Laura Freitas ocupa a Galeria Candido Portinari, na UERJ.
Instalação com vídeos e 1.200 fragmentos em crochê misturados a cascas de ovos sugere formas orgânicas e paisagens moles.
Exposição vai de 4 de julho a 22 de agosto,
com curadoria de Fernanda Pequeno.
No dia 4 de julho, a artista Laura Freitas inaugura a mostra “Falo por um fio”, na Galeria Candido Portinari, no campus da UERJ. Laura, que faz uso de diversos tipos de suportes em sua linguagem, resgata na mostra os fios e o tecer, que há tantos séculos ocuparam um lugar reservado à mulher: o lugar doméstico. A artista leva esse fazer “feminino” e privado para dentro de uma galeria de arte, espaço público. Com curadoria de Fernanda Pequeno, a exposição fica em cartaz até 22 de agosto. A entrada é franca.
A instalação de Laura Freitas é composta por dois vídeos e aproximadamente 1.200 fragmentos feitos em crochê em composição com cascas de ovos. Da trama, círculos concêntricos se erguem em falos leves e frágeis, formando um ambiente macio e delicado que desperta um desejo pelo toque. “Eu falo de ovos – ovos vazios, ovos frágeis. Falo de tramas de crochê, de buracos violados pela umidade do olho e da língua. Falo de intimidade, de sensações, de encontros, de trocas. Falo de afeto. De uma grande massa de orifícios, volumes e texturas. Falo por um fio”, diz a artista, que nos convida a pensar num mundo mais flexível onde a rigidez e a verticalidade perdem o lugar de poder. Para o projeto, a artista contou com a participação voluntária de um grupo de mulheres entre 21 e 80 anos, que se reuniam em encontros semanais laçando pontos comuns entre si: o fio e a fala.
O trabalho em exposição remete à ação de artistas como Judy Chicago e Myriam Schapiro, que, em 1972, criaram a Womanhouse, importante exposição de arte que contou com trabalhos das co-fundadoras do programa, bem como de mulheres artistas da comunidade local. Naquela exposição, o uso de técnicas historicamente codificadas sob o rótulo de femininas, artesanais e, portanto, caracterizadas como inferiores, apresentaram-se como escolha política de confrontação a “algumas leis interessantes não escritas acerca do que são considerados temas e materiais apropriados para fazer arte”, como diz Schapiro. O uso estratégico do fio enquanto fala está presente também na mitologia grega, com Penélope, ou para controlar o destino dos mortais e determinar o curso da vida humana, com o poder decisivo das Moiras.
Laura Freitas
Vive e trabalha em Niterói, RJ. Graduada em Educação Artística, iniciou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 2013, participando de cursos ministrados por João Carlos Goldberg, Franz Manata e Iole de Freitas. Entre 2004 a 2007, participou de mostras coletivas em espaços do Rio de Janeiro, como o Centro de Artes Calouste Gulbenkian e o Museu do Bispo do Rosário, e, em Niterói, onde fez sua primeira individual, Casulos, na sala José Cândido de Carvalho. Em 2016, expôs na galeria Quirino Campofiorito – Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em Niterói, com a individual (Re)colher-se. Em 2017, participou de coletivas na Eixo Arte galeria virtual e da mostra REBENTO, no Espaço MarciaXClayton (RJ). Apresentou também a performance Convite para um chá de frutas vermelhas, pela Eixo Arte, na Fábrica Bhering (RJ). Em 2018, expôs em mostras coletivas: Eixo Arte galeria virtual e Serendipty, na C. Galeria (RJ).
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Fernanda Pequeno
Nascida no Rio de Janeiro, em 1983, é professora adjunta de história da arte do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde atuou como coordenadora de exposições do Departamento Cultural, de 2016 a 2018. É Doutora em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com período sanduíche no Chelsea College of Arts (University of the Arts), Londres. É membro da equipe editorial das Revistas Concinnitas e Arte ConTexto. Autora de Lygia Pape e Hélio Oiticica: conversações e fricções poéticas (Apicuri, 2013). Atua regularmente como curadora desde 2009. Entre suas curadorias destacam-se: Possibilidades do ateliê contemporâneo (Funarte/EAV Parque Lage, 2009), Vida Longa ao Vila Longuinhos! (Museu Murilo La Greca, 2009), Escuta da imagem (Ibeu, 2011), Play (Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, 2013-14), Nós (Caixa Cultural, 2016-17), Panelas de Pressão também sibilam (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2017), Bruto (Galeria Candido Portinari, 2018), Imagem-experiência (A Mesa, 2018), entre outras.
Galeria Candido Portinari
A Galeria Candido Portinari é um espaço potente de difusão das artes visuais ao promover, em seus diferentes processos, linguagens e suportes artísticos contemporâneos, valores artísticos, educativos, simbólicos e culturais. Desse modo, o espaço apresenta-se como um importante instrumento de propagação das práticas institucionais que, sem criar hierarquizações entre saberes e fazeres distintos, oferece oportunidades iguais àqueles que têm nas artes um campo de projetos, ações e pensamentos.
Serviço |
Exposição: Falo por um fio |
Artista: Laura Freitas |
Curadoria: Fernanda Pequeno |
Abertura: 4 de julho (quinta-feira), de 18h às 20h. |
Visitação: 5/7 a 22/08/19, de segunda a sexta-feira, de 10 às 19h |
Entrada franca |
Local: Galeria Candido Portinari – UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
End.: Rua Francisco Xavier, 524, Maracanã, Rio de Janeiro – RJ |