Personagem multifacetado do século XIX, o genovês José Estevão Grondona (circa 1783 – 1850) aportou no Rio de Janeiro como um comerciante. Na sua bagagem havia pelo menos 11 quadros que vendeu para a Coroa e destinadas ao nascente Museu Nacional, então funcionando no Campo de Santana.
Este foi apenas um traço deste instigante personagem, que além de negociante atuou como jornalista e restaurador, construindo uma jornada cheia de capítulos polêmicos. Mas é a parte artística deste enredo o foco da mostra “Esquecimentos e lembranças: a coleção Grondona e a pintura genovesa”, que o Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC inaugura dia 16 de maio, às 12h.
Com curadoria do pesquisador do MNBA Anaildo Bernardo Baraçal, a exposição reúne 25 quadros e um gesso, contribuindo para divulgar os recentes resultados da pesquisa científica que revelou uma “nova coleção” do Museu.
Grondona descendia de uma extensa família de nobres, cavaleiros, comerciantes e pintores da Itália e depois de instalado no Rio de Janeiro é comissionado como restaurador e conservador do Museu Nacional (criado em 1818 por D. João VI foi o primeiro museu brasileiro). Inquieto, a partir de 1823 passa a atuar com jornalista de oposição no jornal “A sentinela à beira do mar de Praia Grande”. Porém uma carta com criticas publicada neste veículo teve tanta ressonância que motivou o fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, quando então Grondona é obrigado a sair do Brasil e se dirige a Buenos Aires (Argentina).
Da Argentina, onde continua a escrever contra o Imperador, Grondona segue para Montevideo (Uuruguai) e depois para a Bolívia. Com as mudanças trazidas no ambiente político do período da Regência e sem Pedro I para persegui-lo, o intrépido jornalista retorna ao Brasil. Nesta fase começa a trabalhar com produção de gelo ou sorvete, mas seu forte senso crítico faz emergir um revolucionário, fazendo-o se aproximar de pensadores e heróicos italianos, dentre eles o conhecido Giuseppe Garibaldi, a quem recebe entre 1835 e 1836, no Rio de Janeiro.
Dotado de múltiplas vocações, nesta fase Grondona funda uma Casa Maçônica e a Jovem Itália, uma fraternidade que dava suporte à Italia em via de unificação.
Segundo o também professor da UNIRIO Anaildo Baraçal, esta exposição “tem o mérito de revelar a existência de mais uma coleção formadora do acervo do Museu Nacional de Belas Artes justamente quando se comemoram os 80 anos de criação do MNBA”.
Ele explica que tradicionalmente havia um conjunto de obras identificado com a coleção de pintura italiana, porém, no final de 2016, pesquisas que o curador e equipe realizaram na coleção Joaquim Lebreton, do Museu, apontaram para um outro conjunto de obras, que não tinham atribuições autorais: o delineamento da coleção Grondona se deu, então, a partir de janeiro passado.
Na mostra “Esquecimentos e lembranças: a coleção Grondona e a pintura genovesa” serão exibidas reproduções de documentos oriundos do Arquivo Histórico do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, da Biblioteca Nacional, do Arquivo Nacional e do Center for Research Libraries, com sede em Chicago (EUA).
Vale lembrar que a linha curatorial se relaciona com a própria história institucional do MNBA, que reúne as funções de Museu a partir de 1832, recorrendo à metodologia de apresentação das fontes que permitem a verificação da procedência do que é relatado.
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O organizador da exposição “Esquecimentos e lembranças: a coleção Grondona e a pintura genovesa” salienta que a apresentação destes documentos pode permitir o conhecimento de uma nova “parcela” do acervo do Museu e se estende à pintura genovesa, em homenagem à terra natal de Grondona, propiciando a informação e pesquisadores, dentro do exercício da pesquisa científica que o Museu Nacional de Belas Artes há décadas vem desenvolvendo.
Assim, serão exibidas obras da pintura genovesa, apresentando nomes como Baccicia, Castiglione e Ferrari, entre outros.
Serviço |
Exposição Esquecimentos e lembranças: a coleção Grondona e a pintura genovesa |
Abertura: 16 de maio, às 12h. |
Periodo: de 16 de maio até 16 de julho |
Visitação: terça até sexta de 10h às 18h; sábado, domingo e feriado de 13h às 18h. |
Ingressos: R$ 8,00 inteira, R$ 4,00 meia e ingresso família(para até 4 membros de uma mesma família) a R$ 8,00. Grátis aos domingos. |
Museu Nacional de Belas Artes: Avenida Rio Branco, 199 – Cinelândia – tel: 3299-0600. |
Visite: www.mnba.gov.br ou www.facebook.com/MNBARio |
*Assessoria de imprensa do MNBA: Nelson Moreira – imprensa@mnba.gov.br |