Galciani Neves é a curadora da exposição que reúne artistas contemporâneos e enfatiza as muitas formas de relação entre público e obra de arte. Nessa próxima fase, o projeto também traz atividade de formação com jovens que têm interesse em estudar e produzir coletivamente
Discutir os mais diversos elementos das artes e o modo como eles se relacionam com o público de um determinado lugar. Esse é um dos motes do Projeto [Estou Cá], com curadoria de Paulo Miyada e que teve início em julho, no Sesc Belenzinho. A partir de 31 de agosto, o projeto chega em sua segunda fase com a abertura da mostra SEMPRE ALGO ENTRE NÓS, sob a curadoria de Galciani Neves, reunindo artistas brasileiros contemporâneos com obras que se relacionam com o inexpugnável espaço intermediário que existe nos relacionamentos, nas operações de linguagem e, também, no encontro entre obra de arte e público.
A exposição irá reunir os artistas Vitor César (que apresenta a obra SEMPRE ALGO ENTRE NÓS, que dá nome à mostra), Jorge Menna Barreto, Patrícia Araújo, Fernanda Porto e Haroldo Saboia, Flávia Mielnik, Fábio Morais Malvina Sammarone, Hugo Curti, Bruno Moreschi, Beth Neves, Regina Parra, Cadu, Enrique Jezik, Marilá Dardot, Felipe Acácio e Jaime Lauriano.
A escolha dos artistas levou em conta não somente a obra apresentada na exposição, mas também sua trajetória. A premissa foi reunir nomes que tem, notadamente, um trabalho baseado na relação mais próxima com o público, em que as reações, interações ou percepções do espectador são tomadas como parte fundamental do acontecimento da obra.
“Se, na primeira etapa do processo (a exposição Potlatch: Trocas de Arte, que começou vazia e foi sendo criada com obras de arte doadas em troca de uma conversa com os curadores) discutimos os papéis da curadoria, o valor da arte e o que pode ser chamado de arte, em SEMPRE ALGO ENTRE NÓS vamos levantar questões sobre a atuação do público em uma exposição. Até que ponto uma obra existe antes que encontre seu público e, quando isso acontece, o que é que se transforma na obra, na exposição e nos visitantes? Nos acostumamos a pensar que uma exposição de arte é um lugar de apresentação de obras, mas o que ela é, fundamentalmente, é um lugar de encontro presentificado de pessoas e ideias”, questiona Paulo Miyada.
Interação
Entre as obras que compõe a mostra, um dos destaques é Pitaco, de Fernanda Porto e Fabio Morais. A obra ficará no centro da exposição e terá uma série de ações que serão ativadas por meio de oito encontros com artistas e curadores, com três horas de duração cada.
Os participantes – estudantes, designers, educadores, críticos, artistas, professores e interessados em arte, crítica de arte, experimentações gráficas – irão realizar trabalhos gráficos a partir de reflexão crítica/mediação sobre questões que pontuam os trabalhos da mostra. Os exercícios e projetos em processo ficarão em exibição, assim como o arquivo de referências e material gerado durante os encontros – vídeos, fotos, etc.
Outro destaque é a obra SEMPRE ALGO ENTRE NÓS que empresta seu nome à mostra e foi criada por Vitor César. Um cartaz vazado análogo a uma máscara de estêncil refere-se ao intervalo que persiste em todos as relações. O público pode pegar uma folha e levar consigo. Nela, com as letras vazadas, está a frase Sempre algo entre nós. A ideia é que o visitante extrapole os limites da exposição e carregue esta folha para outros ambientes, como cartaz, sinalização ou até como um estêncil que permite multiplicar essa frase por muitos espaços da cidade.
Refeitos
Alguns dias após a abertura da exposição, em 13 de setembro, tem início outra atividade do Projeto [Estou Cá]. REFEITOS é uma oficina com a coordenação do artista e professor Pedro França, com o intuito de fomentar a arte contemporânea junto ao público. As inscrições serão abertas ao público em geral e o projeto espera alcançar inclusive jovens moradores da Zona Leste. O objetivo é estimular os participantes a conhecer mais a arte contemporânea e também a produzir coletivamente.
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Partindo das experiências de artistas como Robert Morris, Sol LeWitt e Cildo Meireles, serão discutidas as diferenças entre conhecer esses trabalhos ao vivo ou através de registros fotográficos e também a distinção entre o contato com obras originais e com réplicas delas.
Depois, alunos e o coordenador Pedro França selecionarão uma lista de obras que poderiam ser experimentadas ao serem refeitas. A ideia é discutir quais as principais decisões de materiais do artista, etapas, escala, processo necessárias para realizá-las. Na sequência, haverá uma parte prática envolvendo marcenaria e ateliê, para testar modos de produzir cada um dos trabalhos selecionados. Esses trabalhos serão expostos em uma exposição que acontecerá numa etapa futura do Projeto [Estou Cá].
Para roteiro:
Exposição
SEMPRE ALGO ENTRE NÓS – Abertura dia 31 de agosto, quarta-feira, às 20 horas, no Sesc Belenzinho. Curadoria – Galciani Neves. Horário de visitação – de terça-feira a sábado das 11h às 21h e domingo e feriado das 11h às 19h30. GRÁTIS. Livre para todos os públicos. Até 30 de outubro.
Oficina
REFEITOS – De 13 de setembro a 30 de outubro. Inscrições presenciais – enquanto houver disponibilidade. Os inscritos deverão ter mais de 15 anos de idade, com qualquer formação e experiência, e serem moradores da Zona Leste. Capacidade – 20 pessoas.
SESC BELENZINHO – Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho (próximo à estação Belém do metrô). Telefone – (11) 2076-9700. Acesso para deficientes físicos. Horário de Atendimento do Sesc Belenzinho – De terça a sexta-feira das 9h às 21h30 e sábado, domingo e feriado das 9h às 19h30 Estacionamento – R$ 10,00 a primeira hora e R$ 2,50 por hora adicional e R$ 4,50 a primeira hora e R$ 1,50 por hora adicional (credencial plena).