Fernando Priamo vive a ideia de um mundo sem fronteiras. Por onde caminha, consegue viajar sem consultar mapa, é como se rebobinasse um filme de viagem. A cada partida, volta com mais 15 mil fotos em sua mala. “A FineArt sou eu”, diz o fotógrafo contemporâneo ítalo-brasileiro e mineiro. Sua motivação ao clicar vem da vontade de ter sido um grande pintor. Enxerga telas nos enquadramentos por detrás das lentes que lhe apresentam o mundo. É a partir dali que sente, se emociona e tenta ao máximo romper o abismo entre o real e sua representação. Priamo quer uma paleta de cores tão completa quanto as da Capela Sistina, e se movimenta acompanhando a inquietude e em direção da luz característica nos quadros de Caravaggio. “A perseverança de Monet, em sempre pintar seu jardim, me fascina”, comenta rememorando uma de suas séries de fotografia em homenagem ao artista impressionista.
Enquanto fotografa, tenta captar não o instante, mas o amanhã. Quer que sua arte esteja sempre à frente do tempo presente, e que possa fazer sentido mesmo se passarem muitos anos. Ao compor uma imagem, busca por uma visão global, gigantesca, e é dessa maneira que acredita nascer uma boa fotografia. “Eu sou muito pequeno em relação ao que eu faço. O trabalho que eu desenvolvo está além da minha capacidade simples. E eu nunca faço sozinho. Mas estas coisas são subjetivas demais para compreender, é preciso sentir”. Fernando e sua espiritualidade andam juntos quando sai em busca de uma foto. “Coisas estranhas me acontecem, como se alguém me mostrasse, me chamasse para um olhar”.
Uma máquina de fotografar em cima de uma máquina fotográfica, assim define sua cabeça que recebe estímulos a todo o tempo. Não consegue viver sem congelar momentos de seu dia. Os pensamentos ruidosos encontram tranquilidade no barulho da cidade, embora às vezes recorra à música em seus fones de ouvido, ou concentra-se naquela trilha que toca ao fundo do local em que está posicionado com sua câmera. A primeira delas comprou logo na época em que cursou fotografia, em São Paulo, uma Zenit, Russa, a profissional mais acessível do mercado para o até então estudante. Na época, a fotografia de moda lhe servia como território para imersão, colecionava desde criança recortes desta editoria e também de revistas National Geographic, enquanto pensava: “Como é possível alguém ter feito esse registro de paisagem?”. Atualmente, a pergunta volta-se para ele: “Qual é a beleza que faz Priamo ficar de joelhos para o mundo?”
Reluta ao preto e branco porque ama cores, embora tenham séries específicas que evocam as muitas tonalidades de cinzas que estão entre os dois abismos, um exemplo é seu trabalho sempre em andamento que faz enquanto assiste as rodas das bicicletas das garotas girarem. Prefere datas nubladas à dias ensolarados, porque é na paisagem cinza que as cores saltam para fora. Se fosse escritor, seria de muitas palavras, te interessa o cheio, o caos, a sobreposição, e principalmente, em como vai criar um só arranjo a partir de tantos elementos disponíveis no seu campo de visão. É na pintura, principalmente, dos italianos, que mais aprende sobre composição.
As fotografias que não se mostram 90% prontas em sua câmera, são deletadas. Até em termos de luz, Priamo puxa mais saturação e contraste quando a imagem pede, ou gera mais palidez e capta tons pastéis quando quer. O trabalho de edição segue quase a mesma lógica de quem trabalha utilizando recurso analógico.
Fotografa com os dois olhos arregalados para o mundo. Não cerra as pálpebras para não prender sua visão aos limites da lente. Enquanto um opera no visor, o outro olho está atento ao entorno, antecipando o que pode acontecer e acabar entrando no campo da lente. “Eu posso esperar um elemento entrar no campo de ação, e pará-lo, e com isso, não perder a foto”.
A fotografia é sua alegria, mas não só. Já passou momentos catárticos fotografando, como quando viajou para Auschwitz e visitou o campo de concentração. Fotografou o tempo inteiro em um processo intenso. “As pessoas quando veem as minhas fotos, elas olham para um lugar triste, mas não conseguem acessar o que se passa na minha cabeça. Neste choro está todo meu sentimento, eu via tudo embaçado”.
Fernando Priamo reconta sua vida a partir do que seu olhar alcança. A fotografia lhe deu tudo, inclusive a capacidade de causar uma ruptura no espaço-tempo. “Sou eu tirando pedacinhos do espaço e colocando em uma tela, que vai para uma galeria na intenção de se perpetuar por anos. Quando a obra chega a este estágio, Priamo acredita que o artista sai de cena, e a obra ganha vida própria. Em uma relação mental, é como se a obra fosse o subconsciente, a obra é tudo, e seu autor, o consciente.
Por Carime Elmor (jornalista)
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ENTREVISTA
1- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas fotos?
Meu processo de produção começa efetivamente na década de 1990, quando inicio o curso de fotografia, em São Paulo. Antes disso, meu trabalho era especificamente experimental, sem embasamentos técnicos; apenas fruto do meu talento nato.
2- O que a fotografia representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado da fotografia na sua vida?
Posso resumir a fotografia da seguinte forma: a fotografia sou eu e eu sou a fotografia.
3- Você tem outra atividade além da arte? Você dá aulas, palestras etc.?
Não. Sou fotógrafo em tempo integral.
4- Suas principais exposições nacionais e internacionais e suas premiações?
Exposições individuais:
– 2006 “Um olhar na sexta, sem cerimônia”, local: CCBM/Juiz de Fora;
– 2012 “Itália de corpo e alma”, local: CCBM/Juiz de Fora;
– 2013 “Retratos de Auschwitz, a arte em busca da paz”, local: CCBM/Juiz de Fora;
Além das exposições individuais, Fernando Priamo participou de várias exposições coletivas.
Principais prêmios:
– 1° lugar no Concurso Nacional Festas e Folias em Minas, realizado pelo Portal Descubra Minas – Senac/MG, 2006;
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– Duas Menções Honrosas no Concurso Nacional Clique Turismo, realizado pelo Sesc/MG, 2008;
– Menção Honrosa no Concurso Nacional Prêmio Nordeste de Fotografia, realizado pelo Grupo Nordeste/PE, 2008.
5- Seus planos para o futuro?
Pretendo expor e mostrar meu trabalho nos grandes centros urbanos do Brasil e do mundo, fazendo com que minha fotografia torne-se atual mesmo daqui a 100 anos.
6- Em sua opinião qual é o futuro da arte brasileira especialmente a fotografia e dos seus artistas? (no contexto geral) e porque tantos artistas estão dando preferência em mostrar seus trabalhos em exposições internacionais apesar dos altos custos?
A fotografia brasileira está em um momento de ascensão e atraindo olhares de todo o mundo. Contamos com artistas das mais variadas formas de fotografia, com olhar diferenciado e particular. Apesar dos altos custos em exposições internacionais, esse mercado, além de valorizar a fotografia como arte, dispõe de recursos financeiros para absorver esses trabalhos.
7- Tenho percebido que algumas galerias tradicionais estão encerrando as atividades. Os artistas estão dando preferência para expor em Espaços Culturais. Em sua opinião qual seria a causa?
Devido aos altos custos impostos às galerias, muitos empresários do ramo optam por não ter portas abertas, fruto de um aperto econômico pelo qual passa o mercado brasileiro. Já em espaços culturais, existem incentivos fiscais e leis de incentivo à cultura (municipais e estaduais) que estimulam essa demanda.
Website: Em produção
Facebook: Fernando Priamo
Instragram: @fernandopriamo
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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com