Marídea, conte-nos sobre você…
Meu Nome é Marídea Soares, Marí, nascida no Rio de Janeiro em 1976. A arte em todas as suas vertentes sempre me encantaram, especialmente a fotografia, a pintura e a dança. O gosto por visitar museus e centros culturais trago desde a adolescência. Formada em Fotografia e Ciências Sociais, as fotografias do tipo “Flagrantes Urbanos” sempre me instigaram pela questão da espontaneidade e pelo desafio de captar tais imagens, tentando não ser percebido pelos transeuntes. Sempre gostei de fotografar pessoas e suas relações com a cidade. Na Especialização em Arte e Cultura em 2011, realizada na Universidade Candido Mendes-RJ, tive a oportunidade de fazer uma etnofotografia do bairro de Copacabana, intitulada Formas de Sociabilidade em Copacabana. Esse trabalho foi fundamental para aguçar o meu olhar para a pesquisa, utilizando a fotografia como ferramenta principal. Atualmente leciono Sociologia na Rede Estadual do Rio de Janeiro, atividade que realizo com paixão.
Quando despertou o desejo de ser um artista plástico?
Tudo começou durante a Pandemia de Covid 19. A rotina em casa durante a quarentena me fez repensar muitas coisas sobre a vida, mas essencialmente uma busca pela existência, algo que me tocasse e me tirasse do fazer automático, da rotina extenuante. A questão que veio à tona foi sobre realizar algo por pura fruição e liberdade, sem nenhum viés de trabalho ou obrigação. Nesse sentido a pintura me apontou esse caminho e ousei iniciar a minha primeira pintura em acrílico sobre tela. Tenho carinho pela minha primeira obra – The Angel´s Secret, ela representa o início do meu processo como artista. O fato de não saber desenhar a mão livre, não encarei como obstáculo, contorno essa falta estudando os traços do objeto que pretendo pintar, conseguindo reproduzi-los, para em seguida compor um cenário meu. Nesse aspecto a fotografia me ajuda muito.
Como desenvolveu seu estilo (técnica)?
Eu procuro estudar a harmonia das cores e o equilíbrio da composição. Não busco uma técnica propriamente, mas procuro concentrar-me na temática da obra e na ideia que pretendo passar para o espectador. Busco algo divertido aos olhos. Gosto de brincar com realidade e fantasia. Espero que minhas pinturas consigam transmitir esse sentimento.
Viver de arte é possível?
Creio que sim. Embora essa não seja a minha meta no momento; estou bem fazendo algo desvinculado do processo comercial. Se as minhas imagens forem capazes de invocar sentimentos e produzir diálogos já será um bom caminho.
Quais habilidades são necessárias para um artista plástico?
O mais importante é ser obstinado, começar um projeto e não parar. É fundamental testar muitas possibilidades e ferramentas e sentir o que dá certo ou não para você. A identidade visual virá naturalmente desse processo de descobertas.
O que você sente quando cria ou aprecia uma obra de arte?
A sensação é de leveza e foco ao mesmo tempo, é um momento só meu, o qual ninguém interrompe. É uma oportunidade única de materializar a minha criação. Tenho o hábito de elogiar as obras que gosto, dos artistas que acompanho. A internet é uma galeria mundial onde podemos ver e ser vistos.
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Quais são as suas inspirações para criar uma obra de arte?
Gosto de arte figurativa. Certa vez fiz uma pintura inspirada na minha irmã quando ela estava grávida. Os animais são minha grande fonte de inspiração, se pudesse teria um Zoológico.
Que arte mais impressionou você até agora?
Eu sou apaixonada por Marc Chagall. Na atualidade temos muitos trabalhos expressivos também, como o pintor Codo.
Você está sempre criando ou apenas em alguns momentos?
Acho importante estar sempre criando. Termino uma obra e já penso na próxima, gosto de fazer o esboço para que a ideia não se perca, gosto da sensação de continuidade das coisas.
O produto de sua obra é único ou tem alguma relação com sua obra anterior?
Depende. Tem fases que se conectam como a série “antropomorfos”, outras são independentes.
Quais os desafios da arte/artista no cenário atual?
O grande desafio ainda é tornar acessível, espaços como teatro, centros culturais e galerias de arte. Na rede pública onde leciono ainda é grande o número de alunos que nunca assistiram a uma peça teatral ou um concerto musical. Não podemos aceitar essa realidade! Além disso, os jovens artistas, especialmente das periferias, ainda têm dificuldade de conseguirem patrocínios culturais para os seus projetos.
As redes sociais têm lhe ajudado na divulgação de seu trabalho?
Sim. As redes virtuais são grandes vitrines, onde um artista pode se projetar e buscar oportunidades e trocas de experiências.
Como as artes plásticas podem contribuir para a educação e para a cultura?
Desde que seja inclusiva toda arte pode somar. A arte tem que servir para dialogar sobre as nossas questões, o nosso mundo. Os meninos da minha escola conhecem mais o grafite, o rap, o funk, mas devem circular dentro das galerias e ver o que está sendo produzido em outros nichos artísticos. A arte também cumpre um papel importante de denúncia social, não podemos deixar de debater questões crônicas na nossa sociedade.
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Como você analisa as qualidades de uma obra de arte?
Dou prioridade ao impacto visual e a capacidade de dialogar com o espectador. A técnica pura e simplesmente, a meu ver, pouco diz sobre a obra.
Quais os critérios para se estipular o valor e uma obra de arte?
Os valores de uma obra são subjetivos. Mas geralmente são levados em consideração questões como a notoriedade do artista, ele ter participado de exposições, a relevância das suas coleções, o tempo atuando no mercado de arte, se ele é vivo ou morto, inovação técnica, propostas das obras, temática delas, entre outros aspectos.
Fale sobre seus projetos atualmente?
No momento estou trabalhando na série antropomorfos, essas obras conversam com questões atuais da nossa sociedade. Seja na educação, música, moda, beleza, etc. As imagens apresentam descontração, apontando sempre para um comportamento ou costume social. A formação em Humanas e o lidar com certas questões sociais, de certa forma influenciaram nesse projeto.
Qual o seu conselho para os que estão começando agora?
Começe! Inicie seus projetos acreditando neles. Não permaneça escondido, mostre suas ideias para o maior numero de pessoas, crie conexão com elas. Tenha foco e organização. O resto virá com o tempo.
Já participou de alguma exposição?
Sim. Estou muito feliz em poder participar da minha primeira exposição coletiva, que acontecerá no dia 20 de dezembro de 2021, na Galeria Universo das Artes no Rio de Janeiro. Aproveito para agradecer aos Curadores Buana Lima (Brasil) e Marcos. E Ozán (Argentina). Graças a iniciativas como essa, artistas iniciantes têm a oportunidade de mostrarem seus trabalhos e trocarem experiências com pessoas de todos os cantos do mundo.
Redes Sociais:
Facebook: @maridea.soares.1
* Agradecimentos a Buana Lima, assessora da artista plástica, por todas as informações pertinentes a entrevista.
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