Ao chegar à cidade de Manaus (AM) em 1879, o jovem italiano Ermanno Stradelli não imaginava a vida de aventuras que teria pela frente. O viajante e pesquisador, que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo das culturas indígenas da Amazônia brasileira do século XIX, é o tema da exposição fotográfica e documental “Ermanno Stradelli – fotógrafo pioneiro na Amazônia”.
A exposição abre ao público na quinta-feira, dia 28 de novembro de 2019, às 11h, e poderá ser visitada até 28 de fevereiro de 2020, na Casa do Trem do Museu Histórico Nacional (Praça Marechal Âncora S/N – Centro – Rio de Janeiro, RJ).
Realizada pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro e pelo MHN, a mostra tem curadoria Milton Guran, fotógrafo e antropólogo, e Lívia Raponi, autora de um livro (A única vida possível. Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia) e de uma tese de doutorado sobre Stradelli. A mostra conta ainda com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Sociedade Geográfica Italiana e do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.
Com cerca de 50 ampliações fotográficas, a exposição evidencia o caráter pioneiro do trabalho de Stradelli ao registrar os primeiros contatos entre índios isolados e o Estado brasileiro – como no caso da Missão de Pacificação dos Chrichanás (1884), precursora das expedições indigenistas do século XX. “A abordagem de Ermanno Stradelli ainda hoje impressiona pela sua atualidade. Ela é correta do ponto de vista antropológico e baseada em valores humanistas, que o leva a considerar costumes, saberes e modos de vida dos índios como alternativos e nunca inferiores aos ocidentais, o que para as concepções da sua época (século XIX) era uma posição inovadora”, aponta a curadora Lívia Raponi, especialista na obra de Stradelli e também diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio.
As condições de produção fotográfica nas primeiras décadas da nova tecnologia eram complexas, com câmeras pesadas e processos de revelação trabalhosos e experimentais. Stradelli superou as limitações técnicas e operacionais e realizou as primeiras fotografias de que se tem notícia de indígenas em seu habitat natural. “Stradelli, que certamente já conhecia o valor inestimável do registro fotográfico, superou todas as limitações técnicas e as dificuldades operacionais impostas e conseguiu fazer as primeiras imagens que se tem notícia de indígenas no seu habitat natural. Também foi o pioneiro a revelar suas imagens no campo, uma imposição do processo fotográfico disponível naquele tempo”, complementa o co-curador Milton Guran.
Enriquecida por documentos originais provenientes do acervo do IHGB, como o original do mapa do Amazonas (1901) e publicações da época de Stradelli, a exposição amplia a sua dimensão iconográfica e reforça o caráter histórico e científico da empreitada de Ermanno Stradelli. “Trata-se de uma oportunidade especial para chamar atenção para a história da Amazônia e de suas comunidades indígenas, contribuindo para pensar o Brasil dos dias de hoje”, enfatiza o diretor do MHN, Paulo Knauss.
A exposição “Ermanno Stradelli – fotógrafo pioneiro na Amazônia” pode ser visitada de terça a sexta, das 10h às 17h30. Aos finais de semana e feriados, das 13h às 17h. A entrada custa 10 reais (inteira)/5 reais (meia). Aos domingos a entrada é gratuita. Outras gratuidades na página: mhn.museus.gov.br.
Quem foi Ermanno Stradelli
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Nascido em 1852 em uma família aristocrática do norte da Itália, Stradelli estudava Direito quando, aos 27 anos, decidiu largar a universidade para se embrenhar na ‘exótica’ Amazônia brasileira. Durante dois anos estudou, de forma autodidata, geografia, botânica, geologia e fotografia. Chegou em Manaus em 1879 iniciando de imediato uma série de viagens pelos rios amazonenses, ampliando seu conhecimento sobre as línguas e as tradições orais dos povos indígenas da região. Após ficar doente de malária, retorna à Itália para finalizar os estudos em 1884, publicando a seguir suas primeiras obras a partir da experiência brasileira.
Retorna três anos depois ao Brasil, por ocasião de uma expedição geográfica às nascentes do Orenoco, apoiada pela Sociedade Geográfica Italiana.
Naturaliza-se brasileiro em 1893 e é nomeado promotor público em 1895. Exerce o cargo em várias cidades do interior e, por último em Tefé, onde reside de 1902 até 1923, quando é exonerado do cargo por conta de sua condição de hanseniano. Em 1925 é internado no leprosário de Umirizal em Manaus, vindo a falecer em 1926 sem conseguir voltar à Itália.
Serviço: |
“Ermanno Stradelli – fotógrafo pioneiro na Amazônia” |
Museu Histórico Nacional |
Abertura: quinta-feira, 28 de novembro de 2019: 11 horas. |
Exposição: de 29 de novembro de 2019 até 28 de fevereiro de 2020 |
Praça Mal. Âncora, s/n – Centro, Rio de Janeiro – RJ |
De terça a sexta: das 10h às 17h30. |
Sábados, domingos e feriados: das 13h às 17h. |
R$ 10 reais (inteira)/ R$5 reais (meia). Aos domingos a entrada é gratuita. |
Confira outras gratuidades na página web: mhn.museus.gov.br. Informações: (21) 3299.0324 – recepção. |
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