Guilherme Vaz – uma fração do infinito

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Livro-catálogo sobre a trajetória do artista multimeios Guilherme Vaz que reúne um panorama da vida e obra de um dos mais completos artistas brasileiros.

Com apuro gráfico, a edição bilíngue apresenta ensaios inéditos, textos históricos, críticos e analíticos, documentos, registros e fotografias

O livro será lançado com um debate entre os curadores Franz Manata – o curador da mostra -, Marisa Flórido César e Luiz Guilherme Vergara. Eles comentam aspectos da produção artística, com destaque para o papel de Guilherme na introdução da arte conceitual e sonora no Brasil.

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Quarta-feira, 24 de fevereiro, CCBB-Rio, 19h, auditório do 4o. andar

Guilherme Vaz com sua partitura conceitual Silêncio, dos anos 1980. Foto: Divulgação.
Guilherme Vaz com sua partitura conceitual Silêncio, dos anos 1980. Foto: Divulgação.

Guilherme Vaz – uma fração do infinito” é o título do livro e da exposição retrospectiva de 50 anos de trabalho do artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970, em cartaz no CCBB-Rio até 4 de abril. A exposição reúne 41 obras que contemplam os diversos suportes utilizados pelo artista, como a instalação, objetos sonoros, instruções, desenhos, partituras, performances e parte de sua produção musical. Para marcar o lançamento da edição será realizado na quarta-feira, 24 de fevereiro, às 18h30, no auditório do CCBB-Rio, no quarto andar, um debate entre Franz Manata, curador da mostra, Marisa Flórido César, crítica de arte e Luiz Guilherme Vergara, diretor do MAC Niterói. Serão abordados aspectos da produção artística de Guilherme, com destaque para o seu papel na introdução da arte conceitual e sonora no Brasil.

A edição bilíngüe do livro (português-inglês), com 320 páginas, oferece ao leitor uma visão global da obra de Guilherme Vaz. Organizada cronologicamente, apresenta importantes ensaios da curadoria, de críticos convidados, textos do artista, trabalhos e registros dos trabalhos em exibição na mostra, além de um ensaio do fotógrafo e artista Pedro Victor Brandão sobre a exposição.

Os textos do curador Franz Manata tratam da construção do pensamento artístico de Vaz; o primeiro, chamado “O vento sem mestre”, é um ensaio que procura entender a construção de seu pensamento, associado às questões estéticas de seu tempo; um segundo, em parceria com Caio Neves, curador assistente, entitulado “Eu sou o que posso ser”, coloca a fala do artista em primeiro plano, e foi produzido a partir de sua produção oral e escrita; e, no terceiro texto “Notas curatoriais” curador compartilha seu processo de pesquisa, organização do trabalho e os percursos que o levaram até a mostra apresentada e a edição do livro.

Entre os autores presentes no livro estão a crítica e historiadora em Artes Marisa Flórido Cesar, com ensaio sobre a formação da arte contemporânea entre a década de 1965-75; Suzana Reck Miranda, que aborda a primeira trilha sonora de música concreta no cinema brasileiro – criada por Guilherme para o filme “Fome de Amor” de Nelson Pereira dos Santos – e sua importância para o cinema; e ainda o ensaio escrito pelo músico, compositor e filósofo J.-P. Caron sobre a trajetória do maestro Guilherme Vaz.

A trajetória artística de Guilherme Vaz começa na música. Durante os anos 1960, ele participou do grupo de jazz livre Calmalma. Foto: Divulgação.
A trajetória artística de Guilherme Vaz começa na música. Durante os anos 1960, ele participou do grupo de jazz livre Calmalma. Foto: Divulgação.

A exposição “Guilherme Vaz – uma fração do infinito” oferece ao público a oportunidade de conhecer 50 anos de produção de um dos pioneiros da arte conceitual e sonora, responsável pela introdução da música concreta no cinema brasileiro. A entrada é gratuita.

Em sua primeira grande exposição são mostradas 41 obras que contemplam os diversos suportes utilizados pelo artista, como a instalação, objetos sonoros, instruções, desenhos, partituras, performances e parte de sua produção musical.Guilherme Vaz: uma fração do infinito” destaca a importância da obra desse artista no panorama da cultura e deixará como legado um conjunto de textos, documentos e imagens para a memória da arte no Brasil.

Dividida em duas grandes salas que ocupam o segundo andar da instituição, a exposição apresenta um percurso que se articula de forma complementar a mostrar uma fração do infinito artístico de Guilherme.

Na primeira sala, a experiência de Guilherme no interior do Brasil, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. O público poderá conhecer de perto um conjunto de pinturas realizado com o índio Carlos BedurapZoró, da tribo Gavião-Ikolem, de Rondônia, que por solicitação do artista reproduziu, nos tecidos fornecidos por Guilherme, suas pinturas corporais. Mais a série Solos ardentes, composta por16 fotografias feitas com uma câmera amadora em 1999, em que crianças da tribo Gavião-Ikolem estão em frente a uma pilha de carvão da selva, dentro do escritório da Sociedade Pró-Arte, em Ji-Paraná, Rondônia.

Será apresentado o vídeo-concerto harmônico Música em Manaos (2004). Realizado por Guilherme e sob sua regência, a Orquestra Filarmônica Bielorussa se junta aos indígenas da etnia Gavião-Ikolem, no Teatro Amazonas. O registro é uma parceria com seu amigo, cineasta e documentarista Sérgio Bernardes (1944-2007). No outro vídeo, Uma fração do infinito,realizado em 2013 em parceria com o Instituto Mesa, Guilherme estabelece um diálogo com Charles Darwin ao refazer, simbolicamente, o caminho percorrido pelo naturalista britânico na cidade de Niterói. Um teatro sonoro onde os maracás ”acionam” as forças da natureza.

O espaço conta, ainda, com duas esculturas: uma inédita Totem de maracás, composta por centenas de unidades do instrumento indígena, que reflete sobre o aprendizado com o universo indígena, e Jardim sem nome, uma instalação com seixos rolados que, segundo o artista, é uma metáfora acerca do universo da arte, em que sua própria história é como um imenso rio no qual os artistas são seixos dispostos ao longo do caminho.

Guilherme Vaz passou 20 anos em companhia de povos indígenas, produzindo diversas obras a quatro mãos. Foto: Divulgação.
Guilherme Vaz passou 20 anos em companhia de povos indígenas, produzindo diversas obras a quatro mãos. Foto: Divulgação.

A segunda sala apresenta a produção de Guilherme como artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970. Sua pesquisa no campo da notação musical (partituras convencionais, balizamentos gráficos, notações para o cinema e partituras como performance), a instalação sonora Crude, que surge a partir de sua pesquisa acerca do que ele definiu como “música corporal” iniciada na 8ª Bienal de Paris, em 1973, ainda sob o nome de Cru. Em sua primeira versão, o trabalho foi realizado de forma acústica quando o artista extraía sons diretamente da arquitetura. Já a partir da apresentação da 7ª Bienal do Mercosul em 2007, ele incorpora microfones e amplifica o som no espaço. Na versão atual, o artista convida o público para essa experiência. Também é apresentada uma instalação acusmática composta por instruções concebidas para a exposição de arte conceitual “Information”, realizada no MoMA NY, em 1970. No CCBB o artista convida o público a seguir por um corredor com as instruções, agora em português. Ainda nesta sala o curador destaca a parceria de Guilherme com o cineasta e documentarista Sérgio Bernardes, em duas videoinstalações: Amazônia (2006) e Mata Atlântica (2007).

A exposição conta com uma cronologia ilustrada, que aborda a vida e o percurso de Guilherme Vaz e um vasto conjunto de documentos, obras, vídeos e arquivos de áudio para interação do público.

O ARTISTA

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pioneiro da arte sonora, formou-se na Universidade Nacional de Brasília, tendo como professores Rogério Duprat, Décio Pignatari, Nise Obino, Cláudio Santoro, Damiano Cozzela, Régis Duprat, Hugo Mund Júnior, entre outros (1962-1964); e na Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Walter Smetak e Ernst Wiedmer (1964-1966). Fundou, em parceria com Frederico Morais, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus, a Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968-1970). Presidiu a Fundação Cultural de Ji-Paraná, fronteira com a Bolívia, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. Artista multimeios e experimental, autor das obras sonoras: Walktoanywhere, Rio de Janeiro (1970); Open yourdoor as slow as youcan, Rio de Janeiro (1970); Solos ardentes, Nova Iorque (1970); Crude, Paris (1973); Ensaio sobre a dádiva, d’après Marcel Mauss, Oslo (2008). Sua obra foi incluída em importantes exposições coletivas, dentre as quais se destacam: “Hélio Oiticica e seu Tempo”, Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2006); VIII Biennale de Paris, Museé d’ArtModerne de laVille de Paris (1973); “Agnus Dei”, PetiteGalerie, Rio de Janeiro (1970); “Information”, MoMA, Nova Iorque (1970), entre outras.

Editou várias obras em CD com a gravadora OM Records: o vento sem mestre (2007), Sinfonia dos ares (2007), La Virgen (2006), Deuses desconhecidos (2006), Anjo sobre o verde (2006); A tempestade, El arte, Povos dos ares, Der HeiligueSpruch (2005); A noite original – Die SchopfungsNacht [Die Windeuber der Meer amAnfgang der Welt] (2004); Sinfonia do fogo (2004); O homem correndo na Savana (2003), todas elas lançadas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Publicou a Sinfonia das águas goianas (2001), um livro em que reúne algumas das conjunções sonoras mais profundas, arcaicas e significantes do meio central da América do Sul.

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PRÓXIMOS DEBATES

Guilherme Vaz e o cinema

Sinopse: Comenta aspectos de sua obra musical, destacando seu papel na introdução da música concreta nas trilhas sonoras do cinema brasileiro.

Palestrantes: Franz Manata, Júlio Bressane, Suzana Reck Miranda

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Data: 09/03/2016, às 19h

Guilherme Vaz e a música

Sinopse: Comenta sua produção como maestro, sua relação com os aspectos estéticos da música erudita e sua relação com a formação da identidade cultural brasileira.

Palestrantes: Franz Manata, J.-P. Caron

Data: 23/03/2016, às 19h

SERVIÇO

“Guilherme Vaz: uma fração do infinito”

Lançamento do livro e debate: quarta-feira, 24 de fevereiro, às 18h30, auditório do 4º andar do CCBB-Rio

Livro bilíngue (português-inglês), 320 páginas, formato 27x21cm, R$120
Editora: EXST
Projeto gráfico: André Lenz
Visitação da exposição: 13 de janeiro a 4 de abril de 2016

De quarta-feira a segunda-feira, das 9 às 21h

Entrada gratuita – senhas distribuídas 1h antes do início.

O livro será vendido na livraria da Travessa, no dia do lançamento.
Preço: R$ 120,00.

Para aqueles que possuem ‘vale cultural’, o valor é de R$ 50,00.

Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB Rio de Janeiro

Rua Primeiro de Março, 66 – Centro

Informações: (21) 3808-2020

www.bb.com.br/cultura/
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