Público pode visitar a mostra a partir de HOJE pelo site do Centro Cultural Vale Maranhão, e conferir o que artistas estão produzindo nesse momento de pandemia
A partir de hoje, terça-feira, dia 20, o Centro Cultural Vale Maranhão – CCVM abre à visitação virtual a exposição coletiva ‘Desmanche’, com 33 obras de artistas brasileiros selecionadas por meio do edital Ocupa CCVM 2020/2021. Compõem a exposição obras de diversas linguagens artísticas, dentre elas, desenho, pintura, vídeo, instalação, vídeo-performance e fotografia. A curadoria da ‘Desmanche’ foi realizada por Gabriel Gutierrez, diretor e coordenador artístico do CCVM, e tem como fio condutor a principal diferença da humanidade quando comparada ao mundo animal, que é a capacidade de construir, fabricar, produzir, criar, desconstruir, reciclar e reinventar.
A palavra Desmanche foi escolhida como título por conta de seu significado: “manche” no latim quer dizer “que se pode segurar com as mãos”. Em contraposição, a palavra por completo tem sentido de ação e movimento, e se aproxima muito da ideia de profanação. A exposição traz como síntese para essa reflexão o desmanche de carros, convidando ao pensamento crítico sobre o cenário de crise atual. Por outro lado, a perspectiva é otimista. Da possibilidade de desmontar, nascem as brechas para a recriação das coisas.
A artista brasiliense Camila Soato, vencedora de diversos prêmios, como o PIPA de Melhor Exposição em 2013, e citada com louvor por sua originalidade em textos da crítica nacional de arte contemporânea, leva algumas de suas pinturas de sucesso em óleo sobre tela para a ‘Desmanche’. As obras formam o projeto ‘Arregaça: o mito do ser pacífico’, que foi criado em parceria com sua produtora, Gabriela Rodrigues. Ele tem como fio condutor um desejo de registrar a história de ambas, pela lente de suas vivências enquanto mulheres. “De forma debochada e escrachada, proponho um jogo com imagens apropriadas da internet juntamente com fotografias caseiras executadas por mim em situações um tanto incomuns. Tentamos mostrar uma história de forma diferente do que foi invisibilizado pelo contexto androcêntrico hegemônico e patriarcal em que estamos imersas”, explica a artista. Com o projeto, Camila abre uma reflexão sobre questões que envolvem micropolítica, sexualidade, identidade, gênero e hegemonia histórica.
A baiana Ieda Oliveira, artista vencedora do prêmio FUNARTE de Artes Visuais, em 2018, apresenta ‘Ninho de Cobras’, instalação interativa feita de tecido e couro sintético. De acordo com a artista, esta obra, assim como as outras duas que irá apresentar na exposição (‘Pedra Falsa’ e ‘Com a Cabeça nas Nuvens’), “dá suporte a materiais e objetos do uso cotidiano, como fonte de uma construção poética visual, onde as conexões entre imagem-palavra criam seu eixo gerador”.
A maranhense Wilka Sales, em sua terceira aprovação no edital Ocupa CCVM, irá apresentar obras que englobam fotografia e vídeo, criadas pela artista em 2020. O material foi construído a partir de fragmentos de narrativas íntimas já durante o período de isolamento social. A criação das poéticas foi realizada no sítio de seus pais, onde Wilka está morando temporariamente. “A partir deste retorno (à casa dos pais), várias memórias familiares coletivas foram surgindo. A pandemia, nesse sentido, surgiu como um atravessamento, como um incidente em minhas criações, mas eu decidi continuar com a pré-produção em um processo inicialmente solitário, já que em alguns trabalhos esse mergulho em si é aflorador”, conta a artista. Sobre desenvolver arte na pandemia, Wilka afirma que é uma adversidade. “Meu maior desafio foi o tempo e distanciamento provocado pela pandemia, tendo que construir o material com as ferramentas disponíveis e improvisadas, além de uma equipe reduzida a um iluminador e um editor”.
A instalação ‘ARMADILHA’, criada pelo artista maranhense convidado da edição, Marcos Ferreira, é outro destaque da exposição. Através das cores, o espectador é convidado a interagir com a obra, se sentindo atraído por ela. Marcos criou ‘ARMADILHA’ em meio à pandemia, aproveitando o tempo livre que ocupou aprimorando a técnica do crochê. “O crochê possibilitou ver o tempo de outra maneira, podendo, mesmo que minimamente, se desligar do exterior e abrir a cabeça para aprender ainda mais sobre a técnica”, explica o artista. A exibição apenas virtual da obra é vista como positiva por Marcos. “O Ocupa CCVM possibilita expor meu trabalho nacionalmente e é uma forma de fomentar a criação artística local também, dando visibilidade e possibilitando novos acessos, além de estimular no desenvolvimento e na forma de repensar e experimentar novas técnicas e matérias”.
Outros artistas participantes da ‘Desmanche’ são: Paulo Desana, Júnior Suci, Tales Frey, João Almeida, João Angelini, Marcelo Muniz e Cadós Sanchez.
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Serviço |
O quê: Exposição coletiva virtual ‘Desmanche’ |
Quando: A partir de 20 de abril de 2021 |
Onde: www.ccv-ma.org.br |
Sobre o Centro Cultural Vale Maranhão
O Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) é um espaço cultural mantido pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o objetivo de contribuir na democratização do acesso à cultura e valorização das mais diversas manifestações e expressões artísticas da região.