Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro disponibiliza gratuitamente quatro espetáculos inéditos do renomado diretor de teatro italiano Pippo Delbono em seis diferentes idiomas. Inédito na história do teatro, a iniciativa única envolveu mais de dez instituições culturais no mundo inteiro.
O próximo espetáculo a ser disponibilizado será Orchidee (Orquídeas), no sábado, 20. Toda programaçao é disponível com legendas em espanhol, português, francês, inglês, polonês e italiano.
Os espetáculos serão disponíveis em streaming na plataforma Vimeo através do site e redes sociais do IIC
Orchidee (Orquídeas) – 20 de junho vimeo.com/408064853
Vangelo (Evangelho) – 27 de junho
vimeo.com/408083747
No início do mês de junho, o Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro inaugurou o ciclo “Teatro italiano em streaming” com a apresentação de quatro espetáculos do diretor Pippo Delbono, um artista apreciado e reconhecido mundialmente por criar espetáculos caraterizados por um intenso trabalho de pesquisa estética e por levar à cena personagens com uma corporeidade extraordinária, capazes de infundir um senso único de humanidade e solidariedade. Delbono se utiliza do teatro para mostrar experiencias de vida.
Já foram disponibilizados dois grandes espetáculos. Os próximos são Orchidee (Orquídeas), no sábado, 20, e Vangelo (Evangelho), no dia 27.
O projeto internacional, do qual o Instituto Italiano do Rio de Janeiro é o único parceiro no Brasil, reúne cerca de dez instituições culturais no mundo inteiro e visa à internacionalização do teatro italiano, promovendo, ao mesmo tempo, a difusão da língua, da literatura e da cultura italiana como um todo.
São ao todo quatro espetáculos, realizados ao longo dos últimos dez anos, que contam o teatro e também a história pessoal deste famosíssimo e inquieto diretor de teatro, capaz de emocionar e conquistar o público italiano e internacional: Questo buio feroce de 2006 (Esta escuridão feroz), Dopo la battaglia de 2011 (Após a batalha), Orchidee de 2013 (Orquídeas) e Vangelo de 2016 (Evangelho). Todos eles tiveram um caminho de longas turnês no mundo inteiro, com teatros sempre lotados. A partir de sábado, 06 de junho, o público poderá assistir das próprias casas em versão integral. Os vídeos não são simples filmagens, são versões em filme, gravados com três câmeras ao mesmo tempo, dos espetáculos nascidos pela cena.
“Teatro em streaming” é uma realização da instituição italiana ERT-Emília-Romagna Teatro com a colaboração e o suporte dos Institutos Italianos de Cultura do Rio de Janeiro, de Parigi, de Buenos Aires, de Santiago del Cile, de Lisboa e de Varsovia, do SITF – Sibiu Internacional Theatre Festival, do Malta Festival de Poznan, do Teatro Coliseu de Buenos Aires e da Fundación Teatro a Mil de Santiago. Em colaboração com o Instituto de Cultura Italiano de Lisboa, o IIC Rio contribuiu à tradução para o português das legendas.
Pippo Delbono é um dos artistas mais apreciados e representados na Itália e no exterior. No Brasil, ele apresentou o espetáculo “Do esterco nasce a flor” no Festival Porto Alegre em cena – 2000, no Teatro Bruno Kiefer. Os espetáculos que serão apresentados neste ciclo representam um caminho emocionante e comovente através de dez anos de história de seu teatro e de história da humanidade.
“Neles, a palavra se torna poesia, grito, sussurro, indignação, pesquisa por beleza fora de qualquer categoria de gênero, indagação entorno da dor e, enfim, olhar de esperança. Os espetáculos deste diretor completamente inconformado criam imagens fortes e avassaladoras, graças ao uso de atores marcados por diversidades físicas ou comportamentais que fazem deles ícones portadoras de necessidades, projetados numa pesquisa universal de humanidade, de consideração das minorias e da exclusão”.
(Massimo Marino do jornal italiano Il Corriere dela Sera).
Os espetáculos:
Disponíveis com legendas em espanhol, português, francês, inglês, polonês e italiano.
Orchidee (Orquídeas): 20 de junho, sábado: vimeo.com/408064853
Com Dolly Albertin, Gianluca Ballarè, Pippo Delbono, Ilaria Distante, Simone Goggiano, Mario Intruglio, Nelson Lariccia, Julia Morawietz, Gianni Parenti, Pepe Robledo, Grazia Spinella. Produção Emilia Romagna Teatro Fondazione, Teatro di Roma, Nuova Scena- Arena del Sole- Teatro Stabile di Bologna, Théâtre du Rond Point- Parigi, Maison de la Culture d’Amiens- Centre de Création et de Production.
Estreia: 31 de maio de 2013 Teatro Comunale Luciano Pavarotti – Modena
Duração: 1 hora e 50 minutos
“Ainda posso escrever sobre o amor”, escreveu o poeta Dario Bellezza, um grande amigo de Pier Paolo Pasolini que morreu por causa do AIDS. A orquídea é a flor mais bonita, mas também a mais má, dizia a minha mãe, porque você não consegue reconhecer o que é verdadeiro do que é falso. Como nosso tempo. Em “Orchidee”, como em todos os meus espetáculos, há uma tentativa de parar o tempo pelo qual estou passando. Um tempo meu, da minha companhia teatral, das pessoas que trabalham comigo há muitos anos, mas também de um tempo que todos estamos passando e experimentando hoje. Italianos, europeus, ocidentais, cidadãos do mundo. Um tempo confuso em que sinto, sentimos em muitos, penso, perdidos … ou com a sensação de ter perdido alguma coisa. Para sempre. Talvez fé política, revolucionária, humana e espiritual.
“Orchidee” nasce de um grande vazio que minha mãe me deixou quando morreu. Minha mãe, que depois dos conflitos, das separações, encontrei novamente. Eu, um pouco mais velho, um pouco mais sábio, ela um pouco mais criança. E assim o vazio. O não se sentir mais filho de ninguém. O vazio do amor. Mas “Orchidee” também nasce de muitos vazios, de muitos abandonos. O vazio que vivemos na cultura, em sermos artistas perdidos. O próprio teatro que sinto muitas vezes um lugar que ficou muito empoeirado, falso, morto. A mentira aceita, da representação teatral.
“Orchidee” também fala da necessidade vital de preencher esse vazio. “Orchidee” representa para mim essa necessidade vital e irreprimível de continuar, apesar de tudo, a escrever, a falar sobre amor.
Pippo Delbono
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Vangelo (Evangelho): sábado, 27 de junho: vimeo.com/408083747
Com Gianluca Ballarè, Bobò, Margherita Clemente, Pippo Delbono, Ilaria Distante, Simone Goggiano, Mario Intruglio, Nelson Lariccia, Gianni Parenti, Alma Prica, Pepe Robledo, Grazia Spinella, Nina Violić, Safi Zakria, Mirta Zečević, e com a participação dos refugiados do centro de acolhimento PIAM di Asti. Produção Emilia Romagna Teatro Fondazione, Hrvatsko Narodno Kazalište- Zagabria co-produção Théâtre Vidy- Lausanne, Maison de la Culture d’Amiens – Centre de Création et de Production, Théâtre de Liège.
Estreia: 12 de janeiro de 2016 Theatre Vidy – Lausanne
Duração: 1 hora e 30 minutos
“Pensando bem, Cristo é o único anarquista que teve sucesso”, escreveu André Malraux. Alguns dias antes de morrer, minha mãe, católica praticante, me disse: «Por que, Pippo, não faz um espetáculo sobre o Evangelho? Assim, você espalha uma mensagem de amor. Há tanta necessidade hoje em dia”. Eu pensei imediatamente nas representações de teatro que eu fazia, quando era criança, na paróquia. E também me ocorreu à mente quando interpretei a personagem de Deus em um filme de Peter Greenaway. Um personagem desse filme dizia: “Não foi Deus que criou o homem, mas foi o homem que criou Deus”. E pensei em todas as conquistas, os massacres, as guerras, as mentiras, as falsas éticas criadas por essa hipótese de Deus. Mas também pensei na beleza, na arte e na poesia que essa ideia de Deus nos tem trazido nesses dois mil anos. Pensei no que Marx disse: “A religião é um suspiro da alma em um mundo sem alma”. Assim, comecei a filmar e fotografar as imagens que encontrei em minhas viagens pela Itália, pela França, pela Romênia, pela Rússia e pela América Latina. Imagens da Virgem, de Cristo, dos mártires. Em todos os lugares, encontrei algo relacionado a essa história. Em todo lugar, eu via imagens de Cristo com rostos dolorosos e sérios. Eu via muita pouca alegria nos rostos daqueles Cristos. Senti uma profunda rejeição por toda aquela iconografia sombria, pesada e sofrida, ligada a esse evangelho.
E então eu me perdi, como sempre faço quando realizo meus espetáculos, esquecendo o Evangelho, ou talvez levando comigo apenas o nome desse Evangelho. Acabei conhecendo pessoas que vieram para o mar da África e do Oriente Médio, atravessando oceanos, mas também desertos, fronteiras, prisões, muros. Também conheci ciganos, que viviam em locais de total degradação. E comecei a estar com esses refugiados, conhecendo-os, compartilhando a vida com eles. Nós compartilhamos as histórias, a comida, o tempo.
E no final fiquei com aquelas imagens, aquelas vozes, esses sons, esses ecos, aqueles silêncios ouvidos naqueles campos de ciganos e refugiados, naquelas enfermarias de hospital, mas também aquela força vital, aquela alegria inexplicável encontrada nos lugares. deputados à dor.
Pippo Delbono
Pippo Delbono
Autor, ator, diretor de teatro, Pippo Delbono nasce em Varazze na região da Ligúria, na Itália, em 1959. Nos anos 80, começa seus estudos de arte dramática em uma escola tradicional, que ele abandona após o encontro com Pepe Robledo, ator argentino do Libre Teatro Libre (uma companhia teatral ativa na América do Sul na década de 1970, que usava a criação coletiva como meio de expressão e denúncia da ditadura na Argentina). Os dois se mudam para a Dinamarca, juntando-se ao grupo Farfa, dirigido por Iben Nagel Rasmussen, atriz histórica de Odin Teatret. Inicia neste período, para Pippo Delbono, um caminho alternativo em busca de uma nova linguagem teatral. Delbono se dedica ao estudo dos princípios do teatro oriental – que aprofunda em suas estadias subsequentes na Índia, China, Bali – pelos quais o foco é um trabalho meticuloso e rigoroso do ator sobre o corpo e a voz. Em 1987, conhece Pina Bausch, que o convida para participar do Wuppertaler Tanztheater, uma ocasião extraordinária que marca uma etapa fundamental na carreira artística do diretor.
Os espetáculos de Pippo Delbono não são transposições na cena de textos teatrais, mas criações totais. Uma característica distintiva é a participação de pessoas provenientes de situações sociais de marginalização, capazes de criar nas performances do artista uma experiência cênica única. Muitos são os espetáculos realizados de mais de vinte anos de carreira. Entre eles: Borboni (Moradores de rua), Il tempo degli assassini (O tempo dos assassinos), La rabbia (A raiva), Guerra (Guerra), Esodo (Êxodo), Gente di plastica (Gente de plástica), Urlo (Grito), Il silencio (O silêncio), Racconti di giugno (Contos de junho), Questo buio feroce (Esta escuridão feroz), La menzogna (A mentira), Dopo la battaglia (Após a batalha), Orchidee (Orquídeas), Vangelo (Evangelho) e La Gioa (A Joia).
ERT-Emilia Romagna Teatro Fondazione
Emilia Romagna Teatro Fondazione foi reconhecida em 2015 como um dos “teatros nacionais italianos” pela comissão consultiva de drama do Ministério da Cultura (MIBACT) da Itália e atua desde 1977 como o setor de teatro da ATER- Associazione Teatrale Emilia Romagna. Em 1991, ERT se tornou organismo autônomo da Região Emilia Romagna e do Município de Modena. Em abril de 2001, depois da ampliação pelo ingresso novos membros, tornou-se uma Fundação com um novo estatuto. Hoje ERT é responsável pela gestão artística e administrativas de sete teatros nas cidades de Bologna, Modena, Cesena, Vignola e Castelfranco. Desde 2017, seu diretor artístico é o diretor de teatro e professor universitário Claudio Longhi.
SERVIÇO: |
Teatro italiano em streaming |
Video teaser: vimeo.com/423880467/d6cbf06c08 |
Espetáculos: |
Orchidee (Orquídeas) – vimeo.com/408064853 – 20 de junho |
Vangelo (Evangelho) – vimeo.com/408083747 – 27 de junho |
Data: 6 de junho (sábado) |
Horário: 11 horas |
Já disponibilizados: |
Questo buio feroce (Esta escuridão feroz) – vimeo.com/407985900 – 06 de junho |
Dopo la battaglia (Após a batalha) – vimeo.com/408035067 – 13 de junho |
Instituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro
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