Por vezes, quando visitamos algum espaço público, um parque, uma praça, etc., em nossa cidade, nos deparamos com lindas esculturas. Aí vem a pergunta, de quem é esta linda e criativa obra? Nesta matéria tiramos a sua dúvida de algumas delas – Edmundo Cavalcanti
Surpreendente. Assim podemos chamar a arte de Gilberto Salvador, um artista apaixonado, formado em arquitetura, que mantém uma obra rigorosa e, ao mesmo tempo, inovadora, utilizando-se de tecnologias e materiais de seu tempo. Em sua carreira artística, Gilberto explora a pintura, a gravura, o desenho e a escultura com paixão e rara maestria.
Gilberto já participou das Bienais Internacionais na China, no México, em Cuba e em Porto Rico, além de ter sido uma figura marcante nas Bienais Internacionais de São Paulo. Também se destacou nas exposições individuais como as do MASP, em 1985 e 1995.
Recentemente sua obra Espuma foi a 1ª obra no resgate do Museu Aberto das Esculturas – que foi retomada pela Prefeitura de Guairá (interior de São Paulo), onde o objetivo é resgatar o projeto original de Burle Marx para o parque Maracá. Atualmente, Gilberto Salvador se dedica na obra Espuma II, que será exposta em um prédio na Rua Haddock Lobo com a Alameda Itu.
Suas esculturas são vistas pela cidade de São Paulo desde 1999. O Voo de Xangô, por exemplo, foi instalada na Estação Jardim São Paulo da Companhia do Metropolitano em São Paulo – Metrô, e lá é alvo de olhares surpresos. Suas obras fazem parte de um acervo internacional, e na cidade de São Paulo podem ser encontradas em diversos locais como na Cinemateca Brasileira, MASP, MAM, Palácio do Governo do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros.
Em 2014 o Parque da Juventude ganhou sua primeira obra de arte – Espheropeia e em 2015 o artista inaugurou o Projeto Bicicleta, instalado no Parque Candido Portinari e a Av. Dom Aguirre em Sorocaba.
Sobre Gilberto Salvador
Arquiteto, professor universitário, conferencista, Gilberto Salvador destacou-se por seu espírito inquieto, pela inovação formal e por uma singular ousadia ao colocar as questões estéticas embasadas num sólido conhecimento das questões sociais e planetárias. Desta maneira, muito jovem, realizou uma série de trabalhos utilizando ícones da sociedade de massa, oriundos das histórias em quadrinhos e da comunicação comercial, no espírito da Pop Art, com aparência Pop Art, mas de manifesto caráter crítico, que causou comoção por seu conteúdo político e formal.
Depois deste início impactante, o artista avançou nas áreas da pintura e da gravura, realizando uma profunda reflexão sobre as questões ambientais, sendo um dos pioneiros brasileiros na busca da consciência planetária e no entendimento do nosso mundo como um ser vivo e de habitantes interdependentes.
Fonte | Fundação Gilberto Salvador
Entrevista
Onde você nasceu? E qual sua formação acadêmica?
Gilberto Salvador – Nasci em São Paulo, Capital. Sou formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Como e quando se dá o seu primeiro contato com as Artes?
Gilberto Salvador – Minha primeira exposição individual aconteceu em 1965, na Galeria de Arte do Teatro de Arena em São Paulo, a convite do ator Gianfrancesco Guarnieri.
Como surgiu ou você descobriu este dom?
Gilberto Salvador – Eu acho que fazer arte não é um dom e sim uma proposta do ser humano de se comunicar com outros, de forma onírica e filosoficamente plausível. Tudo é uma maneira de se posicionar generosa e respeitosa com o universo.
Quais são suas principais influências?
Gilberto Salvador – Penso que na medida em que o artista se dispõe a ter uma leitura aberta e não preconceituosa com a vida, toda informação contribuirá para seu desenvolvimento. A Arte não é o mundo da arte, mas sim da vida sem pré-qualquer coisa. Em alguns momentos foram artistas plásticos, em outros músicos, cientistas, matemáticos e porque não cozinheiros. O artista é o que faz o amalgama do espírito e para isto não existe influências pessoais diretas, mas inúmeras e infinitas, depende da postura deste artista com a vida. Veja bem estou falando de Arte e não Arte Aplicada.
Minha melhor referência é o humanismo e espiritualismo sem religião.
Quais os materiais que você utiliza em suas obras?
Gilberto Salvador – Todos e qualquer material, depende do momento que eu estou criando, pode ser tintas, chapas de cobre, pedras, madeira, bronze, alumínio, osso, vidro e inúmeras resinas e por aí vai, quero deixar bem claro que eu não sou um pintor ou escultor, gravador, desenhista, etc. Eu sou um artista que usa a linguagem visual no seu total, sou o que se chama vulgarmente de Artista-Plástico, ou seja, mexo e produzo fundamentalmente inutilidades.
Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?
Gilberto Salvador – O meu processo de produção normalmente passa por dois estágios, um mental e outro conceitual, onde algumas questões de ordem estética são equacionadas para, em um segundo momento, serem resolvidas tecnicamente. Quando eu crio, não preciso, necessariamente, estar desenhando, pintando ou materializando alguma ideia, pois há um momento de pura introspecção em que consigo definir algumas soluções, inclusive técnicas. Na segunda etapa de realização da ideia, entretanto, podem ocorrer, em meio ao processo executivo, mudanças conceituais e estéticas. Elas são geratrizes de outras obras. Ou seja, dificilmente uma obra minha estará desligada de outras. Não recordo ter vivenciado essa experiência, mesmo em se tratando de suportes diferenciados. Em nenhum momento o meu processo criativo passa por um pré-conceito, pois acredito que, dentro da minha obra, foram raras as ocasiões em que alguma delas tivesse uma ideia pré-concebida da sua existência. No final, eu uso uma dialética estética, dinâmica para desenvolver a minha linguagem, cuja poética é um detalhe tão importante quanto a estrutura. Partindo-se desse conceito, tanto faz se estou trabalhando com uma técnica, com um tema, ou com espaços diferenciados. O pensamento dialético para mim é essencial. No caso, uma questão essencial é o discurso entre o orgânico e o geométrico, como isto se dá no espaço e no tempo de toda a minha obra.
Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?
Gilberto Salvador – Desculpe, mas não existe um tempo, mesmo porque eu nunca tive o objetivo de ser um artista, eu simplesmente sou e faço arte, portanto para ser honesto com esta pergunta eu teria que responder que foi no dia 16 de Dezembro de 1946, o dia em que nasci.
A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na história da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, seguindo técnicas e movimentos artísticos através do tempo, você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?
Gilberto Salvador – Como produção cultural, o resultado sempre será fruto de uma somatória de conhecimentos já elaborados e a arte se insere no inusitado resultado que o artista nos traz. Não há um modelo nem tendência isto só existe em artes aplicadas, tipo moda, desenho industrial, arquitetura, decoração, não em arte, ou não estaremos falando disto. Bucovisky, Bach, Vivaldi, Eiffel, Waldemar Cordeiro, Einstein, Vila-Lobos e outros tantos me influenciaram. Deixe me fazer entender eu não estou preocupado em criar estilo, para mim arte é uma porta aberta para um discurso essencialmente amoroso, só isto.
O que a arte representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das Artes na sua vida…
Gilberto Salvador – Amor pela vida.
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Todo artista tem seu mentor, aquela pessoa a quem você se espelhou que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão, quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?
Gilberto Salvador – Todo artista?
Não acredito, prefiro sim acreditar num contexto de linguagem e poética, ou ele poderia ser um padeiro, frentista de posto de gasolina. O artista é ele, não se forma este pensamento formativo é fundamentalmente acadêmico e não pactuo com isto.
Escola de arte não forma artista, mas sim técnicos que circunstancialmente, podem, e isto raramente, se tornarem artistas, na sua grande maioria se tornam, professores, críticos ou curadores, mas artistas? Tenho lá minhas dúvidas!!!!
Você tem outra atividade além da arte atualmente? Você dá aulas, palestras etc.?
Gilberto Salvador – Minha outra atividade é ser um observador em sua plenitude, quero saber de tudo que possa me interessar, tal como política, economia, biologia, medicina, sexo, agricultura, geografia, ou seja, estou procurando o saber sempre.
Suas principais exposições nacionais e internacionais e suas premiações?
Gilberto Salvador – Entre as principais mostras individuais destacam-se duas exposições no MASP, em 1985 e 1995. Em 1999, a escultura Vôo de Xangô foi instalada na Estação Jardim São Paulo da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Meus principais prêmios são minha mulher, meus quatro filhos, e meus netos. A família que tanto prezo.
Seus planos para o futuro.
Gilberto Salvador – Estou me dedicando agora a obra Espuma II, que será exposta no topo de um prédio na esquina da rua Haddok Lobo com a Alameda Itu, no bairro dos Jardins em São Paulo. A obra está prevista para ser inaugurada em novembro deste ano.
Agradecimento especial à Ana Carolina de Freitas pela colaboração na matéria.
Website: www.fgs.org.br
Facebook: Fundação Cultural e Artística Gilberto Salvador
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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com