Não queiras ser
Não ambiciones
Não marques limites a teu caminho.
A eternidade é muito longa.
E dentro dela tu te moves, eterno.
Sê o que vem e o que vai.
Sem forma.
Sem termo.
Como uma grande luz difusa.
Filha de nenhum sol.
(MEIRELES, 1982, Canto XV)
E a luz como tema, invadiu pequenos ambientes, permeou imagens e interiores, moveu-se em diferentes direções e tomou novas e coloridas formas. A imaginação não ofereceu limites aos novos designers. Foi-lhes permitido brincar com as cores, com a criatividade, com o claro e com o escuro. A proposta, Caixas Iluminadas, sugeria pequenos ambientes, pequenas instalações de Arte e talvez, apenas o uso da luz, de forma criativa. Então a engenhosidade se associou ao conhecimento da Arte Contemporânea e o resultado foi uma linda coleção de pequenas instalações artísticas, iluminadas, alegres, contundentes e repletas de cores.
Sob a orientação da professora Paula Castro, os alunos do último semestre do curso de Design de Interiores, da UNIP de Sorocaba, apresentaram suas pequenas maquetes, verdadeiras obras. Talvez a eles, a Arte tenha falado em alta voz, tenha promovido o pensar e tenha movido a emoção, de forma mais profunda.
O resultado da ideia Rockblu Garage (Fig. 1) foi um lindo ambiente, com a doçura de outros tempos, em cores suaves, harmônicas, contrastantes, e com um delicado efeito de claro e de escuro. Dá para se imaginar como seria apreciar o som de uma música em um espaço como esse. E a vida contemporânea se esconde entre prédios, na solidão de uma pequena janela, a observar o emaranhado de construções de concreto ao redor, sobre uma cadeira iluminada (Figuras 3 e 4). O isolamento que se vive em grandes cidades pode ser o tema dessa pequena instalação, mas o entendimento ainda pode ir além e encontrar um descanso, no aconchego da cadeira em meio à geometria da cidade, em meio à Arquitetura Contemporânea. Imagens podem ser refletidas por todos os cantos, na caixa azul (Fig. 8). Os espelhos multifacetados poderiam induzir à reflexão de que o tempo todo somos vistos ou ainda que não se pode desvencilhar da consciência. O mesmo conceito pode ser aplicado à Caixa Mágica (Fig. 10). Nesse caso, a iluminação tem foco sobre a cadeira, que está no centro do ambiente e que convida a sentar. Pode-se imaginar que um olhar ao redor, permita que se veja a mesma cena, refletida nos espelhos, sob diferentes ângulos, e que por ela se descortinem os anseios e os pensamentos de quem está na cadeira.
Nas figuras 12 e 13, a instalação permite uma brincadeira em que o visitante pode desenhar ou escrever em seu corpo ou nas superfícies. Sob efeito da luz negra, as imagens e as palavras emergem, revelando pensamentos e ideias. Pode-se pensar em fomentar questões de uma atualidade caótica e trazer à tona problemas que muitas vezes a própria sociedade esquece. É a Arte Conceitual, aqui representada por uma mini instalação instigante. Nas figuras 15, 16 e 17, despreocupados das questões mundanas, estão os seres do fundo do mar, também iluminados pela luz negra. Livres e soltos, sobre o fundo preto do pequeno ambiente, em suas cores puras e na simplicidade da forma, lembram a delicadeza da Arte Naïf.
No deck iluminado (Fig. 18), é possível perceber as características da Arte egípcia, por conta da simplicidade, do rústico e da imagem imponente, ao canto, revelada sutilmente pela luz. E a Arte egípcia também foi tema da figura 20. Na mini instalação, a luz se posiciona ao centro, representando o sol, surgindo entre as pirâmides e revela as pinturas egípcias ao fundo.
Mais que apenas fazer o uso da luz em ambientes ou atender a uma proposta de trabalho, os novos profissionais revelaram seu encantamento pela Arte e conhecimento dos estilos. De seu fazer artístico livre e inovador, o resultado foi uma linda mostra de miniaturas verdadeiras e autênticas obras de Arte, que se destacariam como grandes instalações de Arte Contemporânea.
Mini instalações:
- Rockblu Garage: Giovanna Martins, Amanda Brizolla, Jéssica Fontes, Jéssica Siqueira, Andressa Bueno e Thais Santos.
- O Contemporâneo Oculto: Aline Vieira, Francine Garcia, Isabela Levy e Sidnei Lemes.
- Caixa com Espelhos: Robert Benato, Luiz Felipe Scudeler, Giovanna Franzol, Paloma Muller e Oséias da Silva.
- Caixa Mágica: Bruna de Oliveira, Vanessa Camargo, Karine Gomes e Joice Prado.
- Arte Conceitual, Protesto: Ana Laura Gonzales, Ana Cláudia dos Santos, Nádia de Oliveira da Silva, Andressa Mayumi da Rosa.
- Fundo do Mar: Marianna Arisa, Mikela Scorsatto e Sunshine Sampaio.
- Jardim Egípcio (Deck Iluminado): Anderson Aparecido Vieira, Luís Gustavo Sanches, Bianca Padilha, Mariana Drieli, Ana Carolina Van Der Ryke.
- Pirâmides do Egito: Robert Bruno, Jéssica Verônica, Maria Inês Bernardo e José Roberto Guerra.
Referências:
FARTHING, Stephen. Tudo Sobre a Arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
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e o Universo das Artes primeiro!
MEIRELES, Cecília. Cânticos. São Paulo: Ed. Moderna, 1982.
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ROSÂNGELA VIG
Sorocaba – São Paulo
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Colunista no Site Obras de Arte
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