Chega a São Paulo “BRACHÁ, UMA BÊNÇÃO – Retorno ao Schtetl polonês”, exposição com fotos da polonesa Agnieszka Traczewska.
A mostra, apresentada em Janeiro passado na sede da ONU, em Nova York dentro das celebrações do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, estará no Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto a partir de 17 de Outubro.
No evento de abertura, exclusivo para convidados e imprensa – em 16 de Outubro, às 19 horas –, Agnieszka Traczewska estará presente e proferirá palestra sobre o trabalho.
“A grandeza da exposição ‘BRACHÁ, UMA BÊNÇÃO’ reside no fato de poder retratar chassidim peregrinando a túmulos de tzadikim, alimentando a esperança de que esta parte importante do Judaísmo ortodoxo não se consumiu nas cinzas do Holocausto, e palpita ainda hoje tanto nos Estados Unidos como em Israel”, comenta Reuven Faingold, coordenador pedagógico do Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto.
HERANÇA JUDAICA – “BRACHÁ, UMA BÊNÇÃO” reúne cerca de trinta fotografias de Agnieszka Traczewska, em ampliações nos tamanhos 60cm x 90cm, 50cm x 75cm e 42cm x 60 cm.
Nelas, a fotógrafa polonesa documenta a vida dos judeus hassídicos, apresentando seus descendentes em retornos aos locais de herança judaica na Polônia.
São imagens reveladoras de que os vestígios do mundo antigo não desapareceram completamente, e de que a herança judaica está ainda hoje viva na Polônia.
A artista foi bem recebida no mundo do judaísmo hassídico, uma comunidade muitas vezes inacessível a pessoas de fora. Este acesso único e histórico produziu um retrato íntimo de pessoas que vivenciam o mistério da fé, retratando a vida e o regresso a casa após as devastadoras consequências da Segunda Guerra Mundial.
O judaísmo hassídico perdurou na Polônia até o século 20, e desde então se restabeleceu em Israel, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Nos últimos anos, a comunidade hassídica começou a retornar à Polônia para revisitar sua herança e história. A exposição de Agnieszka Traczewska apresenta as peregrinações hassídicas aos túmulos dos tzadikim nos aniversários de sua morte, uma tradição que sustenta que eventos milagrosos ocorrem durante essas ocasiões.
Segundo Agnieszka, “a continuidade da vida judaica na Polônia e os fortes laços com a tradição dos antepassados foram para mim realmente uma descoberta pessoal esclarecedora”.
ÊXTASE MÍSTICO – O hassidismo é um fenômeno excepcional. Um dos poucos movimentos religiosos a combinar êxtase místico e massas. Também é, em escala mundial, o mais importante fenômeno religioso já criado na Polônia.
Do final do século dezoito ao início do dezenove, o hassidismo deu forma à religião judaica na Europa Oriental. Apesar do Holocausto ter representado seu fim no ambiente original, novos centros do movimento foram estabelecidos em Israel, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.
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Hoje os chassidim, ligados à tradição de seus líderes espirituais, retornam a seus túmulos na Polônia, na Romênia, na Ucrânia e na Hungria.
Viajar para visitar um tzadik era uma experiência religiosa em si e uma parte integral do movimento hassídico desde seu início. O tzadik oferecia conselhos em questões de natureza religiosa e, também, mundana. As pessoas acreditavam que esta intercessão aceleraria as orações e lhes permitiria alcançar diretamente o Divino.
A reverência aos tzadikim continuava após sua morte e as pessoas poderiam viajar até seus túmulos para mais uma visita. O costume de visitar o túmulo e rezar diante dele originou-se da tradição judaica que afirmava que a alma do morto visitava o local de seu enterro no aniversário da morte (yorzeit) ou do funeral. Os chassidim acreditam que a alma do tzadik escuta as preces daqueles que estão reunidos em seu túmulo. Pedacinhos de papel (kvitlech) listando pedidos são deixados no túmulo do tzadik ou em sua proximidade. Diz a lenda que ocorrem milagres através das preces feitas no túmulo de um Justo. A viagem até o túmulo de um tzadik é uma jornada em busca de uma bênção.
TERRITÓRIO SECRETO – Agnieszka Traczewska, polonesa, 50 anos, é produtora de documentários e fotógrafa. Desde 2006 acompanha com sua câmara os chassidim vindos de todas as partes do mundo até os velhos túmulos dos tzadikim – líderes espirituais.
Além disso, a fotógrafa penetra nos herméticos círculos da ortodoxia judaica em Israel e nos Estados Unidos, retratando o território secreto, quase sempre escondido de outros olhos, da vida cotidiana e das cerimônias daqueles que “dedicaram sua vida à Torá”.
Seu forte background polonês cria o fenômeno de busca por um “mundo perdido”. Segue a história dos judeus que, por séculos, viveram lado a lado com os poloneses e o fim trágico desta relação nacional próxima que veio com a Segunda Guerra Mundial.
O fato dela ser mulher e não judia requer aceitação e flexibilidade de suas características ortodoxas, o que fornece um quê à sua persistente busca.
Em 2014, Agnieszka Traczewska recebeu o National Geographic Traveler Photo Award por seu trabalho “First Time”.
SERVIÇO – O Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto fica na Rua da Graça 160, Bom Retiro, tel. 3331-4507. |
“BRACHÁ, UMA BÊNÇÃO – Retorno ao Schtetl polonês”, exposição de fotografias de Agnieszka Traczewska, tem abertura em 17 de Outubro, quinta-feira. |
Visitação até 16 de Novembro – de segunda a quinta das 9h às 17; às sextas, das 9h às 15h. |
A entrada é franca. |
A mostra é uma realização do Memorial da Imigração Judaica e do Memorial do Holocausto e da Embaixada da República da Polônia, com apoio do Consulado Honorário da República da Polônia em São Paulo e da Casa Sanguszko de Cultura Polonesa. |