Exposição de Paulo Byron no Círculo Militar de São Paulo por Rosângela Vig

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Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.

Recordo ainda… E nada mais me importa
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos meus brinquedos de criança…
(QUINTANA, 2004, p.13)

Série Brincadeiras Infantis, Rabiola, foto de Soso Botture
Série Brincadeiras Infantis, Rabiola, foto de Soso Botture.
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Não poderia haver época melhor para provocar saudade. Da infância, as recordações que ficam são doces; as ambições são poucas; o tempo é longo e infindável; e a vida corre feliz. Tão feliz que não percebemos que essa felicidade verdadeira existe. Até que crescemos e percebemos que um dia ela se foi e que era real. E o tempo deixa as cicatrizes de um tombo, de um “dodói” que a mãe beijou, de um brinquedo que se quebrou, da pipa que foi laçada e até mesmo das palmadas e das broncas. É indiscutível a doçura da poesia de Mário Quintana e, suas palavras, aqui colocadas, traduzem a essência da exposição de Paulo Byron, no Círculo Militar de São Paulo.

A exibição, cujo nome é Memórias, carrega a essência de um tempo que se foi e da saudade que deixou. Entre as memórias que o artista escolheu, estão aquelas da infância, dos patinetes, das pipas e de suas rabiolas, dos carrinhos e das brincadeiras de boneca. Todas com muitos pés descalços pelo chão, em brincadeiras de rua, talvez despreocupados com a vida, ainda, mas com o único propósito de brincar até cair o dia. Mas estão também como memórias, obras que conduzem aos tempos antigos, das madrugadas, da vida boêmia, dos violões, da cantoria entre amigos e de seus instrumentos musicais. Os boêmios, em bares e botecos, de terno e de gravata, são o retrato de um “malandro” inofensivo que há tempos, foi a “cara” do Brasil e que deixou saudade. Saudade que fica novamente com as palavras de Quintana:

É a mesma ruazinha sossegada,
Com as velhas rondas e as canções de outrora…
E os meus lindos pregões de madrugada
Passam cantando ruazinha em fora!
(QUINTANA, p.14)

Convite
Convite Exposição.

A saudade e os tempos antigos estão no traço do artista, que exibe um caráter único e inconfundível. Nas telas grandes, as personagens em perspectiva exagerada, levam à ideia de movimento e de aproximação. A sensação final é a de que estão caminhando para fora da tela. As cores sóbrias e sérias contrastam com o colorido de brinquedos, de objetos e de roupas, que se destacam e deixam as cenas alegres, repletas de vida e de luz. O artista ainda brinca com a textura e com os desenhos ao fundo, que parecem salientes e em relevo. O efeito final é sobretudo o de querer olhar, pela poesia das obras e pela saudade que provoca.

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Exposição Individual “Memórias” de Paulo Byron

Círculo Militar de São Paulo

Rua Abílio Soares, 158, São Paulo

De 18 a 23 de junho, das 10 às 17 horas.

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Curadoria de Silvia Farina.

Confira as obras do artista:

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Referências:

EAGLETON, Terry. A Idéia de Cultura. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

QUINTANA, Mário. Quintana de bolso. Porto Alegre: Ed. & PM, 2004.

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