Lugares do Delírio

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A partir de 7 de fevereiro de 2017

Conversa de galeria: 16h

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura em 7 de fevereiro a exposição Lugares do delírio. Idealizada por Paulo Herkenhoff e com curadoria de Tania Rivera, a mostra apresenta cerca de 150 trabalhos – entre instalações, mapas, performances, pinturas e objetos – de diversos artistas, como Cildo Meireles, Laura Lima, Anna Maria Maiolino, Arthur Bispo do Rosário, Fernand Deligny, Lygia Clark, Raphael Domingues, Gustavo Speridião, Fernando Diniz, Cláudio Paiva, Geraldo Lúcio Aragão e outros. Trata-se de uma reflexão política e ética sobre loucura e arte. “A intenção é colocar em suspenso a delimitação entre o normal e o dito “louco”. A arte e a loucura têm em comum a força de transformação da realidade e isso está representado na exposição”, explica a curadora Tania Rivera, que é psicanalista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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A palavra delírio significa algo que desvia dos padrões e cria novas configurações de realidade. E é por isso que ela é usada no título de uma mostra que traz trabalhos de artistas diagnosticados com algum transtorno psíquico, mas também de nomes conhecidos na arte, que produzem obras que recusam as vias tradicionais de representação ou que questionam de certa forma o que é chamado de loucura. Além disso, também apresenta o resultado do trabalho de artistas visuais em parceria com pacientes de instituições psiquiátricas. As obras estarão dispostas de maneira que se entrecruzem e comuniquem espacialmente. Há uma horizontalidade em todas as ações da exposição. “Queremos mostrar um aspecto lúdico e inusitado de transformação da realidade e organizar as obras para uma proposital contaminação visual”, conta Tania.

O que há de delirante na arte e o que há de reflexão sobre a loucura na arte são questionamentos que orientaram a pesquisa da curadoria, que organizou a exposição com uma grande diversidade de gêneros e linguagens. “Estamos trazendo artistas emblemáticos como Arthur Bispo do Rosário, que viveu mais de 50 anos internado em clínica psiquiátrica, mas também outros não tão conhecidos do público, como Luis Guides, de Porto Alegre, Maurício Flandeiro, do Ceará e Fernando Lima, de Belém, em um diálogo com importantes artistas contemporâneos como Cildo Meireles, Laura Lima e Anna Maria Maiolino, por exemplo”.

Após muitos anos sem expor na cidade, Anna Maria Maiolino fará, na abertura da exposição, uma performance com a participação de Sandra Lessa. Em “In Atto”, a artista acompanha, com sua presença delicada porém extremamente forte, o processo de liberação de uma mulher que se desvencilha de amarras. Laura Lima – que conta ter sido decisivo para sua decisão de se tornar artista acompanhar um surto de seu irmão – leva para a mostra a obra interativa “Novos costumes”, que são vestes em vinil que o público poderá experimentar. Em “Ascenseur”, uma mão por trás da parede aparecerá de forma inusitada, em busca de um molho de chaves. Ana Linnemann também vai tirar os visitantes do eixo com a instalação que vai mexer, literalmente, com uma das pilastras dos pilotis do museu.

A psiquiatra Nise da Silveira, que considerava a esquizofrenia um dos “estados inumeráveis do ser”, citando o artista e ator francês Antonin Artaud, é lembrada na mostra com trabalhos que fazem parte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, criado por ela em 1952 no então denominado Centro Psiquiátrico Nacional, no Engenho de Dentro. Obras de Fernando Diniz e Raphael Domingues estarão na exposição, que também apresentará fotografias e desenhos de Geraldo Lúcio Aragão, que frequentou os ateliês de arte de Nise em fins dos anos 1950, mas apenas recentemente foi destacado do acervo da instituição.

A obra “Razão/Loucura” (1976), de Cildo Meireles, representa uma espécie de definição poética da exposição, trazendo uma reflexão sobre a sutil diferença entre razão e loucura. De Cildo, serão também exibidas 42 imagens da série de fotografias “Cottolengo”, feitas no hospital Vila de São José Bento Cottolengo em 1976. Uma delas foi utilizada na obra “Zero Cruzeiro”, da qual será apresentada a nova versão “Zero Real” (2013). Outra obra do artista presente na mostra é “Liverbeatlespool”, criada em 2004 para a Bienal de Liverpool, que consiste em uma bicicleta que vai circular pelo entorno do museu com alto-falantes que tocam ininterruptamente músicas dos Beatles sobrepostas e invertidas.

Pela primeira vez na cidade, Lugares do delírio traz ainda o trabalho do educador francês Fernand Deligny, morto em 1996, que influenciou autores como Gilles Deleuze e Félix Guattari. Na fronteira entre tratamento e arte, seus colaboradores traçaram mapas com gestos e deslocamentos de crianças e adolescentes autistas em áreas de convivência mantidas pelo educador a partir de fins dos anos 1960. De Deligny, a exposição apresenta ainda revistas com reproduções de desenhos e trechos de textos.

Lygia Clark também está na mostra, com a emblemática porém pouco conhecida “Camisa de Força”, de 1969. “A exposição afirma que os lugares do delírio são muitos e variados, e tenta assim explorar e questionar as fronteiras entre normal e patológico, entre arte e vida, entre o museu e o mundo”, convida Tania Rivera para a curadoria que dá continuidade ao projeto Arte e Sociedade no Brasil – dos quais fizeram parte as mostras O abrigo e o terreno (2013) e Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas (2014).

O Museu de Arte do Rio – MAR

O MAR é um espaço dedicado à arte e à cultura visual. Ocupa dois prédios na praça Mauá: um de estilo eclético, que abriga o Pavilhão de Exposições; outro em estilo modernista, onde funciona a Escola do Olhar. O projeto arquitetônico une as duas construções com uma cobertura fluida de concreto, que remete a uma onda – marca registrada do museu –, e uma rampa, por onde os visitantes chegam aos espaços expositivos.

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Uma iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o MAR tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comunidade de bens culturais. Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o museu já nasceu com uma escola – a Escola do Olhar –, cuja proposta museológica é inovadora: propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e no exterior, conjugando arte e educação a partir do programa curatorial que norteia a instituição.

O MAR é gerido pelo Instituto Odeon, uma organização social da Cultura, selecionada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro por edital público. O museu tem o Grupo Globo como mantenedor, o BNDES como patrocinador da Reserva Técnica e apoiador da exposição Leopoldina, princesa da Independência, das artes e das ciências, a Petrobras também como apoiadora de Leopoldina, princesa da Independência, e a Repsol como apoiadora de exposição.

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A Escola do Olhar tem o Sistema Fecomercio RJ, por meio do Sesc, como parceiro institucional, e conta com o Banco Votorantim e a Prodiel como apoiadores. A Brookfield apoia as visitas educativas. O programa MAR na Academia tem apoio da Dataprev e da Amil One Health via Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e da Aliansce via Lei Rouanet. A Souza Cruz é copatrocinadora do Domingo no MAR.

O MAR conta também com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Serviço

Ingresso: R$ 20 I R$ 10 (meia-entrada) – pessoas com até 21 anos, estudantes de escolas particulares, universitários, pessoas com deficiência e servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro. O MAR faz parte do Programa Carioca Paga Meia, que oferece meia-entrada aos cariocas e aos moradores da cidade do Rio de Janeiro em todas as instituições culturais vinculadas à Prefeitura. Apresente um documento comprobatório (identidade, comprovante de residência, contas de água, luz, telefone pagas com, no máximo, três meses de emissão) e retire o seu ingresso na bilheteria. Pagamento em dinheiro ou cartão (Visa ou Mastercard).

Bilhete Único: R$ 32 – R$ 16 (meia-entrada) cariocas e residentes no Rio de Janeiro, mediante apresentação de documentação ou comprovante de residência comprobatórios. Serão considerados documentos comprobatórios aqueles que contenham o local de nascimento, tais como RG, carteira de habilitação, carteira de trabalho, passaporte etc. Serão considerados comprovantes de residência os títulos de cobrança com no máximo 3 (três) meses de emissão, como serviços de água, luz, telefone fixo ou gás natural, devidamente acompanhado de documento oficial de identificação com foto (RG, carteira de habilitação, carteira de trabalho, passaporte etc.) do usuário.

Política de gratuidade: Não pagam entrada – mediante a apresentação de documentação comprobatória – alunos da rede pública (ensinos fundamental e médio), crianças com até cinco anos ou pessoas a partir de 60, professores da rede pública, funcionários de museus, grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa, Vizinhos do MAR e guias de turismo. Às terças-feiras a entrada é gratuita para o público geral. Aos domingos a entrada é gratuita para portadores do Passaporte de Museus Cariocas que ainda não tiverem o carimbo do MAR. No último domingo do mês o museu tem entrada grátis para todos por meio do projeto Domingo no MAR.

Terça a domingo, das 10h às 17h. Às segundas o museu fecha ao público. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (55 21) 3031-2741 ou acesse o site www.museudeartedorio.org.br.

Endereço: Praça Mauá, 5 – Centro.

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