A Lição de Pintura
Quadro nenhum está acabado;
Disse certo pintor;
Se pode, sem fim continuá-lo,
Primeiro, ao além de outro quadro.
Que, feito a partir de tal forma;
tem na tela oculta uma porta
que dá a um corredor
que leva a outra e a muitas outras.
(MELO NETO, 1975, p.68)
As palavras do grande poeta brasileiro tracejam a mais sutil essência da alma daquele que cria a Arte ou a Poesia. Tal atributo condiz com o trafegar pelos campos fecundos do sonho e pelos recônditos do espírito imaginativo. Pode ser que o artista voeje por esses infiltrados mundos, a cada nova obra. É como se a cada pintura se abrisse uma nova porta, como se um novo mundo se descortinasse, por suas mãos, cada vez que se aventurasse pelos campos da criatividade. Ao observador, cabe descerrar essas portas e ingressar em seus interiores, peregrinando pelos campos das formas e das cores ha escondido en una pantalla de puerta.
Acreditando na Arte como um portal de acesso para diferentes reflexões e temas, a excelente curadoria de Sandra Honors abriu as portas de uma nova mostra, que reúne artistas com estilos, técnicas, formações diversas e que envolve, sobretudo seus processos criativos. A cada um foi apresentado o desafio de abrir uma passagem e por ela se enveredar, convidando o espectador a também penetrar nesse universo. O ponto de partida seria uma porta simplesmente, que a alguns poderia se apresentar nova, ou antiga; moderna ou desgastada pelo tempo. E talvez o próprio tempo poderia descortinar elementos que haveria, seguindo e revelando traços de uma Antiguidade que se foi, de um rosto, de um olhar ou de um momento. Pode ser que a alguns a abertura revele o abstrato das nuvens de verão, entremeadas de pássaros, pode ser que formas conhecidas se revelem entremeadas de cores e é possível que formas geométricas se intercalem, formando lindos quebra-cabeças. E há muito que se expor desses mundos intrínsecos do artista, das mãos que os constroem e que tanto encantam o olhar.
Mais que apenas as formas e as cores, ficam à mostra as impressões do mundo, as emoções afloradas, as incertezas, os medos e as ilusões, em toda a profundidade que a alma do artista consegue alcançar. O invisível fica evidente, e ainda é possível que se percorram mais caminhos, que se descortinem mais portas a cada novo olhar, em uma mesma obra.
O espectador é convidado a participar de tal jornada que ficará em exposição até o dia 31 de dezembro, no Mercure Hotel São Paulo Paulista, Rua São Carlos do Pinhal, 87 – Bela Vista – São Paulo – SP. Fazem parte da mostra grandes nomes da Arte,
Ana Bittar
Chana Rosenberg
Eliane Amorim
Felix Fassone
Hamilton Dorigatti
Heleanyr Benatti
Krys Potter
Laila Guimarães
L. samadar
Marisa Romeo
Mi Castelani
Nasevicius
Regina Freitas
Rogério Romanek
Sandra Honors
Cada porta aberta revela o pedacinho de um mundo, o interior de cada espírito, tão particular, tão inerente a cada artista. O fruto da diversidade deixa de ser apenas o Belo da Arte, acrescenta-se a harmonia ao conjunto revelada pela essência de cada obra. E Belo segue seu caminho.
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Referências:
MELO NETO, João Cabral. Museu de Tudo. São Paulo: Ed. José Olympio, 1975.
ROSÂNGELA VIG
Sorocaba – São Paulo
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: rosangelavig@hotmail.com