Exposição na Pinacoteca Benedicto Calixto

“Século XX: Trabalhos em papel”, com obras de artistas brasileiros de relevância internacional

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Começa nesta terça, 30 de Março, com transmissão às 20h30 pela página da Pinacoteca Benedicto Calixto no Facebook, a exposição Século XX: Trabalhos em Papel.

A ‘live’ será um passeio virtual pelas obras da exposição, complementada por depoimentos em vídeo gravados com os curadores. Posteriormente à abertura, o conteúdo da ‘live’ continuará acessível a todos os interessados.

Originalmente programada para o espaço expositivo da Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, a mostra será apresentada pela internet devido às rígidas restrições impostas pela fase emergencial de enfrentamento à pandemia do coronavírus em todo o estado. Ao término da fase emergencial, previsto para o próximo dia 11 de Abril, há a possibilidade, ainda não confirmada, de que a exposição possa vir a ser ser aberta a visitação pública.

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Século XX: Trabalhos em Papel reúne um conjunto de 25 obras de Rubens Gerchman, Leda Catunda, José Roberto Aguilar, Gilberto Salvador e Claudio Tozzi, artistas brasileiros contemporâneos de relevância internacional. Como indicado no título da mostra, que tem curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti, todas as obras têm papel como suporte – são desenhos, pinturas, aquarelas, colagens e gravuras.

Segundo Zibel, neste momento em que “a cultura digital, potencializada pela internet e as redes sociais, se configura dominante, importa recuperar trabalhos desses artistas contemporâneos, que estabeleceram parâmetros e linguagens referenciais desde a segunda metade do século passado, e favoreceram o desenvolvimento artístico exponencial que a globalização da economia e da cultura propiciou dos anos 1990 até hoje”.

CINCO ARTISTAS

Gilberto Salvador (nascido em 1946) foi um dos expoentes do movimento Nova Figuração, obtendo merecido destaque pela força e emoção emanadas do diálogo entre uma rica poética pessoal e uma paleta com inúmeros meios. Suas pesquisas de cor e suporte levaram-no à escultura, segmento em que vem realizando no espaço público importantes obras apoiadas em linguagem construtiva. Seus trabalhos nesta mostra são da série Aquagráfico (acrílica sobre gravura em metal, madeira, fibra de vidro e resina poliéster). Surpreendem por suas dimensões, raras em obras sobre papel, e são exemplos adequados da linguagem, formato e principalmente do tipo de inovação propiciada pelo método de trabalho que caracteriza sua importante obra plástica.

Leda Catunda (nascida em 1961) tem sua obra lindeira ao surgimento da cultura digital dos anos 1990. Faz, portanto, uma ponte das contribuições da Arte Pop e da Nova Figuração brasileiras com as bordas da incipiente invasão das linguagens digitais, com a consequente interpenetração dos campos e das mídias, características da arte contemporânea. Seus trabalhos usufruem da expansão dos territórios das artes e da afirmação da intertextualidade midiática. Os instigantes trabalhos em papel que fazem parte desta mostra, todos da série Projeto Night Club, de 2014, são xilogravuras sobre metal que denotam a possibilidade de vê-la mais de perto, quase que no processo criativo onde tais obras inovadoras são instituídas.

Claudio Tozzi (nascido em 1944), em sua fase Pop Art revela a transformação intertextual de certos referentes da comunicação de massa entre 1960 e 1970, de grande penetração popular via mídia impressa, cinematográfica e televisiva. Com uso de linguagem gráfica que se apoia tecnicamente na visualidade dos processos de registro e impressão da época, realiza a convergência das mídias nas artes, antes do vídeo e do recurso digital. Os trabalhos expostos, na maioria da série Parafusos, uma das mais icônicas que produziu, oferecem a oportunidade de conhecer um pouco mais de seu repertório gráfico – e avaliar, em perspectiva histórica, algumas das temáticas e processosque o artista encontrou para expressar, poetizar e consagrar sua arte.

José Roberto Aguilar (nascido em 1941), um dos pioneiro da Nova Figuração no Brasil, é criador de postura profundamente comprometida e apaixonada pela arte. Revela em sua obra filiação à tradição psicológica do abstracionismo e certa dose de influência onírica, numa chave de surrealismo mágico que ressoa na cultura underground e nos movimentos libertários de maio de 1968. Os trabalhos expostos comunicam, como é norma em sua obra plástica, acentuada dimensão espiritual. São peças de integração homem-arte, fruto de uma descoberta do momento presente. Espontâneos, expressionistas e vibrantes trazem figuras aparentemente bidimensionais que, em leitura mais atenta, se desdobram em espaços, fundos, movimentos, perspectivas e indagações insuspeitas.

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Rubens Gerchman (1942-2008) é reconhecido como um grande mestre as artes plásticas brasileiras. Sua longa carreira conheceu momentos marcantes da cultura nacional, como no período em que assumiu a direção Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Os trabalhos expostos são quatro serigrafias, duas reportando cenas populares e as outras duas imagens fotográficas de edificações retrabalhadas em serigrafia. Completa a seleção um belo desenho original da série Futebol. São peças que reafirmam seu olhar poético e amoroso em relação à cultura brasileira, sempre em busca das linguagens e técnicas adequadas à transformação de imagens icônicas da mass media em obras de referências na área das Fine Arts.

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Trecho do texto dos curadores Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti:

Reveste-se de um encanto especial expor à fruição pública essa seleta de trabalhos sobre papel – desenhos, pinturas, aquarelas, colagens e gravuras –, desenvolvidos em originais ou séries assinadas, nas quais se pode vislumbrar de modo privilegiado, além da imagem plástica, a memória da manifestação manual, quase viva, do pensar-fazer de cada artista.

Não à toa quase todos os participantes da mostra Século XX: Trabalhos em Papel pertencem à geração 1960 – menos Leda Catunda, que é da geração 1980. (…) Todos esses artistas são fruto, e foram fortemente influenciados, pelas liberdades advindas do anti-academismo e abertas pelo Modernismo brasileiro. Situação que permitiu a eles, artistas do século XX – conscientes do contexto histórico, cultural e tecnológico da época –, desenvolver linguagens e campos de trabalho, de fato, inovadores.

Cumpre ainda salientar a influência sócio-política-cultural na arte brasileira, desempenhada pelos eventos da modernidade no pós-Segunda Guerra Mundial durante, e após, as revoltas estudantis iniciadas na França em 1968. Não se poderia entender convenientemente o papel histórico da Pop Arte e da Nova Figuração nacional sem recordar o caminho das artes no contexto de importantes passagens entre a Semana de Arte de 1922 e as manifestações de maio de 1968, e as decorrências socioculturais na Europa, EUA e também no Brasil, entre outros países.

Hoje quando a cultura digital potencializada pela internet e as redes sociais se configura dominante, inclusive na área artística e cultural, importa recuperar trabalhos desses artistas contemporâneos que através do papel destacado na cena cultural brasileira, estabeleceram parâmetros e linguagens referenciais desde a segunda metade do século passado, e favoreceram o desenvolvimento artístico exponencial que a globalização da economia e da cultura experimentou dos anos 1990 até hoje.

Outros eventos virtuais – Até o final de Abril a Pinacoteca Benedicto Calixto também estará apresentando virtualmente, através de sua página no Facebook, sempre com início às 17 horas, os eventos Música da Pinacoteca – dias 2, 9, 16 e 23 de Abril – e Sarau Calixto – dias 4, 11, 18 e 25 de Abril.

Serviço – A Pinacoteca Benedicto Calixto fica na Av. Bartolomeu de Gusmão 15, Boqueirão, Santos, tel. (13) 3288-2260.
A exposição Século XX: Trabalhos em papel terá abertura virtual através ‘live’ a ser transmitida pela página da Pinacoteca Benedicto Calixto no Facebook na terça-feira, 30 de Março, às 20h30.
O endereço é www.facebook.com/FundacaoPinacotecaBenedictoCalixto/live. Posteriormente, o conteúdo da ‘live’ continuará acessível a todos os interessados.
A exposição Século XX: Trabalhos em papel, bem como os eventos Música na Pinacoteca e Sarau Calixto são realizados pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto com apoio do ProAC-Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

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