No Ano Internacional das Línguas Indígenas, Museu do Amanhã lança “Vivências do Tempo – Matriz Indígena”

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Com o tema “Ecologia das línguas”, programa terá atividade musical, leitura de trechos de “A queda do céu”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, com a participação de Camila Pitanga e outros convidados, e Clube de Leitura sobre a obra

No Ano Internacional das Línguas Indígenas, celebrado pela UNESCO neste 2019, o Museu do Amanhã promove mais uma edição do programa Vivências do Tempo, dessa vez lançando a sua Matriz Indígena. Com o tema “Ecologia das línguas”, uma proposta de reconhecimento e valorização da língua e da linguagem indígenas, e de todas as histórias, tradições e memórias que elas trazem em si, as atividades acontecem nos dias 28 de agosto, de 15h às 18h, e 1º de setembro, de 17h às 19h.

No dia 28, no “Encontro Mi Mawai”, a música será o ponto de partida para acessar territórios da cidade e da floresta, incentivando a troca de experiências entre as pessoas. A atividade promove a convergência entre as sonoridades da música urbana contemporânea e a música indígena Huni Kuin com Txaná Ikakuru e Batani Huni Kuin, acompanhados pelos músicos Bruno Di Lullo e Rafael Rocha. A programação faz parte de um projeto que facilita esse diálogo musical e será complementada por um bate-papo sobre os caminhos entre as línguas e as linguagens.

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No domingo, dia 1º de setembro, o público poderá acompanhar a intervenção artística “Outra gente”, de Maria Borba e Bruno Siniscalchi. Com recursos cênicos e ambientação sonora composta por Estevão Casé, os convidados Anápuàka Tupinambá, co-fundador da Rádio Yandê, a primeira web rádio indígena do país; a atriz Camila Pitanga e Eliana Sousa Silva, diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré, farão a leitura de trechos do livro “A queda do céu”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A ideia é propor que o conjunto de vozes diversas transformem o Museu do Amanhã numa caixa de ressonância das palavras do xamã yanomami. Nesse sentido, a atividade vai ao encontro da motivação original do autor: que seu relato chegue ao ouvido do máximo possível de pessoas. A leitura será seguida de uma roda de conversa sobre o tema.

O livro “A queda do céu” será debatido ainda no Clube de Leitura do Museu do Amanhã, no dia 21 de setembro, a partir das 10h30. O livro é um relato do xamã yanomami Davi Kopenawa, que apresenta a imaginação ontológica e a trajetória política de seu grupo a partir da sua história de vida, em uma série de conversas (acontecidas ao longo de 30 anos) traduzidas e organizadas pelo antropólogo francês Bruce Albert, tendo como acontecimentos cruciais o encontro com o homem branco e suas consequências. Nesse percurso, nos deparamos não só com o que Davi conta sobre si e seu próprio povo, mas também, e principalmente, com a sua perspectiva sobre o homem branco.

Atualmente, segundo a UNESCO, existem por volta de 6 a 7 mil línguas no mundo. Cerca de 97% da população mundial fala somente 4% dessas línguas, e somente 3% das pessoas do mundo falam 96% de todas as línguas existentes. A grande maioria dessas línguas, faladas sobretudo por povos indígenas, estão desaparecendo em um ritmo alarmante.

As atividades nos dois dias de evento são gratuitas, mediante inscrições no site. Sujeito a lotação.

Programação:

28/08 – Show musical: 15:00 às 16:00; seguido de roda de conversa das 16:00 às 18:00 com Txaná Ikakuru Huni Kuin, Batani Huni Kuin, Bruno Di Lullo e Rafael Rocha. Local: Lounge.

01/09 – Intervenção artística com participação de Ailton Krenak seguido de roda de conversa. Das 17:00 às 19:00. Local: Átrio.

Serviço
Vivências do Tempo – Matriz Indígena. Ecologia das Línguas.
Dia: 28 de agosto, 1 e 21 de setembro
Horário: 28: 15h às 18h / 1º: 17h às 19h / 21: 10h30 às 12h
Local: 28: Lounge / 1º: Átrio / 21: Observatório do Amanhã
Inscrições: museudoamanha.org.br/pt-br/vivencia-do-tempo-matriz-indigena

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SOBRE O VIVÊNCIAS DO TEMPO:

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O programa Vivências do Tempo foi concebido pelo Museu do Amanhã para abordar as diversas possibilidades de compreensão da cultura brasileira e, em particular, da carioca, a partir da forma como vivenciamos e exploramos o tempo em nosso cotidiano. Devido ao amálgama étnico-histórico do país, marcado pela convivência entre indígenas, africanos escravizados, portugueses e imigrantes de diversas partes do mundo, refletir sobre os modos de temporalizar o viver tem um significado especial. A linha de pesquisa programática denominada de Vivências do Tempo procura trazer para o debate e entendimento públicos esta riqueza de possibilidades existenciais que as muitas brasilidades que somos nos permitem explorar.

A ideia do programa Vivências do Tempo surgiu a partir da própria localização do Museu do Amanhã na região portuária, lugar marcado por sítios históricos como o Cais do Valongo, porto de chegada de milhares de africanos escravizados ao país e reconhecido pela UNESCO como patrimônio da humanidade, e parte da Baía de Guanabara, em cujo entorno viviam diversas tribos indígenas. Em suas primeiras atividades, o Vivências contemplou a matriz africana, que em seguida se desdobrou em outras programações do museu. Agora, está sendo lançada a sua matriz indígena.

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As formas de conceber e vivenciar o tempo é um dos elementos essenciais presente em todas as culturas – ainda que de forma variada. O objetivo maior do programa é assim é reconhecer que, embora estejamos sob a hegemonia de um tempo cronológico, há na nossa vida concreta de cidadãos cariocas essas outras dimensões temporais que todos nós compartilhamos. Se pensarmos nas pedras do Cais do Valongo, entendemos que há um tempo ali que não é o nosso. Marcado, inclusive, pela tentativa de soterramento. Se a gente soterra a tradição africana, na tentativa de soterrar a escravidão junto com isso, a tradição indígena é um espectro disso. Mais profundo, mais antigo, mais evanescente. No entanto, todos nós, se formos olhar o mapa, somos ou tupinambás ou tupiniquins ou temiminós ou tamoios. Somos todos dessas tribos. As nossas geografias, os nossos bairros, as fontes de água, tudo isso faz parte de nossa formação, ainda que não aprendamos isso na escola.

A investigação de novas possíveis modalidades de experiência do tempo – novos ritmos, cadências, movimentos – se associa, de fato, ao reconhecimento de que embora o Museu do Amanhã vise explorar possibilidades de cenários futuros, seus fundamentos se encontam profundamente enraizadas no coração histórico mesmo da cidade e do País.

O Museu do Amanhã é uma instituição cultural da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, sob gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG).

Sobre o Museu do Amanhã

O Museu do Amanhã é um museu de ciências aplicadas que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. Inaugurado em dezembro de 2015 pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã é um equipamento cultural da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro, sob gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu do Amanhã já recebeu mais de 3,2 milhões de visitantes desde a inauguração. Com patrocínio máster do Banco Santander e uma ampla rede de patrocinadores que inclui empresas como Shell, IBM, IRB-Brasil RE, Engie, Grupo Globo, Instituto CCR e Intel, o museu foi originalmente concebido pela Fundação Roberto Marinho.

O IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão é uma organização sem fins lucrativos especializada em gerir centros culturais públicos e programas ambientais e também atua em consultorias para empresas privadas e na execução ou desenvolvimento de projetos culturais e ambientais. Responde atualmente pela gestão do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Paço do Frevo, em Recife, como gestor operacional do Fundo da Mata Atlântica e como realizador das ações de conservação e consolidação do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região portuária do Rio de Janeiro. Saiba mais em www.idg.org.br

Sobre o Museu do Amanhã e os ODS da ONU

Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Agenda 2030 com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados por todos os países do mundo até 2030. Tendo como pilares a sustentabilidade e a convivência, o Museu do Amanhã está comprometido com a realização desta agenda, que prevê erradicar a pobreza e a fome; proteger o planeta da degradação por meio do consumo e da produção sustentáveis; assegurar vida próspera e realização pessoal das pessoas através do progresso econômico, social e tecnológico, em harmonia com a natureza; e promover a paz. Para saber mais sobre cada ODS, acesse o site da ONU: nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.

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