A arqueóloga Joana Freitas tem vindo a analisar o contexto epidêmico em termos de mudança social, acreditando, numa primeira etapa, que alguma mudança ia ocorrer.
“Tendo decorrido cerca de sete de meses desde o início da pandemia, escrevia que as ilusões sobre possíveis aprendizagens se iam desvanecendo. Esta pandemia que começou por ser entendida como um ponto de ruptura, como algo que anunciava um novo normal, uma paragem forçada que nos daria refletir; rapidamente se perdeu pelas expectativas.”, refere Joana Freitas.
Trilhavam-se os primeiros desafios epidêmicos e, como refere a própria, talvez por ingenuidade ou por alguma réstia de esperança pensou que o mundo ia finalmente mudar de paradigma. Se pouco acreditava nisso no final do ano, neste momento não tem qualquer dúvida: “não mudou, não quer sequer mudar e o que mudou foi para pior.”, refere.
O esquecimento dos ensinamentos passados parece ser recorrente no percurso da humanidade.
“A nossa sociedade, ainda mais depressa do que o normal, revelou que a sua capacidade de “esquecer” se processa de forma muito veloz. A vontade de voltar à velha rotina rapidamente matou a esperança do nascimento de uma nova consciência coletiva. Arranjamos todos os meios para nos adaptarmos e dessa forma possamos retomar os velhos hábitos. Vivemos num mundo doente mas que parece querer continuar nele. Vivemos a pandemia da covid-19 e outras em simultâneo, principalmente de egoísmo e ignorância.”, referiu a arqueóloga em setembro passado.
Um ano depois do início da covid-19, Joana Freitas refere que “tem a noção absoluta que falhamos mais uma vez. Ao mundo e a nós próprios. Falhamos com a mudança necessária, falhamos com a aprendizagem. Apenas não falhamos com o egoísmo e com o esquecimento. Mais uma vez.”, concluí.