José Spaniol apresenta individual na Dan Galeria

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Mostra TIUMMMMTICHAMM traz ao público série homônima – conjunto de pinturas escultóricas em acrílico -, além de uma instalação que toma o chão do espaço expositivo

Num exercício infinito e ininterrupto, as ondas do mar quebram quando se aproximam do continente. Ao mesmo tempo que se vertem à origem, são também sorvidas pela areia da praia. Sobre um chão liso e de toque macio, a água se esvai, pouco a pouco, em círculos irregulares, numa confusão de espumas. É esta a imagem que inspira TIUMMMMTICHAMM, individual de José Spaniol, que a Dan Galeria realiza entre 5 de setembro e 6 de outubro.

A mostra reúne um conjunto de trabalhos relacionados às sonoridades do mar, sugerindo ao observador sua contemplação a partir de um ponto de vista improvável e desestabilizador. A exposição traz uma série homônima de 26 pinturas escultóricas de acrílico colorido marchetados com círculos em branco dos mais variados tamanhos e uma instalação em granito negro e mármore alvo que toma todo o chão do espaço expositivo.

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“A mudança de estado das matérias, ou seu tratamento, de modo a contraditar as vocações habitualmente associadas a elas, é um dos fundamentos da poética de José Spaniol”, pontua Agnaldo Farias, curador que assina o catálogo da mostra. Em TIUMMMMTICHAMM não é diferente. “Há que se considerar que, segundo a lógica do artista sobre a mudança de estado das coisas e sobre a versatilidade de seu comportamento físico, o chão, nesta exposição, é posto em pé e se prolonga pela parede nas pinturas/esculturas de chapas de acrílico colocadas diante do olhar do público”, completa.

Como em séries anteriores, os trabalhos aqui se organizam pela tensão entre os planos e linhas verticais e horizontais. Imprevistamente, o chão escorre para cima, subvertendo o impulso da gravidade. O observador é então convidado a caminhar pela galeria como pela superfície das águas, sobre um chão pautado pela impermanência e espelhado sobre as paredes cobertas por quadros de resina líquida endurecida, transparente e reflexiva.

“Há nessa experiência algo de quando entramos no mar, de quando ficamos com a água pela cintura e metade do nosso corpo desaparece, e, enlevados, brincamos com a superfície cambiante que nos divide fazendo-nos habitar dois mundos, a água turvada pelo branco das ondas se desfazendo, perpetuamente se desfazendo”, afirma Farias.

A exposição faz referência ainda a Tiamm Schuoomm Cash!, trabalho exposto no octógono da Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2016. A instalação trazia dois barcos em madeira suspensos a cerca de 10 metros do chão, escorados em 80 varas de bambus caoticamente organizadas. A onomatopeia, que para o artista se posiciona no meio do caminho entre a palavra e a imagem, dava certa materialidade à água referenciada pela obra. Tal como lá, aqui os trabalhos e o nome atribuído a eles são o registro material de dinâmicas ouvidas, compreendidas e então anotadas.

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Sobre o artista

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José Spaniol (São Luiz Gonzaga, RS,1960) é artista plástico e professor doutor, docente do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Entre 1990 e 1993, estudou na Academia de Artes de Düsseldorf, Alemanha, como bolsista do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico.

Em 1999, ganhou a Bolsa Virtuose do Ministério da Cultura para cumprir período de residência no European Ceramics Work Center, na Holanda. A produção inicial do artista parte de referências a objetos cotidianos, como portões, balões ou cartazes de rua, e estabelece uma troca entre a função utilitária e a poética. Desde os anos 1990, explora a relação que suas obras estabelecem com a arquitetura e os locais expositivos.

Expôs em mostras individuais na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Palácio Gustavo Capanema(Rio de Janeiro), no Museo de Arte Contemporâneo Union Fenosa (MACUF, Corunha, Espanha), entre outros. Integrou a 29a Bienal de Arte de São Paulo e exposições pelo Brasil e em países como Chile, Equador, Venezuela, Portugal, Itália, Alemanha, Espanha, Holanda e China.

Suas obras integram os acervos do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Centro Cultural de São Paulo (CCSP) e do Instituto Cultural Itaú (São Paulo), entre outros.

Serviço:
Local: DAN GALERIA
Endereço: Rua Estados Unidos, 1638
Abertura: 5 de setembro, às 19h (somente para convidados)
Visitação: de 6 de setembro a 6 de outubro
Horários: Seg. a sex. das 10h às 19h – sáb. das 10h às 13h
Entrada: Gratuita
Telefone: 11 3083-4600

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