Com curadoria de Carol Splendore, mostra explora conexão entre pinturas, fotografias, esculturas e instalações dos artistas Dee Lazzerini, Laura M. Mattos, Lucia Castanho e Juliana Sícoli
A DAN Sala São Pedro, localizada dentro da Fábrica São Pedro, onde está o FAMA Museu, inicia a temporada de exposições em 2024 com a exposição Estrato Lúcido, em cartaz até 30 de abril.
A coletiva reúne cerca de 50 obras de quatro artistas participantes do programa DAN Acredita: Dee Lazzerini, Laura M Mattos, Lucia Castanho e Juliana Sícoli.
A curadoria de Carol Splendore estabelece a pele como elo entre os trabalhos.
“Para este corpo coletivo, a pele é a metáfora acessada – dá contorno, se comunica com o externo, protege o núcleo. É o lugar das feridas, rasgos, cortes. É ali que a cicatriz se torna visível”, afirma a curadora.
Nome emprestado da biologia, o título Estrato Lúcido é termo científico que se dá à segunda camada da epiderme. São percursos lúcidos e comunicantes localizados numa camada um pouco mais profunda – mas visível do maior órgão do corpo humano.
Na mostra, tirar a casca, vestir, esconder, estonar e lacerar são as ações expressadas nas pinturas, fotografias, esculturas e instalações.
Também vem da biologia a inspiração para o multidisciplinar Dee Lazzerini esculpir em placas de poliuretano, corpos orgânicos que são a representação dos estudos nanobiológicos elaborados recentemente a partir da engenharia de biomateriais.
A partir de objetos cotidianos, como alfinetes, e do crochê, o artista desenvolve “novos seres” que sugerem memórias e afetos. Deslocados de suas funções primárias, os materiais revestem ou atravessam as superfícies desses corpos, dando o contorno e o suporte para a criação de seres híbridos, que ora convidam ora recusam o encontro com quem os enxerga.
Mateiras de corte e costura também são explorados pela artista visual Juliana Sícoli para fazer intervenções em fotografias e pinturas tecendo uma narrativa única para expressar as inquietações que não apenas a afetam, mas também ressoam em tantas outras mulheres, transcendem as fronteiras do visível para desvelar camadas emocionais mais profundas.
Por outro lado, Laura M. Mattos usa tinta à óleo para abordar a carga mental, física e emocional das mulheres que exercem funções diárias em seus ambientes domésticos e a sensação de invisibilidade dentro desse contexto. A tradicional técnica permite produzir variações sutis nos tons de pele na representação da figura feminina que se funde ao ambiente que vive.
Já Lucia Castanho traz para a contemporaneidade o tema shakespeariano da Ofélia em uma produção dividida por diferentes suportes como pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, foto performance e vídeos.
Dee Lazzerini, Laura M Mattos, Lucia Castanho e Juliana Sícoli integram o programa DAN Acredita, que visa dar visibilidade para a produção artística de profissionais com trajetórias sólidas nas artes visuais e sem representação de galerias.
Sobre Dee Lazzerini
Belo Horizonte, 1977
Dee Lazzerini é um artista multidisciplinar com interesse na espacialidade: longe e perto, em cima e embaixo, ao mesmo tempo sideral e celular. São as estrelas na galáxia e os prótons e elétrons nos átomos.
É o microcosmo e o macrocosmo e o convite filosófico ao exercício de abstração do princípio hermético da correspondência “o que está dentro é como o que está fora”.
Sobre Juliana Sícoli
Belo Horizonte, 1983
Juliana Sícoli (1983) é artista visual, com pós-graduação em Fotografia e Artes Visuais pela PUC/MG.
Com formação em psicanálise, sua pesquisa estabelece um diálogo contínuo entre imagem e psique, cada obra é uma expressão consciente – uma declaração visceral – do seu compromisso em investigar e trazer reflexões sobre as complexidades que permeiam o universo feminino.
Sobre Laura M. Mattos
Sorocaba, Brasil, 1965
É Artista Visual que trabalha com ênfase na Pintura, Mestre em Têxtil e Moda, pela EACH – USP. Sua pesquisa: O cinema americano das primeiras décadas do século XX e construção de estereótipos femininos: algumas análises.
Em seus trabalhos recentes, Laura usa como referência fotografias que faz de cenas domésticas rotineiras. Ela se interessa por sua automatização e consequente invisibilidade e, sobre as quais, retira objetos que podem ser espelhados ou vestíveis com simbologias específicas ao meio, as quais encena e fotografa para que se tornem referência pictórica.
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Sobre Lucia Castanho
Sorocaba, Brasil, 1957
É formada em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina (1983), mestrado em Educação Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005) e doutorado também pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2013).
Em 2019 cursou pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes na cidade do Porto, em Portugal. As produções recentes de Lucia abarcam a pintura, o desenho o qual a artista demonstra grande interesse, vídeos, esculturas e fotos performance.
Sobre Carolina Splendore
Carolina Splendore é atriz, curadora de artes plásticas e produtora audiovisual. Estudou filosofia [FFLCH/USP] e artes cênicas [Escola Livre de Teatro (EL).
Atuou em diversos espetáculos teatrais e curtas-metragens; três longas-metragens, duas séries de televisão e uma novela. Integrou o elenco em performances nacionais e internacionais e dirigiu espetáculos de teatro e dança.
Como curadora de artes plásticas, sua mais recente estreia, assinou as exposições Varal & Senhora de pequenos espaços, com obras de Dee Lazzerini no Museu da Moda, em Belo Horizonte, e Layers, com obras de Laerte Ramos na The House of Arts, em Miami.
Realizou a direção de produção das séries audiovisuais Construindo Beethoven e UtPictura Música, além de eventos literários e culturais. Foi coordenadora do Instituto Emília, função que desempenhou anos antes na Casa das Rosas [Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura].
Sobre a galeria
A Dan Contemporânea surgiu como um departamento de Arte Contemporânea da Dan Galeria. Em 1985, Flávio Cohn, filho do casal fundador, juntou-se à Dan criando o Departamento de Arte Contemporânea, que ele dirige desde então.
Assim, foi aberto espaço para muitos artistas contemporâneos tanto brasileiros, como internacionais, fortemente representativos de suas respectivas escolas. Posteriormente, Ulisses Cohn também se associa à galeria completando o quadro de direção dela.
Nos últimos vinte anos, a galeria exibiu: Macaparana, Sérgio Fingermann, Amélia Toledo, Ascânio MMM, Laura Miranda e artistas internacionais: Sol Lewitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, César Paternosto, José Manuel Ballester, Adolfo Estrada, Juan Asensio, Knopp Ferro e Ian Davenport. Mestres de concreto internacionais também fizeram parte da história da Dan, tais como: Max Bill, Joseph Albers e os britânicos Norman Dilworth, Anthony Hill, Kenneth Martin e Mary Martin.
A Dan Galeria incluiu mais recentemente em sua seleção, importantes artistas concretos: Francisco Sobrino e François Morellet. O fotógrafo brasileiro Cristiano Mascaro; os artistas José Spaniol, Teodoro Dias, Denise Milan e Gabriel Villas Boas (Brasil); os internacionais, Bob Nugent (EUA), Pascal Dombis (França), Tony Cragg (G. Bretanha), Lab [AU] (Bélgica) e Jong Oh (Coréia), se juntaram ao departamento de Arte Contemporânea da galeria.
A Dan Galeria sempre teve por propósito destacar artistas e movimentos brasileiros desde o início da década de 1920 até hoje. Ao mesmo tempo, mantém uma relação próxima com artistas internacionais, uma vez que os movimentos artísticos historicamente se entrelaçam e dialogam entre si sem fronteiras.
Serviço
Estrato lúcido
Período expositivo: 27 de janeiro a 30 de abril
DAN Sala São Pedro – R. Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP, 13300-190
Horários: De quinta a domingo das 14h às 19h
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre
e-mail: info@dangaleria.com.br