A noite empalidece. Alvorecer…
Ouve-se mais o gargalhar da fonte…
Sobre a cidade muda, o horizonte.
É uma orquídea estranha a florescer.
Há andorinhas prontas a dizer
A missa de alva, mal o sol desponte.
Gritos de galos soam monte em monte
Numa intensa alegria de viver.
(ESPANCA, 2003, p.76)
São indizíveis as nuances que o céu adquire quando a manhã desponta no horizonte ou quando a tarde fecha suas janelas, abrindo espaço para o anoitecer. Entram tons de azul mesclados ao céu alaranjado ainda do final do dia. E o firmamento rosado, vai ficando roxo e azul marinho aos poucos, salpicado de estrelas feito um jardim florescendo. O espetáculo do nascer e do pôr do sol protagonizam a deslumbrante cena que fica disponível a nosso olhar diariamente. Poucos são os que observam essas mudanças de cores ou que ainda as contemplam. À Arte também cabe tal brincadeira com as cores. Cabe a seu espírito criativo sonhar a combinação perfeita para cada espaço em branco da tela.
E quando se dissipam as nuvens, a obra surge ousada e sem limites no espaço em que o pincel corre livre. Esse pensamento permeia a obra da artista e curadora de Arte Maria Vieira. Sua obra percorre campos de cores, feito um jardim florido, feito o entardecer embevecido pelo mundo, e surge a obra, repleta de vida e de cores. A combinação de cores impossível, a artista conseguiu transformar em obra delicada, feito renda, feito música.
Maria Vieira é artista há 30 anos e passou por várias técnicas, mas a Alquimia das Cores passou a ser sua marca registrada, no campo do abstracionismo, estilo em que trabalha com cores vívidas e intensas.
A composição de seu trabalho revela um lindo jardim de cores em que as nuances também levam a uma conexão com a música, com um lindo final de tarde, como se um organismo vivo viajasse por toda a extensão do espaço em branco movendo-se freneticamente para um lado e para outro.
A própria artista denomina seu estilo como “abstracionismo intuitivo”, sem traços de figuração, obedecendo apenas as leis do pensamento e das abstrações mentais do mundo. A ideia final é a de metamorfose da mulher, de sensações e de reflexos, de experiências do micro com o macro, interligadas.
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O produto final, ao olhar do observador é o de transformação, feito o por do sol, feito o amanhecer, feito um jardim colorido. As obras juntas sob o fundo branco da parede levam alegria e vida ao ambiente. As obras da artista podem ser vistas até o dia 31 de agosto de 2024, no Shopping Cianê, em Sorocaba, na Avenida Afonso Vergueiro, 823, no Centro.
Referências:
ESPANCA, Florbela. Sonetos Florbela Espanca. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.
ROSÂNGELA VIG
Sorocaba – São Paulo
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: rosangelavig@hotmail.com