EXPOSIÇÃO TROIS
“O centro de gravidade do sujeito é essa síntese presente do passado a que chamamos história” LACAN
O Barroco Mineiro se desenvolveu em Minas Gerais entre os séculos XVIII e XIX. Com estilo e características próprias, o movimento recebeu influências artísticas do Barroco Europeu e do barroco que predominava em outras partes do Brasil, como Salvador e Rio de Janeiro. Preservando as características de dualidade e contradições do movimento artístico, em Minas Gerais, começou a se desenvolver como um estilo de personalidade própria que deixou sua marca na história da arquitetura, da pintura e da escultura.
Caracterizada pela grandiosidade, a arte barroca mineira é rica em detalhes, cores e ornamentos em ouro. Arte que explorou os materiais típicos da região, como o cedro e a pedra-sabão, criando assim uma autenticidade carregada de características peculiares. Evocando a religião em cada detalhe, o barroco mineiro seguiu a tendência da Arte Barroca, crescendo, sobretudo, em torno das igrejas e confrarias.
A conjugação entre memória, verdade e esquecimento se faz presente, de maneira eloquente, nas 36 fotografias de Trois.
Os três fotógrafos viajaram, não só geograficamente, mas de forma analítica por ruas, construções, histórias e suas próprias vivências. A cidade histórica de Ouro Preto foi o cenário para reflexões distintas, reencontros com o passado e descobertas. Em preto e branco, somos convidados a um mergulho em nossa própria existência, pós-advento da pandemia. Encontramos pelo olhar de Denise Greco, Luciana Alves e Sergio Graça a nossa própria solitude, enquadrada pela atemporalidade do barroco.
Entre luz e sombra, passamos as fotos uma a uma, tentando nos reencontrar ou descobrir uma parte de nós esquecida. “Aquele que não é capaz de relembrar o passado está condenado a revivê-lo” assim nos alertou Marcel Proust em seu romance Em busca do tempo perdido, que põe em cena uma fecunda experiência e reflexão sobre tempo e memória. Essas duas noções são matizadas por coloraturas modernas desde o próprio título da obra e estendidas ao longo da narrativa proustiana.
Há algumas experiências, entretanto, que jamais podem ser recuperadas pelo trabalho da memória. Em geral, essas experiências se dão em um tempo em que o sujeito não pôde compreendê-las ou que, devido à sua natureza, escapam à compreensão e só posteriormente, em um só-depois, tornam-se objeto de interpretação ou de entendimento.
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Em cada narrativa, é possível abrir mão de noções pré-estabelecidas e ativar a abstração em relação ao significado de cada fotografia apresentada. Uma oportunidade de assumir a persona do artista e mergulhar em seu interior.
Trois é muito mais do que uma exposição, é o registro de uma época.
Lu Valença
curadora
Para acessar a exposição virtual contemporaneosgaleria.com/exposicao-trois