Com baixo índice de leitores no país, escritores relatam dificuldades que enfrentam no meio literário
A mais recente pesquisa do Retratos da Leitura apontou que o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. De acordo com a porcentagem, o índice caiu de 56% para 52%, sendo que 48% da população brasileira representam pessoas que não fizeram a leitura de livros, nem mesmo em partes, nos últimos 5 anos ou 3 meses, equivalente uma média de 193 milhões de brasileiros.
Existem diversos motivos que contribuem para essa realidade, a falta de incentivo e a grande ocupação em redes sociais são uma delas. Porém, a situação não se encontra somente em quem consome os livros, mas também em quem produz.
A escritora Rachel Fernandes, vencedora do Sweek Stars 2018 com o livro 457 Milhas, após ficar conhecida no Wattpad resolveu apostar no mercado editorial e afirma que existe muita falta de incentivo para o artista até mesmo dentro do meio.
“A maior dificuldade do escritor brasileiro é a própria realidade na qual está inserido. Recebemos pouquíssimos incentivos e a cultura, como sempre, é considerada item supérfluo. Ser escritor, no Brasil, é um ato diário de resistência.”, disse a autora.
De fato, nos últimos anos existem diversos relatos e reclamações de autores nacionais decepcionados com algumas casas editoriais, isso acontece porque existem várias empresas com poucas experiências na área e diferentes modos de publicações de uma obra literária.
O escritor Gleiber Clodomiro, de Minas Gerais, informa que os modelos para lançar um livro estão crescendo cada vez mais, porém ressalta que o autor precisa se atentar com a realidade de cada um deles, assim o interessado necessita estudar histórico e o catálogo da editora.
“O autor corre o risco de ter o seu projeto prejudicado por inúmeras gráficas, disfarçadas de editoras, ou profissionais que não cumprem com suas obrigações deixando o artista na mão”, relata o escritor de John Aron e o enigma dos sonhos.
Essa percepção é reforçada por Vanessa Guimarães, autora do premiado Beijo de Borboleta. A artista com poucos meses integrada no meio, se destaca com seu livro de estreia e já se prepara para o lançamento de uma segunda obra.
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“Se tivesse que dar um bom conselho a quem está começando, seria: procurar uma boa editora”, informou a autora.
O modo independente, alternativo e tradicional são alguns meios de publicação que dominam o mercado editorial brasileiro. Cada um deles carrega suas singularidades. Vanessa Guimarães é uma das artistas nacionais que pretende se tornar uma autora tradicional, mas relata a estreita oportunidade no Brasil.
“Como autora iniciante, o primeiro obstáculo que encontrei foi achar uma boa editora no mercado alternativo, já que as tradicionais dão prioridade a autores já consagrados, a maioria deles internacionais. Infelizmente a literatura nacional não é tão prestigiada, embora tenhamos tantas obras maravilhosas.”, contou a autora.
Ao longo de 2020, as vendas de livros físicos e digitais aumentaram consideravelmente para um mercado que há anos sofria uma grande crise, porém sofreu a maior queda já registrada no final do ano para um mês de dezembro, segundo as pesquisas do IBGE.
Isabela Zinn, de Brasília, iniciou sua carreira como escritora publicada há poucas semanas, e mesmo sendo tão nova dentro do meio, já sente na pele as dificuldades de ser um autor no Brasil. Em uma cenário cheio de incertezas e com poucas oportunidades, a jovem afirma que tem esperança no sucesso de sua obra e investe em meios inovadores de divulgação para conquistar leitores.
“Estou feliz com cada pequena conquista, mas seria mentira se eu dissesse que não sonho com O reino da Rosa negra [seu livro] sendo traduzido para o inglês e distribuído por todo o mundo.”, disse a autora.
Apesar da dificuldade imposta pelo mercado literário, cada vez mais autores e editoras têm se aventurado pelos livros em busca da realização do sonho de contar histórias.