Museu virtual interativo reúne vida e obra do pintor José Antonio da Silva

Com visualização tridimensional e sonoridade em 360 graus imersiva, plataforma digital com ações gamificadas entra no ar a partir de quarta (1º/2) com acervo digitalizado em alta definição de 69 pinturas, 16 esculturas, 27 colagens, fotografias, cartas e objetos pessoais do artista autodidata de origem rural que morou em São José do Rio Preto (SP) e foi descoberto em 1946

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A partir desta quarta-feira, 1º de fevereiro, o público poderá visitar o Museu Virtual Silva sem Fronteiras, dedicado à vida e obra do pintor José Antonio da Silva (1909-1996), considerado um dos mais importantes artistas primitivos brasileiros do século 20, definido como moderno mundo afora.

Em uma plataforma digital interativa e com ações gamificadas, em que visitantes podem explorar os materiais de diversas maneiras, o museu virtual proporciona visualização tridimensional e sonoridade em 360 graus imersiva. Isso possibilita uma experiência completa na visitação online, que é gratuita e de fácil acesso a qualquer aparelho com internet, como computador, smarthphone, tablet e óculos de realidade virtual.

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A plataforma reúne 69 pinturas, 16 esculturas, 27 colagens, além de fotografias, cartas e objetos pessoais do artista multifacetado que também foi escultor, desenhista, escritor e repentista. O material digitalizado pertence ao acervo do Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva (MAP), localizado em São José do Rio Preto (SP), onde Silva passou a maior parte de sua vida e teve sua arte descoberta, equipamento ligado à Secretaria Municipal de Cultura. A iniciativa é do coletivo Robo.Art, sob coordenação de Vinicius Dall’Acqua, agrupamento de artistas sediado na cidade, e tem curadoria do professor e pesquisador Romildo Sant’Anna, estudioso do universo do artista e diretor do MAP até 2019.

O trajeto expositivo compreende seis salas virtuais que permitem a divisão de séries pictóricas, a exemplo das 14 pinturas que compõem a “Histórias de São José do Rio Preto” (1966). Uma das salas, intitulada “Memória”, revela a trajetória do artista através de imagens fotográficas e itens pessoais. Outro dos espaços contém uma palestra exclusiva do curador a respeito da vida e obra do artista. No processo de digitalização, desenvolvido em estúdio montado in loco no próprio museu, foram utilizadas fotos de alta qualidade das pinturas com ajustes de profundidade e brilho da textura. Para as esculturas, aplicou-se o recurso da fotogrametria 3D, a qual permite uma dimensão física do objeto.

O tour interativo pelo Museu Virtual Silva sem Fronteiras acontece a partir das informações fornecidas por áudios-guias, desenvolvidos pelo multiartista Jef Telles e narrados pelo próprio curador, que traz seu olhar crítico e suas vivências pessoais ao acompanhar o pintor da década de 1970 até sua morte, enquanto a alta fidelidade da digitalização propicia visualizar as texturas das telas e das pinceladas. Além disso, o público tem contato com a dimensão real das obras, uma vez que, ao adentrar na plataforma, cada visitante escolhe um avatar de tamanho padronizado de forma a simular uma visitação física. Ao percorrer as salas, visitantes poderão usar as setas do teclado ou as teclas “W”, “A”, “S” e “D” e a rotação do mouse, como nos games, ou somente o “touch do smartphone.

Durante todos finais de semana de fevereiro, três horas por dia, um educador estará online em tempo real para orientar como utilizar a plataforma e tirar quaisquer dúvidas sobre o pintor. O público será convidado a preencher um formulário narrando a experiência, que servirá de base para possíveis ajustes futuros.

Dall’Acqua observa que o Museu do Silva, como é conhecido, carece de reconhecimento como patrimônio histórico-cultural pela população rio-pretense e a aplicação de meios tecnológicos pode contribuir para a ampliação do acesso e de sua devida importância e também para a preservação do acervo. “A criação do museu virtual paralelo anula as limitações físicas de disposições geográficas às obras e ao acervo do artista. Apesar de conter 106 obras catalogadas, muitas não estão expostas no Museu de Arte Primitivista devido ao seu espaço limitado. Por ser desenvolvido para o âmbito virtual, a extensão do Museu Virtual Silva sem Fronteiras permite uma exposição completa.” A ideia é futuramente ampliar o acervo digital, inclusive com a inclusão de peças de coleções particulares.

O projeto Museu Virtual Silva sem Fronteiras é viabilizado pelo ProAC Editais, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, na modalidade “Museus e acervos, reforma, ampliação e modernização”.

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Sobre Silva

Natural de Sales de Oliveira, de origem rural e com pouca escolaridade, Silva foi autodidata. Em 1946, na exposição de inauguração da Casa de Cultura de São José do Rio Preto, suas pinturas chamaram atenção dos críticos Lourival Gomes Machado (1917-1967), Paulo Mendes de Almeida (1905-1986) e do filósofo João Cruz e Costa (1904-1978). Na primeira mostra individual, dois anos depois, na Galeria Domus, em São Paulo, o então diretor do Masp, Pietro Maria Bardi, adquiriu seus quadros e depositou parte no acervo do museu. Em 1951, na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, recebeu prêmio aquisição do MuseumofModernArt (MoMA) de Nova York. Em 1966, ganhou Sala Especial na 33ª Bienal de Veneza e gravou dois LPs, com composições próprias.

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No mesmo ano, em São José do Rio Preto, criou o Museu Municipal de Arte Contemporânea, com peças de seu acervo pessoal. Manteve o museu até 1979, quando se aposentou. Em 1980, quando já morava em São Paulo, foi fundado o Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva, com obras do artista e peças do antigo museu que fundara. Em 2012, as instalações se transferiram para o prédio histórico da antiga biblioteca municipal, onde trabalhou. Entre seus livros publicados, está “Maria Clara” (1970), prefaciado pelo crítico literário Antônio Candido (1918-2017).

“Silva concebeu cenas dramáticas, esperançosas, contestadoras, meditativas, deprimentes, líricas, plenas de fundas emoções. Talvez por ser incompreendido em sua cidade, tinha pressa de levar suas telas aos olhos de fora. Pensava que ser sonhador é acreditar em algo que não precisa existir”, anota o curador do Museu Virtual Silva sem Fronteiras. Sant’Anna destaca a importância do artista ao ser o primeiro primitivista brasileiro a entrar no circuito das artes nacionais com tal alcunha. Observa, ainda, que sua produção supera os limites da arte dita primitivista, ingênua ou popular. “O próprio Silva se considerava um expressionista, um surrealista, recusava ser taxado de primitivista, o que considerava aquém de sua obra.”

O crítico P.M. Bardi dividiu a pintura de Silva em quatro fases e definiu uma característica comum a todas elas: o movimento. “Suas telas se abrem em espaços amplos, aparecendo em primeiro plano a cena – teatro, dança, animais, cafezais e os intermináveis algodoais (…) Chama a atenção a espontaneidade do artista em abstrair os detalhes: fileiras de pontos brancos assemelham-se a floridos algodoais, e traços negros esparramados sobre um fundo cor de terra são autênticos troncos derrubados”, anotou, em 1981.

Sobre o Robo.Art

Criado em 2018, em São José do Rio Preto, o Robo.Art é um agrupamento artístico de pesquisa e produção em múltiplas linguagens, gestão e produção de projetos culturais. Composto por seis artistas de diferentes áreas (Vinicius Dall’Acqua, Elissa Pomponio, Gustavo Arão, Vinicius Francês, Fabiana Pezzotti, José Vitor Gomes e Eric Barbosa), atualmente desenvolve trabalhos dentro de diversos segmentos artísticos, com ênfase em artes audiovisuais e suas vertentes, artes plásticas, intervenções e performances baseadas em pesquisa de novas plataformas e uso de tecnologia. 

FICHA TÉCNICA:

Coordenação geral e artista 3D: Vinicius Dall’Acqua
Curadoria: Romildo Sant’Anna
Produção executiva e comunicação visual do museu: Elissa Pomponio
Direção e produção de áudio-guia: Jef Telles
Educativo: Gustavo Arão
Fotografia e videografia: Abaeté Produtora
Orientação cenográfica: Leo Bauab
Ator e narrador: Glauco Garcia
Assessoria de imprensa: Graziela Delalibera

SERVIÇO:

Museu Virtual Silva sem Fronteiras
Visitação gratuita, a partir de 1º de fevereiro de 2023
Onde: www.robo.art.br/museu-virtual-silva-sem-fronteiras
Acesso a partir de aparelhos com internet como computador, smarthphone, tablet e óculos de realidade virtual 

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