Denise Milan apresenta exposição individual na Galeria Lume

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Com curadoria de Marcello Dantas, mostra orDeNAção: o DNA da pedra apresenta ao público narrativas simbólicas criadas pela artista, que integra a 33ª Bienal de São Paulo

Do caos à ordem. Cada pedra, uma história. Ao longo dos últimos 30 anos, a artista multidisciplinar Denise Milan tem se dedicado aos estudos dos processos geológicos. Foi o conhecimento formal sobre os cristais e os geodos que a inspirou na criação de uma linguagem artística singular, pautada pelas formas surpreendentes da natureza. A partir do dia 4 de setembro, a artista, também convidada pela 33ª Bienal de São Paulo, estreia orDeNAção: o DNA da pedra, sua segunda exposição individual na Galeria Lume.

Com curadoria de Marcello Dantas, a mostra reúne 19 obras da artista, entre esculturas, objetos, instalações e desenhos. Os trabalhos, todos recentes e inéditos, compõem um conjunto síntese de sua obra. Pela primeira vez, Denise expõe ao público as várias etapas de seu processo criativo: do aprendizado científico à interpretação de padrões gráficos encontrados na própria natureza – matéria bruta de suas composições.

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“Seu trabalho volta-se, sempre, para formas que já existem. Ela parte do caos e o organiza. Identifica figuras que coincidem e então estabelece uma ordem”, afirma Marcello Dantas. Desse arranjo, Denise decifra as formações uma a uma e desenvolve uma narrativa. “A artista propõe a compreensão do mundo a partir de uma busca de sentido por relações formais das pedras com nossos ancestrais”, pontua o curador.

Agregação, tensão, generosidade, entrega, dúvida, alegria, frustração, medo e narcisismo. Esses são alguns dos sentimentos e processos ativos decodificados por Denise a partir de uma leitura minuciosa dos minerais. Juntos, os hieróglifos criados pela artista dão origem a Alfabeto Mineral (2018) e Linguagem das Pedras (2018). A primeira obra, tal como a Pedra de Roseta, apresenta ao público uma espécie de glossário com a descrição de cada um dos 40 ideogramas de sua autoria. Já a segunda traz uma composição desses mesmos códigos que, juntos, cobrirão as paredes da galeria.

Para Denise, a história da humanidade segue um percurso já enunciado pelas pedras. Enquanto artista, ela coloca-se justamente no papel de revelar esta narrativa. “Um cristal se converte em arte quando nos afeta por sua metáfora e traz sentido para a humanidade. Nós fazemos parte de um processo de criação que nos transcende. Eu aprendi a ver as pedras como seres humanos, que lutam por sua sobrevivência. Cada um dos minerais nos ensina como se sobrepor ao drama da matéria, explicitando os conflitos enfrentados para o seu nascimento e, por extensão, para o nosso”, afirma. Ao inventar a linguagem das pedras e decodificar os minerais, a artista aprendeu a transitar por outros mundos, visíveis e invisíveis. “Conquistei a liberdade de transmigrar para matérias de diferentes naturezas, a essência desses ensinamentos”, completa.

Na instalação Banquete da Terra (2018), uma série de fragmentos dos mais variados minerais. Sobre uma mesa, eles são expostos como pratos da alta gastronomia. A instalação faz referência ao astrônomo americano Carl Sagan, que liricamente dizia que nós, humanos, somos poeira das estrelas – aglomerado de células cozidas em seus corações. “Denise resgata essas peças e as ordena com base em nossa cultura, na tentativa de transformar em palatável aquilo que é da natureza”, afirma Dantas.

A obra de Denise Milan toma como ponto de partida a geologia. A artista, entretanto, não possui um comprometimento com a verdade de rigor científico. Sua relação com as pedras é extremamente intuitiva. “Para cada uma delas, Denise enxerga uma história, a qual abraça e, dela, extrai uma relação poética intimamente ligada com o seu criar”, pontua o curador.

orDeNAção: o DNA da pedra dá continuidade à mostra conCentração, também curada por Dantas. Realizada em 2016, na Galeria Lume, a exposição voltava-se à busca obsessiva de Denise por formas concêntricas: centros que se sobrepõem e convergem para um ponto único, ora como produto do acaso, ora como uma compulsão deliberada da artista.

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33ª Bienal de São Paulo

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Selecionada pelo curador geral Gabriel Pérez-Barreiro para apresentar um projeto individual na 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas, a artista Denise Milan participa da mostra com uma instalação inédita composta por pedras como cristais e ametistas.

O projeto surge como uma ampliação de uma instalação com cristais da artista realizada em 2005, agora apresentada ao lado de geodos de ametista de diversos tamanhos, formados há mais de 220 milhões de anos e encontrados em cavernas brasileiras. As peças foram selecionadas pela artista por sua semelhança com figuras humanas, propiciando ao espectador uma rápida identificação, abrindo espaço para a inclusão dos seres humanos na narrativa do processo de criação da Terra abordada por Milan a partir de elementos minerais.

“Esta instalação propõe uma cura de um olhar aprisionado, que encara a pedra apenas como um objeto e sem relação com o processo de formação do planeta. Com minha obra, proponho um deslocamento do que é precioso, porque preciosos somos nós. Na medida em que olharmos o processo e nos identificarmos como parte daquele todo, podemos entender a importância da participação de cada um de nós como um átomo na gestação do mundo”, afirma a artista.

Sobre a artista

Natural de São Paulo, Denise Milan é uma artista com vasta experiência multidisciplinar, tendo elaborado obras nas áreas de arte pública, escultura, artes cênicas, poesia, impressão e vídeo-arte.

Seus trabalhos foram expostos em diversas instituições, no Brasil e no exterior: em São Paulo, no Museu de Arte Moderna (MAM), Museu de Arte de São Paulo (MASP), do Museu de Arte Contemporânea (MAC), Sesc e nas galerias São Paulo, Nara Roesler, Millan e Lume, que a representa no Brasil; no exterior, já expôs no Barbican Centre (Londres); PSONE, Art in General (Nova York); EXPO 2000 (Hanover); EXPO 90, Hakone e Museu Open-Air (Osaka); United Nations Conference on Climate Change (Marrakesh), Museu de Arte Contemporânea e Art Institute e no Cultural Center (Chicago); no Palazzo del Monte Frumentario (Assis); Wilson Center (Washington D.C.) e na Galeria D’Architecture (Paris).

Serviço:
orDeNAção: o DNA da pedra, individual de Denise Milan
Local: Galeria Lume
Abertura: 4 de setembro (quarta-feira), a partir das 19h
Período expositivo: de 5 de setembro a 10 de novembro
Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h | sábados, das 11h às 15h
Telefone: (11) 4883-0351
33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas
De 7 de setembro a 9 de dezembro de 2018
Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera
Preview para imprensa: 4 de setembro/2018
Preview para imprensa, profissionais e convidados: 5 e 6 de setembro/2018
International Weekend: 21 a 23 de setembro/2018
Credenciamento de imprensa: bienal.org.br/press33
Credenciamento de profissionais: bienal.org.br/credenciamento
www.bienal.org.br

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