Você também pode ouvir esse artigo na voz da própria Artista Plástica Rosângela Vig:
Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa e, contudo sentir-se em casa onde quer que se encontre ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto ao mundo, eis alguns dos pequenos prazeres desses espíritos independentes, apaixonados, imparciais, que a linguagem não pode definir senão toscamente. O observador é um príncipe que frui por toda parte do fato de estar incógnito. (BAUDELAIRE, 2007, p.21)
Charles Baudelaire (1821-1867) foi crítico da Arte francesa do século XIX, precursor do simbolismo e fundador da tradição moderna em poesia. O teórico era poeta boêmio e sua poesia foi o resultado de um espírito sensível sobre a metrópole. Sua poesia é repleta de elementos do cotidiano sem a subjetividade exagerada, pela qual o escritor tinha aversão. Para ele, o artista é como um flâneur, um observador do mundo. É aquele que passeia pela multidão, que observa o burburinho das ruas e o arrastar dos passos. De percepção aguçada, ele sente a vida pulsando em seu frenesi. Em meio à turba, o artista é apenas um desconhecido solitário, mas seu olhar é intenso, enfeitiçado. Como um caminhante incógnito, tem a energia de uma criança deslumbrada, degusta as imagens, desfruta os momentos no aglomerado.
E nada poderia ter sido mais atraente a esse explorador do que o elegante cenário da capital francesa, entre o final do século XIX e o início do século XX. Desse contexto, fez parte a Exposição Universal de 1889, em Paris, uma homenagem ao centenário da Revolução Francesa. O evento contou com a inauguração da Torre Eiffel, a 31 de março do mesmo ano. Também fizeram parte da exposição mostras do Extremo Oriente, do Oriente Médio, do Norte da África, da África Central e da Polinésia. Foram apresentados templos, mesquitas, casas chinesas e danças javanesas. Projetada por Gustave Eiffel (1832-1923), a Torre Eiffel, ao centro do evento, fazia parte do setor dedicado a Paris.
Durante o período da Exposição Universal, entre 6 maio a 31 de outubro, estiveram presentes em torno de 50 milhões de visitantes, entre os quais, várias celebridades da época como escritores; os inventores Nikola Tesla (1856-1943) e Thomas Edison (1847-1931); o príncipe de Gales com sua esposa; e artistas como Edvard Munch (1863-1944), Paul Gauguin (1848-1903), Vincent Van Gogh (1853-1890), Rosa Bonheur (1822-1899) e James McNeill Whistler (1834-1903).
Os anos finais do século XIX ficaram marcados por uma Cultura cosmopolita. A Belle Èpoque, como o período foi chamado, caracterizou-se pelo florescimento da beleza da Arte, da Música e do Teatro. Na capital francesa, os ricos desfrutavam da vida cultural, dos restaurantes, das viagens e da moda, embora esses prazeres não fossem acessíveis a todos e o luxo, muitas vezes, era visto como decadente.
A agitada capital da França do final do século XIX abria o famoso cabaré Moulin Rouge em 1889, ano em que também foi lançada a revista La Revue Blanche, sobre Arte, Literatura e política, que estimulou a Arte de vanguarda. E a França ainda se tornava a pioneira na produção de automóveis, fabricando 30 mil carros, mais da metade da produção mundial, em 1903.
Em sua efervescência, a Paris da época era pura inspiração para o explorador solitário e apaixonado de que nos fala Baudelaire. Ao talento não seria difícil transformar em Arte, tantas imagens da vida em ebulição. Mas diferentemente do que ocorreu em outros períodos, os artistas do Pós Impressionismo não seguiram um único modelo estético. Tendo o legado dos impressionistas como ponto de partida, a Arte agora se ramificava. Foram exploradas cenas do cotidiano; passaram a ser investigadas novas técnicas; a cor passou a ser utilizada com mais ênfase; houve uma emancipação da forma; mas os artistas exploraram, sobretudo, a liberdade. O resultado foi um movimento vanguardista que iniciou em 1885 e permaneceu até 1907, com o surgimento do Cubismo.
Arquitetura
Quanto mais uma Arte é abstrata e ideal, melhor nos revela o caráter de sua época. Se quisermos compreender uma nação pela sua Arte, estudemos sua Arquitetura e sua Música. (WILDE, 1994, p.55)
As últimas décadas do século XIX deixaram para trás o revivalismo e o ecletismo, as grandes marcas da estética Romântica, na Arquitetura. Embora não se tenha evidenciado o Pós Impressionismo como um estilo arquitetônico, foi percebido um resgate à praticidade, à funcionalidade e à simplicidade.
O uso do ferro nas estruturas das construções foi uma particularidade da época, em decorrência da industrialização que ocorria na Europa. Muitas famílias migravam para os grandes centros industriais, a procura de emprego, levando esses lugares a um grande crescimento. Como havia a necessidade de se abrigar essas pessoas, a solução rápida seria a construção de prédios. Com isso, os terrenos passaram a ter um alto valor, o que de certa forma, acabava por incentivar a verticalização da moradia. O uso do ferro na estrutura possibilitou a edificação de prédios maiores, mais robustos e ousados, com vãos mais espaçosos e de maior rapidez na execução. Soma-se a isso o fato do ferro ser mais resistente ao fogo. E o material ainda foi utilizado na construção de pontes, ferrovias, indústrias e estações. Mas o ferro também podia ser moldado, o que possibilitou o uso desse material como elemento decorativo, na Arquitetura, dando origem à Art Nouveau, que merece um capítulo à parte.
Construída entre 1838 e 1850, em Paris, a Biblioteca Sainte Geneviéve, do arquiteto e engenheiro francês Henri Labrouste (1801-1875), foi o primeiro edifício a utilizar o ferro na estrutura e como elemento decorativo. Em Londres, o Palácio de Cristal, de Joseph Paxton (1803-1865), edificado entre 1850 e 1851, recebeu ferro fundido e vidro em sua estrutura.
A Torre Eiffel (Figuras 1, 2 e 3), construção mais alta da cidade francesa, foi erguida entre 1887 e 1889, em estilo Nouveau e se tornou não somente o símbolo da França, mas também um ícone da Arquitetura moderna, com sua estrutura em treliça, ornamentada com ferro aparente. Durante muitos anos foi considerada a construção mais alta do mundo. Em seu interior há restaurantes, lojas, cinema e ainda é possível ao visitante, desfrutar das vistas panorâmicas da cidade de Paris, ou ainda conhecer o apartamento particular de Gustave Eiffel, localizado no topo da construção.
Escultura
Nenhum grande artista vê as coisas como elas são realmente. E se isso lhe acontecesse, não seria mais um artista. (WILDE, 1994, p.55)
Para Oscar Wilde (1854-1900), escritor e poeta irlandês, a Arte é uma interpretação da vida, não é a vida em si; é o fruto do olhar apurado do artista e de suas impressões. Talvez seja esse o maior atributo do Belo de cada época. E a grande propensão estética do período em questão ficou por conta dessa leitura do artífice, sobre a vida em frenesi. A liberdade estética ampliou esse olhar e deixou que a Escultura fluísse um afinado equilíbrio com o ambiente, a grande tendência do período.
Aristide Maillol 1 (1861-1944) foi o grande destaque nesse campo. Sua preocupação com a forma foi fruto da admiração pela Escultura grega. Influenciado a princípio, pelo Impressionista Rodin (1840-1917), o artista depois, seguiu seu próprio rumo. Fica clara também a inspiração do escultor, em seus contemporâneos Paul Gauguin (1848-1903) e Maurice Denis (1870-1943). Maillol chegou a transitar pela Pintura, passou pela tapeçaria e pela gravura em madeira, mas aos 40 anos dedicou-se totalmente à Escultura. Ambroise Vollard (1866-1939), conhecido marchand da época, foi o responsável pela primeira mostra do escultor, em 1902.
Sem a carga emocional do Impressionismo, as figuras femininas nuas de Maillol são arredondadas, estáveis, com base em modelos vivos; estão ora solitárias, ora em grupos, interagindo, de forma natural. A preocupação do escultor com a forma e com a simetria fica nítida na obra Noite, em exibição no Metropolitan Museum, em Nova York. Na imagem, feita em bronze, percebe-se a busca acentuada pelo figurativo, resquício da Antiguidade clássica. A escultura pode lembrar uma das pinturas femininas de Gauguin, dada a espontaneidade de sua posição. Sentada, com o rosto escondido entre os braços, sobre as pernas dobradas, a mulher se apresenta de forma natural, despretensiosa. Há equilíbrio em suas emoções, uma vez que o escultor fazia questão de um distanciamento do psicológico. A esposa de Maillol foi modelo para essa e para várias de suas obras.
Pintura
Toda criação artística é absolutamente subjetiva. (…) Creio mesmo que, quanto mais uma criação nos parece objetiva, tanto mais ela é na realidade, subjetiva. (WILDE, 1994, p.147)
Essa subjetividade de que nos fala Wilde, está relacionada à forma como o artista vê as coisas que o cercam, seu entusiasmo e suas emoções. Flui pela obra sua interpretação particular de mundo e seu encantamento pela natureza. Para Wilde, uma vez que é subjetiva, a Arte é descomprometida da verdade, distancia-se, pois dela, uma vez que o artista assimila as coisas e atribui a elas seus valores e suas impressões.
Tal raciocínio não deixa de ter uma ligação com o pensamento de Platão 2, sobre o mundo das idéias. Para o filósofo da Antiguidade, existe uma realidade permanente, para cada pessoa; existe uma forma diferente de se compreender as coisas, para cada um. No campo da Arte, ainda que uma obra tenha relação com os códigos da realidade, ela será mera imitação da idéia original do artífice ou da realidade em si. Nela estão impressos o entendimento e a linguagem daquele que a criou.
Tais considerações refletem bem o espírito da Pintura do período. A rejeição ao figurativo, inaugurada com o Impressionismo, estendeu-se por aqui e foi ampliada para formas que começavam a se distanciar da realidade. A incumbência do pintor seria interpretar o mundo, deixar que suas emoções fluíssem de forma livre e descomprometida. E o gênio criador dispunha de vasto campo de estímulos, trazido pela efervescência parisiense e pela diversidade de Culturas da Exposição Universal. Os traços impressionistas se tornaram mais largos, ampliaram na forma, na cor e na luz. A Arte passava por uma grande transformação, que culminaria na estética conduzida ao longo do século XX.
O que se viu no período foi um grupo heterogêneo, de diversificados estilos. Aos artistas, era comum a relevância do lado emocional; a despreocupação com a forma; a aplicação da luz às cenas do cotidiano; o uso da técnica do Fauvismo, ou seja, a intensificação da cor.
E foi no quesito cor que se destacou Paul Gauguin (1848-1903). O artista nasceu na França, mas passou sua infância no Peru, país de origem de sua mãe. Chegou a viver na Dinamarca, mas voltou para a França, onde conheceu o impressionista Camille Pissarro, que muito influenciou sua Arte. Chegou a participar de exposições em 1876, mas somente em 1885, passou a se dedicar totalmente à Pintura. A partir de 1891, até sua morte, Gauguin viveu na Polinésia Francesa (Taiti e Ilhas Marquesas).
Em sua obra há um misto de exotismo, de poesia e de cores, oriundos do cotidiano dos lugares por onde passou os últimos anos de sua vida. Esse gosto pelo incomum fica nítido na figura 4. Na imagem, duas mulheres taitianas estão de costas, saltando para o mar. Na parte inferior da imagem está a roupa de uma delas; a outra está retirando seu pareô. Com gestos lentos e sensuais, elas parecem não se importar com o pescador mais à frente. Das particularidades do estilo do artista está a simplificação da forma e o uso de superfícies planas de cores, com linhas delimitadas em preto, características das gravuras japonesas. O uso das cores intensas e fortes acentua a luz e a exuberância tropical do lugar por onde passou Gauguin. Sua obra deixa clara ruptura com o estilo realista e se volta para sua imaginação e para sua emoção.
O uso das cores puras também foi tendência na obra de Paul Cézanne (1839-1906). O artista teve contato com os impressionistas, com quem chegou a expor, mas estava descontente com seu próprio estilo e entendeu que deveria interpretar o que via e não meramente registrar cenas. A partir de 1880, Cézanne passou a pintar paisagens sobre a montanha provençal de Sainte-Victoire. Na figura 8, é possível perceber que Cézanne manteve os efeitos da luz natural, já utilizados pelos impressionistas e o uso das cores puras. Quanto à forma, os elementos naturais da cena, a casa, as pedras e a vegetação estão representadas por cones e cilindros, principais aspecto de sua pintura, característica que o tornou o precursor da Arte Moderna e uma ponte para o Cubismo.
Georges-Pierre Seurat (1859-1891) tinha preferência por pintar os subúrbios de Paris. Sua personalidade era um contraponto entre a extrema sensibilidade e a precisão matemática. A partir de seus estudos sobre a teoria da cor e a óptica, em 1880, passou a fazer uso científico da cor, criando assim o estilo Divisionista ou Pontilhista. Seurat chegou a participar da última exposição dos impressionistas em 1886 e causou alvoroço com sua obra Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte. Sua técnica foi seguida depois por Paul Signac (1863-1935) e Théo van Rysselberghe (1862-1926). No Farol em Honfleur (Fig. 9), é a luz natural que ilumina as casas, o barco e o farol. As cores não se misturam; elas são pequenos pontos de diferentes tons que se sobrepõem, provocando um efeito óptico de mistura de cores, no final.
Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) 3 viveu em Paris, frequentou os bordeis, os cafés, os cabarés, entre eles, o Moulin Rouge. Sua estranha aparência, devido às pernas muito curtas e à baixa estatura, tornava sua alma sensível e talvez, por esse motivo, tenha conseguido captar a fragilidade de artistas e de prostitutas como nenhum outro pintor. Suas obras foram um retrato da vida boêmia e o artista chegou a fazer cartazes para os cabarés e para os salões que frequentava. A Contradança no Moulin Rouge (Fig. 11) está repleta de elementos com os quais Lautrec conviveu. Há pessoas dançando e se divertindo em um grande salão iluminado. As cores fortes acentuam a dinâmica e a efervescência do momento. Os contornos simplificados e a falta de sombra deixaram clara a intenção do artista em dar ênfase à expressividade dos personagens, sua despreocupação com a anatomia e com a realidade.
Vincent van Gogh (1853-1890) está entre os artistas mais notáveis do período e dos últimos tempos. Nascido na Holanda, o pintor se mudou para Paris, onde seu irmão Theo era um marchand. Ali foi apresentado a Paul Signac, Èmile Bernard, Paul Gauguin e Lautrec, além dos principais artistas impressionistas. Assim como muitos de sua época, era apaixonado pelas gravuras japonesas. Basicamente autodidata começou a pintar em estilo Pontilhista, mas modificou seu traço, ao longo do tempo. Seu reconhecimento se deu apenas após sua morte. Em vida, teve apenas um quadro vendido. Sua vida ficou muito bem documentada nas cartas que trocava com o irmão Theo, de quem recebia muita ajuda. O pintor sofria de acessos de loucura e de depressão e, após um desentendimento com Gauguin, chegou a cortar sua própria orelha. Retomou a pintura após se internar e a controlar a depressão. Seu traço então evoluiu e as pinceladas curtas se tornaram longas e sinuosas. Em 27 de julho de 1890, atormentado por mais uma crise de depressão, Van Gogh atirou contra o próprio peito. Morreu no dia seguinte, com apenas 37 anos, nos braços de seu irmão.
Seu estilo é inconfundível, com cores fortes, linhas sinuosas e expressivas o que, para muitos, classifica o artista como pré-expressionista ou expressionista. Essa natureza é o traço mais marcante de um de seus 40 Autorretratos (Fig. 15). As pinceladas ondeantes ao redor da figura do artista, em seu cabelo e em sua roupa sugerem a impressão de movimento e de intensidade. O azul da roupa e do fundo da cena contrasta com a cor muito clara do rosto do artista. É perceptível a palidez e o perfil entristecido em virtude de seus problemas de ordem emocional. Para o artista,
É possível que haja um grande fogo em nossa alma, ainda que ninguém possa se aquecer com ele e os passantes vejam apenas um pouquinho de fumaça. (Vincent Van Gogh in WATTS, 2002, p.41)
A despreocupação com a forma, com a perspectiva e o uso de cores fortes são características presentes também na obra de Henri Rousseau (1844-1910). Seu estilo encantou muitos artistas da época, inclusive Pablo Picasso e o tornou um dos maiores representantes da Arte Naïf 4. Na Floresta tropical de Rousseau (Fig. 17) há contornos em branco e em preto; os vários tons de verde são fortes e não se misturam. A simplicidade da forma reflete a idéia de inocência e de alegria. Provavelmente Rousseau nunca tenha saído da França, mas muitas de suas pinturas são de florestas.
À diversidade da época, ainda somam-se os nomes de Bertrand-Jean Redon, conhecido como Odilon Redon (1840-1916); Henri-Edmond Cross (1856-1910); e Theo van Rysselberghe (1862-1926). Muitos artistas, representados por bons marchands, conseguiam enriquecer com a Arte. Outros avançavam muito em seu estilo, não tinham representação e acabavam por pertencer a uma classe mais pobre que empenhava para se afirmar.
Ao explorador das massas de que nos fala Baudelaire, nada poderia ser mais encantador do que as imagens de uma cidade em frenesi. A Paris do final do século XIX teria elementos suficientes para que o artista, encantado, imaginasse a Arte, segundo seu espírito fecundo. Para Oscar Wilde (1994, p.54),
A Arte desenvolve-se puramente nas próprias linhas, não simboliza nenhuma época, mas, ao contrário, tem nas épocas seus símbolos.
A Arte então se embrenhou por novos caminhos, tomou rumo próprio, desprendida do rigor da forma e se tornou ainda mais encantadora e diversa.
Considerações Finais
A Arte começa com a decoração abstrata, com um trabalho puramente imaginativo e agradável, não se aplicando senão ao irreal, ao não-existente. (WILDE, 1994, p.39)
O desejo de se libertar do academicismo iniciado pelos impressionistas parece ter produzido bons frutos. Os artistas passaram a investigar novos meios de expressão, exploraram a criatividade e mudaram para sempre o painel da Arte. O Pós-impressionismo continuou até as primeiras décadas do século XX, quando as vanguardas tomaram conta do cenário.
De fundamental importância para esse quadro foi o contato com o exotismo das regiões distantes, durante os seis meses da Exposição Universal que inspirou artistas a desenvolverem seu estilo como Gauguin, encantado pela Arte Oriental. A Torre de Gustave Eiffel e a excitação parisiense serviram de inspiração a muitos pintores da época. Muitos artistas acabaram por procurar lugares mais afastados da França para viver, como a Provença, a Bretanha e o Languedoc; ou ainda, como foi o caso de Gauguin, que foi viver na Polinésia Francesa.
A emoção prevaleceu sobre a forma, tornou-se soberana e, sem constrangimento se estabeleceu, levando novos ares à Estética. Ao observador entusiasmado, o flâneur, do início desse texto, bastou o coração pulsante, arrebatado pelas imagens que se ofereciam sensuais. E a Arte pode mesmo ser uma insana e delirante forma de ver as coisas. Para o escritor irlandês, Wilde, a Arte encanta por si só, é agradável ao olhar e por ela também aprendemos a contemplar o Belo da natureza.
“Diz-se que a Arte nos faz amar ainda mais a natureza, nos revela seus segredos (…)” (WILDE, 1994, p.25)
Ao longo dos subúrbios em que, pelas mansardas,
Persianas fazem véu às luxúrias bastardas,
Quando o sol arroja, imponente, seus punhais
Sobre a cidade e o campo, os tetos e os trigais,
Eu me ponho a treinar em minha estranha esgrima,
Farejando por tudo os acasos da rima,
Numa frase a tombar, como sobre as calçadas,
Ou topando as imagens há muito já sonhadas.
(BAUDELAIRE, 2006, p.96)
Notas:
1 Vídeos sobre a obra do escultor Aristide Maillol:
- www.youtube.com/watch?v=LxR0j4b1TNE
- www.youtube.com/watch?v=WZ-8GAqpsTY
- www.youtube.com/watch?v=SHt17_Gyqeg
2 Um pouco mais sobre a teoria do mundo das idéias de Platão pode ser visto no artigo A Arte Incompreendida no link:
www.obrasdarte.com/a-arte-incompreendida-por-rosangela-vig
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3 Henri de Toulouse-Lautrec:
www.obrasdarte.com/exposicao-toulouse-lautrec-em-vermelho-por-rosangela-vig
4 Arte Naïf:
www.obrasdarte.com/a-arte-naif-arte-ingenua-por-rosangela-vig
Referências:
- BROOME, Peter; CHESTERS, Graham. An Antology of Modern French Poetry. New York: Cambridge University Press, 2003.
- BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2007.
- BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. São Paulo: Martin Claret, 2006.
- BAYER, Raymond. História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, 1993. Tradução de José Saramago.
- CHILVERS, Ian; ZACZEK, Iain; WELTON, Jude; BUGLER, Caroline; MACK, Lorrie. História Ilustrada da Arte. São Paulo: Publifolha, 2014.
- FARTHING, Stephen. Tudo Sobre a Arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
- GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
- HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
- PLATÃO. Crátilo. 2ª. Edição. Lisboa: Livraria Sá Costa, 1994, Tradução Pe. Dias Palmeira.
- POE, Edgar Allan. A Filosofia da Composição. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008. Tradução: Léa Viveiros de Castro.
- PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2005.
- VANNUCCHI, Juliana. A Relevância da Mentira como Componente Artístico em Oscar Wilde. Sorocaba: Acervo Filosófico, 2016. Disponível em: www.acervofilosofico.com/a-relevancia-da-mentira-como-componente-artistico-no-pensamento-de-oscar-wilde último acesso em novembro, 2017.
- VERLAINE, Paul. One Hundred and One Poems by Paul Verlaine. Chicago: The University of Chicago Press, 1999. Tradução de Norman R.Shapiro.
- VIG, Rosângela Araújo Pires. DA ARTE COMO COMUNICAÇÃO À COMUNICAÇÃO COMO ARTE. Comunicação, Cultura e Mídia, Uniso, Sorocaba: 2010. Disponível em: comunicacaoecultura.uniso.br/prod_discente/2010/pdf/Rosangela_Vig.pdf último acesso em novembro, 2017.
- WATTS, Franklin. Vincent van Gogh. São Paulo: Editora Ática, 2002.
- WILDE, Oscar. A Decadência da Mentira e outros ensaios. Rio de Janeiro Imago Editora Ltda., 1994.
As figuras:
Fig. 1 – Torre Eiffel, Francis Benavides, 2016.
Fig. 2 – Torre Eiffel, Francis Benavides, 2016.
Fig. 3 – Torre Eiffel, Conceição Matos, óleo sobre tela, 50 x 40 cm, 2011.
Fig. 4 – Fatata te Miti (Perto do mar), Paul Gauguin, 1892. National Gallery of Art, Washington. Chester Dale Coleção.
Fig. 5 – Te Pape Nave Nave (Águas Deliciosas), Paul Gauguin, 1898. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. Paul Mellon.
Fig. 6 – O Prado, Alfred Sisley, 1875. National Gallery of Art, Washington. Ailsa Mellon Bruce Coleção.
Fig. 7 – A Batalha do Amor, Paul Cézanne, 1880. National Gallery of Art, Washington. Presente da W. Averell Harriman Foundation em memória de Marie N. Harriman.
Fig. 8 – Casas na Provença, o Vale Riaux perto de L’Estaque, Paul Cézanne, 1880. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. Paul Mellon.
Fig. 9 – Farol em Honfleur, Georges Seurat, 1886. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. Paul Mellon.
Fig. 10 – Um Canto no Moulin de La Galette, Henri de Toulouse-Lautrec, 1892. National Gallery of Art, Washington. Chester Dale Coleção.
Fig. 11 – Contradança no Moulin Rouge, Henri de Toulouse-Lautrec, 1892. National Gallery of Art, Washington. Chester Dale Coleção.
Fig. 12 – Os Comedores de Batatas, Vincent Van Gogh, 1885. National Gallery of Art, Washington. Rosenwald Coleção.
Fig. 13 – Casa de Fazenda na Provença, Vincent Van Gogh, 1888. National Gallery of Art, Washington. Ailsa Mellon Bruce Coleção.
Fig. 14 – Natureza Morta de Laranjas e Limões com Luvas Azuis, Vincent Van Gogh, 1889. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. Paul Mellon.
Fig. 15 – Autorretrato, Vincent Van Gogh, 1889. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. John Hay Whitney.
Fig. 16 – Campos de Trigo Verdes, Vincent Van Gogh, 1890. National Gallery of Art, Washington. Coleção de Mr. and Mrs. Paul Mellon.
Fig. 17 – A Floresta Tropical, Henri Rousseau, 1909. National Gallery of Art, Washington. Chester Dale Coleção.
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