está no preço. Muitas vezes mais barato, logo, porque compraria mesma coisa mais caro? Só se gosta de queimar dinheiro. E existe uma explicação lógica para esses descontos, isto é, a eliminação de intermediários e custos com PDV.

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Já faz um tempo que investir em negócios virtuais não é mais uma tendência e sim uma questão de sobrevivência. Sobretudo nos chamados bens de consumo, isto é, negociações B2C, onde o consumidor já conhece a marca e já fez outras compras dessa forma. Pesquisas mostram que compras online crescem cerca de 20% ao ano, e a tendência é só aumentar a medida que a população começa aderir e perder o medo de realizar transações financeiras desse tipo.

Seria este o fim das equipes de vendas? Dos líderes das equipes? Não, apenas há uma mudança em curso, onde os líderes das equipes de vendas voltam-se para liderar mercados mais amplos e mix de produtos cada vez maiores. Os critérios de avaliação da equipe também são outros, não mais impulsionados apenas a manter metas, mas sim, avaliar um colaborador digital que possua capacidade de gerenciar canais de vendas e consumidores finais ao mesmo tempo, otimizando equipes e gerando maior demanda de vendas, mas também, de pós-vendas, pois, hoje é possível acompanhar o pedido via sistema, e o líder daquele empreendimento deve agora se atentar a todas as fases do processo, não apenas coordenar ações de vendas, mas sim coordenar todo o processo desencadeado desde a atração dos clientes, através de estratégias de marketing digital, assim como, a negociação com fornecedores, a precificação e formas de pagamento, até distribuição e logística do produto, finalizando com um sistema de classificação de serviços que é realizado através de uma avaliação realizada online pelos próprios consumidores.

Reconhecer que o líder do Século XXI precisa de upgrade de e-commerce, mas, sobretudo, não ignorar essa tendência, pois logo se tornará um hábito dos consumidores é mais do que necessário, é urgente. E digo a vocês caros leitores, o que escrevo já é ultrapassado para, pois isso já foi previsto e está acontecendo em diversos negócios espalhados no mundo, e não tem volta. Compreender esse novo espírito empreendedor, de comercialização de produtos, de comunicação não é uma apologia a web, mas sim, o reconhecimento do que já é fato na vida de milhares de consumidores.

Ressalta-se ainda, que essa nova receita de marketing, não é definida pelos analistas, pensadores, ou especialistas em marketing, mas sim, pelo próprio mercado que, aliás, sempre foi o grande motor do desenvolvimento de teorias e práticas de marketing. Isso não é novidade, como podemos notar no celebre texto de Theodore Levitt, Miopia em Marketing, escrito na década de 1960, onde o teórico observa que,

Todo grande setor foi um dia um setor em crescimento. Mas alguns dos que hoje ainda sentem um certo entusiasmo de crescimento estão à sombra do declínio. Outros, tidos como setores de crescimento comprovado, na verdade já pararam de crescer. Em todo caso, a razão pela qual o crescimento é ameaçado, desacelerado ou interrompido não é que o mercado ficou saturado. É que houve falha na administração. (LEVITT, 1960)

Da mesma forma devemos perceber que as mudanças que estão acontecendo agora foram reveladas anos atrás, mas não a enxergamos, ou porque estávamos ocupados demais pensando em manter nossos ganhos que em vários negócios vêm diminuindo sensivelmente, ou pior, por falta de visão das mudanças que estavam acontecendo no mercado. É possível reverter o caso. Sim, claro que sim. Porém, primeiro é preciso aceitar que o mundo que vivemos 20 anos atrás não é o mesmo de agora e se distancia cada vez mais dos modelos de negócios que um dia foram sucesso garantido. Creio que é preciso aceitar o futuro no presente, para começar uma mudança agora que irá refletir em negócios mais alinhados ao comportamento de compras dos consumidores que surgem hoje, mas que serão a maioria amanhã.

Se reinventar é difícil, é preciso desconstruir padrões mentais, pode levar um tempo, mas logo se identificará com o mercado e suas oportunidades. Porém, deixar de lado mudanças tão profundas, é esperar sentado o fim de seus dias. (Do próprio Autor)

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GIOVANI DE ARRUDA CAMPOS
Sorocaba – Brasil
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