Maneirismo por Rosângela Vig

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Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.

Se eu fosse pintor, gostaria de pintar esse último plano, esse último recesso de paisagem. Mas houve jamais algum pintor que pudesse fixar esse móvel oceano, inquieto, incerto, constantemente variável que é o pensamento humano? (MEIRELES, 1988, p.32)

A estética do Renascimento deixou a impressão de que a Arte havia chegado a um auge, na questão da perfeição e da harmonia. Entretanto, artistas do Alto Renascimento, como Michelangelo (1475-1564) e Rafael (1483-1520) provaram que ainda poderia haver evolução e quebraram as regras clássicas, levando para a pintura, o movimento e a teatralidade, como uma rejeição ao equilíbrio renascentista.

A palavra Maneirismo, derivada de maniera, significava “estilo”, maneira de cada artista se expressar; termo utilizado por Giorgio Vasari (1511-1574) para denominar a refinada graça e a leveza dessa Arte que floresceu no século XVI, em Roma e em Florença paralelamente ao Renascimento e que perdurou até o início do século XVII. O termo chegou a ser considerado pejorativo no século XVIII, como uma Arte decadente e afetada. Ainda como o resultado de um declínio do Renascimento Clássico, o Maneirismo, para alguns historiadores, foi uma transição entre o Renascimento e o Barroco, para outros, foi um estilo à parte.

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A História

O Maneirismo surgia como uma reação às incertezas do século XVI, período marcado por mudanças religiosas Reformistas 1 e pelo Absolutismo 2 em plena consolidação, na Europa. A Reforma Protestante, iniciada na Alemanha, expandiu para outros países, no século XVI, e teve como líder principal, o alemão Martinho Lutero. Embora o movimento fosse religioso, provocou mudanças em outros setores da cultura europeia, promovendo a formação de Estados Nacionais, livres do poder papal. A Igreja Católica, por sua vez, que desde o século XV, visava o fortalecimento espiritual, reagiu ao movimento reformista, constituindo a Contra-Reforma, numa tentativa de retomar forças. A Arte, nesse sentido, entrava novamente como uma forma de ampliar o poder católico.

Embora o Maneirismo seja mais referente às manifestações ocorridas na Itália, acabou influenciando outras nações europeias e deixou ainda traços na América e no Oriente.

A Arquitetura

Embora a estrutura clássica entrava em crise, os fundamentos tradicionais ainda serviam como referência e eram ajustados às demandas da sociedade. O pensamento profissional, na Arquitetura, passou a ser explorado de uma nova forma e os problemas relativos à construção passaram a ser resolvidos na própria Arquitetura. A preferência por espaços mais longos do que largos, com plantas retangulares; a versatilidade e a diversificação ficaram visíveis na construção de igrejas e de espaços amplos e longitudinais; e nas formas de distribuição de luz, que deixou de ser centralizada.

Nas igrejas, o estilo apresentava as escadas em espiral que não levavam a lugar algum e a caprichosa decoração com guirlandas, flores e fileiras de pequenas colunas, chamadas de balaústres, assemelhando-se a corrimãos. Já nos palácios, a beleza ficou por conta do contraste de luz e de sombra; do interior ricamente adornado; e da apresentação de afrescos e de abóbadas.

O Castelo de Fontainebleau 3 (Fig. 1), levou para a França o Maneirismo italiano e ficou conhecido como a Escola de Fontainebleau. Em 1530, Francisco I, fascinado pela Arte italiana, contratou os melhores pintores e escultores da Itália para uma reforma no castelo medieval. Os artistas franceses, que trabalharam junto com os italianos, acabaram por assimilar a tendência. A decoração mista, com pintura, acabou se propagando por toda a França e ficou conhecida como o Estilo Fontainebleau. Há, na exuberância decorativa, quadros que se alternam com estuques e relevos, de formas variadas, ornamentos e trabalhos em madeira, além de esculturas que remetem aos modelos de Michelangelo.

Detalhes do interior do Castelo de Fontainebleau, França.
Fig. 1 – Detalhes do interior do Castelo de Fontainebleau, França.

A Escultura

Contempla este esplendor de graças florentinas;
É que na ondulação do corpo musculoso,
Vibram força e elegância, estas irmãs divinas.
(BAUDELAIRE, 2006, p.33)

As características primorosas da Arquitetura ecoaram na Escultura. Houve uma preferência pela valorização da emoção e das interpretações individuais, o que rompia definitivamente a harmonia renascentista e provocava inquietações. Há lembranças do estilo Gótico nas figuras alongadas e nas angulações, com a diferença de serem dinâmicas e de exibirem movimentos exagerados. Entre os atributos, estão as caprichosas formas em estranhas proporções, temas mitológicos e o esmero nos detalhes, sugerindo um distanciamento da realidade. O resultado de tal combinação foi uma Arte elegante e original.

O trabalho de Michelangelo marcou a transição do Renascimento para o Maneirismo e seu estilo influenciou o italiano Bartolomeo Ammannati (1511-1592). Giambologna (1529-1608), artista flamengo que provavelmente foi colaborador das obras de Michelangelo, também acabou por assimilar o estilo. Entre suas obras, estão as numerosas fontes dos jardins da Família Médici, mas seu trabalho mais célebre, o Rapto das Sabinas (Fig. 2), evidencia a inconfundível marca do Maneirismo. A obra, esculpida em um só bloco de mármore, tem 4,10 metros de altura, apresenta uma imagem com detalhada demonstração de vívida energia, em que um homem levanta uma mulher no ar, enquanto outro parece tentar se erguer, numa espécie de disputa passional. O escultor soube explorar gestos e movimentos de maneira brilhante e criou uma cena que pode ser fruída e compreendida em vários ângulos.

O Rapto das Sabinas, Giambologna, 1581-1582, Florença, Itália.
Fig. 2 – O Rapto das Sabinas, Giambologna, 1581-1582, Florença, Itália.

A Pintura

A inteligência é sublime; o engenho é belo; a audácia é grande e sublime; a astúcia é pequena, mas bela. (…) A veracidade e a retidão são simples e nobres; a chalaça e a lisonja obsequiosas são finas e belas. A amabilidade é a beleza da virtude. A solicitude desinteressada é nobre. A cortesia e a delicadeza são belas. As qualidades sublimes infundem respeito; as belas, amor. (KANT, 1942, p.11)

A citação acima traça um ajuizamento a respeito da beleza, na Arte. Para Kant (1724-1804), a Arte Sublime provoca, desperta o espírito; surpreende; causa maravilhamento. E talvez seja na esfera da Arte Sublime que o estilo maneirista se justifica, em virtude dos planos e dos cenários irreais e inquietantes das obras. E foi no campo da Pintura que despontaram as primeiras manifestações desse feitio, pelas mãos de Michelangelo e de Rafael, em suas obras finais. A realidade já não mais satisfazia os artistas que buscaram valorizar a Arte livre, investigando novas possibilidades.

Fig. 3 – Afresco O Juízo Final, na Capela Sistina, Michelangelo, 1536-41, Vaticano, Itália.
Fig. 3 – Afresco O Juízo Final, na Capela Sistina, Michelangelo, 1536-41, Vaticano, Itália.

Tal característica é incontestável, no afresco pintado por Michelangelo, na parede do altar da Capela Sistina, O Juízo Final (Fig. 3). Com medidas de 13,5 por 12,2 metros, a versão do artista para a passagem Bíblica da segunda vinda de Cristo, foi terminada trinta anos após o teto da mesma Capela, com o qual contrasta. Ao mesmo tempo em que no teto, o espírito é o de grandiosidade e de equilíbrio, o Juízo Final apresenta a cena perturbadora do Julgamento Final, em um espaço irreal, com anjos tocando trombetas e com pessoas em poses variadas se contraindo e se contorcendo. A melancolia, a angústia, a dor e o medo atestam que suas almas podem ascender ao Paraíso ou descer para o Inferno. A obra chegou a ser julgada obscena pelo Concílio de Trento e foram pintados tecidos sobre as partes íntimas dos nus.

Monsenhor Della Casa, Pontormo, 1541-1544, Samuel H. Kress Collection.
Fig. 4 – Monsenhor Della Casa, Pontormo, 1541-1544, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

O florentino Pontormo (1494-1556/7) (Fig. 4), que estudou com alguns Mestres do Renascimento, entre eles, Leonardo Da Vinci, desvencilhou-se da Arte Clássica e criou um estilo pessoal. Suas obras, a maioria com temas religiosos, demonstram sua personalidade incomum. A ousadia e o erotismo estão expostos na obra de outro florentino, Agnolo Bronzino (1503-1572) (Fig. 5), aprendiz de Pontormo. A obra, Alegoria com Vênus e Cupido, foi uma encomenda do duque Cosimo de Medici, como presente para o rei Francisco I, da corte de Fontainebleau, na França, centro maneirista. Entre os elementos mitológicos, estão Vênus, a Deusa do Amor, que desarma seu filho, Cupido; o Tempo, representado por um velho com uma ampulheta; o Ciúme que pode ser referente à sífilis, doença que na época se alastrava, tanto na Itália como na França. A cena chegou a ser considerada imoral, foi modificada e depois restaurada. Vale ainda lembrar Giogio Vasari (1511-1574) (Fig. 6), que além de pintor e arquiteto, teve grande destaque em Florença. Em 1550 Vasari publicou o livro Vidas dos mais Eminentes Arquitetos, Pintores e Escultores Italianos e em 1563, juntamente com Bronzino, criou a Academia del Disegno, na cidade de Florença. Entre os italianos, estão ainda outros artistas que aderiram ao estilo, entre eles Alessandro Allori (1535-1607), filho adotivo de Bronzino, Rosso Fiorentino (1494-1540), Parmigianino (1503-1540), Pellegrino Tibaldi (1527-1596), Federico Barocci (por volta de 1533-1612) e Tintoretto (1518-1594) (Fig. 7), conhecido por seu radicalismo, na pintura.

A Família Sagrada, Agnolo Bronzino, 1527-1528, Samuel H. Kress Collection.
Fig. 5 – A Família Sagrada, Agnolo Bronzino, 1527-1528, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

Fora da Itália, a Arte maneirista foi levada para a França, inicialmente por Fontainebleau e se disseminou pela região, juntando-se à Arte Flamenga, pelas mãos de artistas como Frans Floris (1517-1570), Jan Van Scorel (1495-1562) e Maerten Van Heemskerck (1498-1574) e o italiano Niccoló dell’Abate (1509/12-1571) que trabalhou em Fontainebleau. Mas o exotismo maneirista foi notório nas obras de El Greco (1541-1614). O nascimento em Creta lhe valeu o apelido de O Grego, local onde estudou a Arte Bizantina; em Veneza, provavelmente trabalhou no ateliê de Ticiano, onde conheceu artistas do Maneirismo, entre os quais, Tintoretto, que o inspirou. O Enterro do Conde de Orgaz 4,5 está entre as obras mais significativas de El Greco, mas em Laocoonte (Fig. 8), uma das poucas obras mitológicas do artista, ficaram claras as marcas do Maneirismo, nas inconfundíveis figuras alongadas e tortuosas. A cena narra a história mítica em que os Deuses castigam Laocoonte e seus filhos, em uma luta mortal contra serpentes ameaçadoras. As figuras que assistem à cena podem representar os próprios Deuses testemunhando o castigo. Acentuam a ideia de horror e de medo, o cenário fantasmagórico e umbrático, em que não se consegue perceber a procedência da luz; além das pessoas com corpos envergados e hirtos, com músculos contraídos, numa tentativa dramática de luta. A cidade de Toledo, ao fundo da imagem, em meio a toda tensão da cena, pode significar uma referência à Inquisição.

São Marcos, Giorgio Vasari, 1570-1571, Gift of Damon Mezzacappa in Loving Memory of Elizabeth Mezzacappa.
Fig. 6 – São Marcos, Giorgio Vasari, 1570-157, National Gallery of Art, Washington.

Considerações Finais

O Maneirismo é o testemunho de que a Estética está sempre em processo de transformação, avançando paralelamente com o pensamento humano, com suas concepções sobre o mundo que o cerca, num constante evoluir. O afastamento do naturalismo acabou por direcionar a Arte, para os estilos que vieram a seguir, o Barroco e o Rococó. Mas acima de tudo, o que ficou evidente é que a autonomia permitiu aos artistas se entregarem às emoções e a atuarem com independência. Schiller (2002, páginas 21 e 22) estava certo quando afirmou que “a Arte é filha da liberdade e quer ser legislada pelas leis do espírito, não pela privação da matéria.” A engenhosidade atreveu-se a mudar o que já era Belo e perfeito; à estética da Renascença, foi incorporado o movimento, os estados de espírito e os anseios vividos no período. A liberdade abriu campo para os artistas demonstrarem a essência da alma e como resultado, ficou para a História da Arte, um modelo grandioso, distante da realidade e intelectual.

A Arte está na natureza – quem for capaz de extraí-la, a possuirá.
(ALBRECHT DÜRER in WELTON, 2014, p.121)

A Conversão de São Paulo, Jacopo Tintoretto, 1545, Samuel H. Kress Collection.
Fig. 7 – A Conversão de São Paulo, Jacopo Tintoretto, 1545, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

1 Reforma e Contrarreforma:
www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=918

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2 Absolutismo é um método ou doutrina governamental em que o poder é centrado em um chefe que toma todas as decisões. Seu poder é ilimitado e irrestrito.

3 Castelo de Fontainebleau:
www.musee-chateau-fontainebleau.fr/The-Renaissance?lang=en

4 O Enterro do Conde de Orgaz (1586/8), por Oscar D’Ambrósio, no site Artcanal:
artcanal.com.br

5 Link para vídeo sobre a obra O Enterro do conde de Orgaz (1586/8), de El Greco, na Igreja de São Tomé, Toledo (Espanha):
www.santotome.org

Laocoonte, El Greco, 1610-1614, Samuel H. Kress Collection.
Fig. 8 – Laocoonte, El Greco, 1610-1614, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

The National Gallery of Art, Washington

Situado entre os dez melhores museus de Arte do mundo, o National Gallery fica em Washington, nos Estados Unidos e foi fundado em 1937. Andrew W. Mellon, um colecionador de Arte de Pittsburgh, fez a doação de um fundo para a construção do museu e de sua coleção de Arte. Outros colecionadores depois, fizeram doações de objetos, que incluíam pinturas Italianas, esculturas e porcelanas. A intenção era a de formar uma Galeria Nacional de Arte.

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Andrew Mellon escolheu então, o arquiteto John Russel Pope (1874-1937) para o projeto do prédio do novo museu. Como Mellon acreditava que os visitantes deveriam não somente aprender, mas apreciar a Arte, por meio da coleção, as obras são exibidas por período e por origem, em galerias adequadamente decoradas. Nas galerias do Renascimento, há revestimentos italianos, paredes com acabamento manual em gesso, repleto de detalhes, com molduras nas portas e nichos para as esculturas. Por meio de um aplicativo para dispositivos móveis, é possível se fazer uma visita às obras, com comentários em áudio sobre os artistas e os períodos, além de importantes informações sobre exibições especiais do museu.

Link para o National Gallery, Washington: www.nga.gov/content/ngaweb/Collection.html

Maria e o Menino, com Santa Martina e Santa Agnes, El Greco, 1597-1599, Widener Collection.
Fig. 9 – Maria e o Menino, com Santa Martina e Santa Agnes, El Greco, 1597-1599, National Gallery of Art, Washington. Widener Collection.

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Referências:

  1. BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006. Tradução de Pietro Nassetti.
  2. BAYER, Raymond. História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, 1993. Tradução de José Saramago.
  3. CHILVERS, Ian; ZACZEK, Iain; WELTON, Jude; BUGLER, Caroline; MACK, Lorrie. História Ilustrada da Arte. Publifolha, S.Paulo, 2014.
  4. FARTHING, Stephen. Tudo Sobre a Arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
  5. GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
  6. HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. Martins Fontes, São Paulo, 2003.
  7. KANT, Immanuel. O Belo e o Sublime. Pôrto: Livraria Educação Nacional Ltda., 1942.
  8. MEIRELES, Cecília. Janela Mágica. São Paulo: Ed.Moderna, 1988.
  9. SCHILLER, Friedrich Von. A Educação Estética do homem. 4a. edição. S.Paulo: Ed. Iluminuras, 2002.

As figuras:

Fig. 1 – Detalhes do interior do Castelo de Fontainebleau, França.

Fig. 2 – O Rapto das Sabinas, Giambologna, 1581-1582, Florença, Itália.

Fig. 3 – Afresco O Juízo Final, na Capela Sistina, Michelangelo, 1536-41, Vaticano, Itália.

Fig. 4 – Monsenhor Della Casa, Pontormo, 1541-1544, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

Fig. 5 – A Família Sagrada, Agnolo Bronzino, 1527-1528, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

Fig. 6 – São Marcos, Giorgio Vasari, 1570-157, National Gallery of Art, Washington.

Fig. 7 – A Conversão de São Paulo, Jacopo Tintoretto, 1545, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

Fig. 8 – Laocoonte, El Greco, 1610-1614, National Gallery of Art, Washington. Samuel H. Kress Collection.

Fig. 9 – Maria e o Menino, com Santa Martina e Santa Agnes, El Greco, 1597-1599, National Gallery of Art, Washington. Widener Collection.

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