Não deixe que a rotina o faça tomar decisões que vá se arrepender depois

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Filósofo reflete sobre o valor da rotina e dos riscos de trocá-la por algo duvidoso e incerto

Muitas pessoas reclamam da rotina e anseiam por uma oportunidade de mudar suas vidas e sair deste ciclo conhecido. No entanto, seria isso o melhor a se fazer? Com base neste questionamento, o filósofo Fabiano de Abreu traz uma reflexão, visando entender se realmente vale a pena abandonar o conforto e a previsibilidade da rotina ou não: “a rotina e o cotidiano criam níveis de oscilação em nossas emoções. Somos seres adaptáveis e assim nos adaptamos à rotina. Mas também somos conquistadores e queremos coisas diferentes. Mas é aí que a razão tem que entrar e prevalecer. A razão e a emoção tem que ter equilíbrio. Na rotina, o cotidiano faz com que a emoção possa prevalecer sobre a razão e é justamente neste momento que temos que começar a pensar com a razão, antes de tomar atitudes que possam interromper o que te dá paz e segurança”.

Para ilustrar seu pensamento, o filósofo traz uma situação hipotética como exemplo: “Temos que entender que a rotina é importante, para não vivermos de surpresas e sobressaltos. Imagine que você está em um emprego que te dá conforto e estabilidade financeira e por estar saturado ou sobrecarregado de trabalho, ou já enjoado de conviver com as mesmas pessoas, vem então a vontade de buscar outro trabalho. No entanto essa escolha pode trazer uma vida em um patamar de rendimentos e qualidades inferiores da que tinha no outro emprego e até mesmo com o tempo, essa rotina voltará no novo emprego. A não ser que surja possibilidades em um novo emprego que te dê melhores condições, mas aí é uma outra questão que foge da rotina. Mas mesmo no novo emprego, o tempo também trará a rotina. Temos que estudar a nossa própria vida, com base na razão e não unicamente na emoção. É a razão vai dizer se essa troca vai beneficiar ou não e se vale a pena o risco. Há o melhor, mas também há o pior”.

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Esta lógica, de analisar os prós e contras de abandonar determinada rotina vale, segundo o filósofo, não apenas para o campo profissional, mas para a vida pessoal, incluso o relacionamento: “Felicidade é diferente de paz, mas sem paz não há felicidade. É possível ver que em um relacionamento é igual, entra na rotina, torna-se costumeiro, mas aí entra a questão que a sua razão mostra que viver com aquela pessoa te traz um conforto. Trocar ou largar isso por uma aventura ou uma paixão de momento avassaladora, ou pensar em desistir quando os ânimos estão exaltados em meio a brigas, pode te trazer um cotidiano pior do que o que você vive atualmente, a não ser que o relacionamento já não esteja bom por algum motivo, mas é uma outra questão, estamos falando da rotina”.

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Ainda na temática de relacionamentos e rotina, Fabiano aponta que é preciso usar a razão para balancear a emoção: “tem que pensar o quanto outros cenários podem ser piores, e aí é preciso pensar nos relacionamentos anteriores e nos que poderia ter, que podem não ser tão bons. Sua idade não é a mesma, as pessoas não são as mesmas dos anos anteriores. Os tempos mudam, então será que vale o risco? A idade, a experiência do ciclo em que estamos inseridos e com a maturidade podemos até nos apaixonar pela mesma pessoa diversas vezes na vida, de formas diferentes. Não somos os mesmos nem as pessoas que convivemos serão os mesmos ao longo do tempo”.

Logo, segundo o raciocínio de Fabiano, o conforto deve ser o fiel da balança na hora de avaliar o que vale a pena ser mantido: “Estudar a própria vida não é uma tarefa fácil, Saramago já dizia: Para ver a ilha, precisamos sair da ilha. Assim, eu acredito que dentro de uma ideia de buscar uma vida melhor valha tentar mudar sua rotina, ou criar métodos para que essa rotina mude com os mesmos personagens, que não venham a trair sua paz psicológica. Na profissão, no relacionamento, na vida em todos os aspectos, buscar o conforto e usar a razão para achar melhores respostas. Se você tem paz e um conforto dentro daquela sua rotina, por que mudar? Pense que algo pode ser melhor, mas tudo pode ser muito pior também. A razão é a mediadora e a balança. Aí você tem que pensar se vale a pena manter a paz ou arriscar a felicidade e atrair tristeza, ou pior, arrependimento, que é o sentimento daquilo que não tem conserto, pois não se pode voltar atrás para mudar”.

Antes de enveredar em busca de novas aventuras e mudar radicalmente sua rotina, Fabiano alerta: “lembre-se que quando mudamos, o outro também muda. A resposta pode não necessariamente estar fora, mas dentro de si. Talvez para viver o novo não seja preciso navegar em águas desconhecidas, mas mudar sua postura, posicionamento e emoções pode alterar o curso da história e provocar novos resultados mesmo com os velhos personagens”.

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