Você também pode ouvir esse artigo na voz da própria Artista Plástica Rosângela Vig:
Já terão ouvido estas expressões ou tê-las-ão mesmo aplicado: ‘Oh, que pintura glacial!’, tem-se a impressão do ar glacial a entrar por uma janela aberta no inverno. E todo nosso corpo se arrepia. Mas uma aplicação correta dos “tons” e dos “sons” “quentes” fornece ao pintor e ao compositor a bela possibilidade de criar obras calorosas. (KANDINSKY, 1970, p. 73)
A Arte é uma delirante viagem pelo mundo das sensações prazerosas provocadas pela apreciação das cores e das formas. É como se o olhar brincasse em uma deliciosa busca perseguindo linhas, encontrando pontos, escondendo-se sob superfícies densas e tênues. Nessa viagem o observador se distancia do mundo real, penetra nas dimensões etéreas e por elas conduz seu espírito curioso, seu olhar ávido e sua mente criativa. Assim deve ser a contemplação da Arte, assim deve ser a fruição.
E talvez esse ato de fruir seja muito intenso na Arte Abstrata, porque a mente está livre do objeto real e trafega por essas dimensões espontaneamente. A verdadeira Arte permite que a alma se disponha a essas peregrinações para outros tempos, para outros espaços possíveis. A quem observa cabe despertar essa essência interior e permitir que a mente trafegue pelas tonalidades quentes ou frias de uma pintura; pela face lisa, espessa ou áspera da Escultura; ou simplesmente deixar que a alma se embriague pelas notas de uma música, como nos diz Kandinsky, em sua citação. E há que se lembrar que o escritor também foi o maior representante da Arte Abstrata e sua obra tinha uma forte ligação com a Música.
O Abstracionismo de Kandinsky, do início do século XX atravessou fronteiras e chegou a Nova York, nos Estados Unidos durante a década de 30, quando os primeiros artistas aderiram ao estilo por lá. Nesse período, o país sofria com a Grande Depressão e com as duas Guerras Mundiais, o que levou muitos a aderirem ao Realismo Social na Pintura, com temas voltados para o sofrimento. Muitos deles sobreviviam graças a um programa de ajuda do governo destinado à Arte. Nos anos 1940, esses artistas iniciaram a jornada por um estilo que se distanciava de questões políticas, voltado para a liberdade estética. Soma-se a isso o fato de muitos artistas famosos e intelectuais europeus terem se mudado para os Estados Unidos, fugindo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), entre os quais Salvador Dali (1904-1989), Piet Mondrian (1872-1944) e Fernand Léger (1881-1955). E também era Nova York o palco de exposição para muitos representantes do Modernismo europeu, o que proporcionava inspiração para artistas norte-americanos que buscavam inovar sua linguagem.
Emergindo após a Segunda Guerra Mundial como uma grande potência, os Estados Unidos contavam agora com grande mão-de-obra, devida à imigração; grande riqueza em recursos naturais; e economia estável. Paris passou a ser substituído por Nova York como o centro da Arte Moderna.
Em meio a esse fecundo contexto, abria-se espaço para um novo estilo que emergia em 1946, com temas carregados de emoção, com a valorização da individualidade, da expressão livre e da improvisação. A Escola de Nova York, como era chamado o estilo, pelos próprios expressionistas abstratos, foi o primeiro movimento na Pintura norte-americana reconhecido internacionalmente.
Não me interessa a relação de cor ou forma, só me interessa expressar as emoções humanas básicas. (ROTHKO in MACK, 2014, p. 354)
Arquitetura Orgânica
A Arquitetura dos anos 1940 teve como palco os Estados Unidos e foi bem representada pelo organicismo de Frank Lloyd Wright 1 (1867-1959), opondo-se ao racionalismo. A idéia principal era a de integrar a construção ao local onde se encontrava, como se a natureza abrigasse e abraçasse a obra, fazendo-a se inserir a seu meio. A forma final da construção era abstrata, expressiva e repleta de movimentos. Embora esse estilo tenha surgido nos Estados Unidos, acabou por influenciar a Arquitetura européia.
E o museu Guggenheim 2 e 3 em Nova York foi uma das construções de Wright em que o estilo orgânico ficou esculpido. Construído em 1959, o prédio emerge com movimento em meio à cidade afobada (Fig. 1), como fita se desenrolando de um imenso carretel. E, se a fachada parece ser elástica e se mover, seu interior não é diferente. De dentro, a impressão final é a de que se está em uma grande espiral, por onde se pode escorregar livremente, deliciando-se com a Arte que se pode ver ao redor. Talvez tenha sido essa a intenção do arquiteto ao projetar o museu.
Entre os muitos projetos de Wright ainda há a Casa da Cascata 4 também nos Estados Unidos, no estado da Pensilvânia, em que é reforçada a idéia da construção se adaptar à natureza e a seu meio. A casa emerge de uma cachoeira, onde ela mesma parece estar inserida. A água verte de dentro dela, como se pertencesse à obra.
Escultura
Alma contempla a rútila manhã
Aberta em torno ao cimo essa mescla de cores
Imaterial secreta, mas domada
Sentido original de umidade de vapor e de fundo
Junturas deslocadas pelas chamas
Atritos aplanados de suspiros
Linhas entrecortadas rasgando o abismo
Tecedura em espiral fendendo os ares.
(KANDINSKY, 1991, p. 67)
Com obras metafóricas e repletas de movimento e de inovações no campo da estética, grandes escultores se destacaram no estilo expressionista abstrato norte-americano, entre os quais Isamu Noguchi (1904-1988); e as notáveis mulheres que fizeram parte do grupo das artistas do estilo, entre as quais Louise Nevelson (1899-1988), Mary Callery (1903-1977) e Dorothy Dehner (1901-1994).
Como imensas catedrais, obscuras, imprecisas e abstratas, as paredes esculturais (Sculptural Walls) de Louise Nevelson 5 (Fig. 2) lembram construções góticas; erguem-se em direção ao céu, esguias, circunspectas, monocromáticas, em tons austeros, como se orassem silenciosamente para o alto. Suas imensas instalações e peças são constituídas de caixas de madeira, preenchidas com objetos do mesmo material em seu interior, todos retirados e recolhidos pela artista, a partir de objetos urbanos. Influenciada por Marcel Duchamp, a escultura de Louise Nevelson antecipou a idéia de reaproveitamento de materiais descartados no meio ambiente.
Mary Callery por sua vez imprimiu liberdade e movimento em suas obras. Ficou em sua escultura, a impressão acentuada do moderno e, em muitas de suas peças, imprimiu a leveza e o gracioso gesto como se os personagens delgados e esguios se movessem delicadamente num lento balé. Ao olhar apurado de quem aprecia a Arte, é possível perceber a música clássica ecoando ao fundo, feito uma orquestra silenciosa, em que violinos, pianos e maestro alternam-se ditando os passos da dança.
Pintura
Eu pinto assim porque posso seguir colocando mais e mais elementos – dramaticidade, dor, raiva, amor, uma figura, um cavalo, meus conceitos de espaço. (DE KOONING in MACK, 2014, p. 351)
Vindo da Armênia em 1920, Arshile Gorky (1904-1948) estava entre os artistas e intelectuais europeus que migraram da Europa para os Estados Unidos, fugindo da guerra. O estilo expressionista abstrato de Gorky (Fig. 3) serviu como uma ponte entre as vanguardas européias e os pintores norte-americanos, influenciados ainda pela Cultura da época, pela Literatura, pelo cinema de Hollywood e por um período de final de guerras. Soma-se a isso o inconformismo com o tradicional na Estética; um ajuizamento negativo com relação ao Capitalismo e à Tecnologia.
O resultado foi a liberdade de expressão, a improvisação e obras carregadas de emoções e de temas morais, com a valorização do indivíduo. O estilo levou a uma primeira geração de artistas americanos a obterem reconhecimento internacional. Entre esses artistas, despontavam grandes mulheres 6 que, contrariando sua época, foram além e conquistaram seu espaço profissional, evidenciando-se no campo da Pintura e da Escultura. Entre elas destacaram-se as pintoras Anne Ryan (1889-1954), Perle Fine (1905-1988), Lee Krasner (1908-1984), Agnes Martin (1912-2004), Mary Abbott (1921-2019), Joan Mitchell (1925-1992) e Helen Frankenthaler (1928-2011). Foram também de grande importância os nomes de Mark Rothko (1903-1970), Adolph Gottlieb (1903-1974), Arshile Gorky (1904-1948), Clyfford Still (1904-1980), Willem de Kooning (1904-1997), Barnet Newman (1905-1970), Jackson Pollock (1912-1956) e Ad Reinhardt (1913-1967).
Ao estilo pictórico de Jackson Pollock 7, foi atribuído o nome de Pintura de Ação ou “Action Painting” em Inglês, pelo crítico de Arte da época, Harold Rosenberg (1906-1978). Sua técnica diferenciada (Fig. 4) consistia em dispor a imensa tela no chão e, sobre ela, atirar ou gotejar a tinta de maneira aleatória, obedecendo aos movimentos do corpo, dos braços. É como se o artista adquirisse asas e pairasse ou voejasse com um enorme pincel embebido em tinta sobre a cena imaginária, numa deliciosa brincadeira, em que apenas as cores entrelaçadas são importantes. O resultado é uma linda textura em que branco, preto, cinza, vermelho, amarelo e tantas outras cores se alternam, formando um colorido jardim, em que é possível perceber sombras, fundos, tons sobrepostos e escondidos, como se existisse uma trama no objeto artístico, semelhante a um tecido em movimento.
Com um estilo mais refinado, Lee Krasner (Fig. 5) recebeu grande destaque no Expressionismo Abstrato. Casada com Jackson Pollock, os dois mantiveram seus estúdios 8 na fazenda The Springs 9 onde moravam, em East Hampton, Nova Iorque. Enquanto Krasner trabalhava em um quarto da casa, Pollock mantinha seu ateliê no celeiro. Mesmo seguindo a linha do Expressionismo Abstrato, as obras de ambos adquiriram diferentes feições. Ela chegou a trabalhar com colagem, muitas de suas obras são de tonalidades vivas e intensas, com campos de cores bem preenchidos e uma perceptível influência de Matisse (1869-1954).
Também sob influência de Matisse, Mark Rothko 10 (Fig. 6) se importava com os campos de cores, muitas vezes de tonalidades fortes, contrastantes, em meio a formas geométricas, que pareciam tentar tomar o espaço umas das outras. Feito portas e janelas que se fecham e que se abrem, suas cores são embaçadas sugerindo névoa sobre a obra, como se a nitidez do tom ficasse esbranquiçado por uma neblina suave. O resultado é uma cena repleta da emoção e da espiritualidade, que afloram ao olhar do observador, em sua tentativa de descortinar a cor que encoberta por esse véu.
De maneira mais instintiva e irracional, a obra de De Kooning 11 está mais próxima de uma realidade deformada, turbulenta, acentuada por gestos violentos do artista sobre a tela, com pinceladas bruscas e aleatórias. Seu estilo, dentro do Expressionismo Abstrato é explosivo e inesperado, deixando à mostra, talvez a degeneração da sociedade.
O estilo irreverente de De Kooning exerceu grande influência sobre a obra do artista Jorge Guinle (1947-1987), no Brasil, em sua produção dos anos 80. Nascido em Nova York, o artista veio para o Brasil com a família no mesmo ano de seu nascimento. Voltou a morar Nova York, morou também em Paris, onde teve contato com a Arte, foi autodidata. Há nítida influência de Matisse, na cor viva de sua obra e da Action Painting dos Estados Unidos. Há vigor e energia em suas pinceladas aleatórias, há desconstrução da forma realista, há sombras, formas ondulantes intercaladas, sobrepostas, que parecem orgânicas, vivas.
Embora haja contradições, alguns críticos consideram que as obras dos artistas brasileiros Tomie Ohtake (1913-2015), Manabu Mabe (1924-1997) e Flávio Shiró (1928-) tenham o estilo muito próximo do Expressionismo Abstrato.
A Pintura tem uma vida própria. Tento deixá-la aparecer. (POLLOCK, in MACK, 2014, p. 356)
Considerações Finais
Quando algo acaba, isso significa que morreu, não? Eu acredito na eternidade. Nunca termino uma pintura – só paro de trabalhar nela por algum tempo. (GORKY, in MACK, 2014, p. 352)
Ao artista, a obra está sempre em tessitura, desenvolve-se em sua mente criativa; sai para o mundo real, materializa-se na forma de Arte e incorpora em uma tela, em uma pedra bruta, apenas para ser apreciada, por sua beleza, por seu assombro, por seu significado. O criador arranja os objetos, as cores, as formas e os dispõe cuidadosamente, em uma inútil tentativa de alcançar sua própria idéia inicial. Essa jamais será a mesma do pensamento que idealizou. Para Platão,
(…) Se todas as coisas não são para todos iguais, ao mesmo tempo e sempre, e cada uma delas não é própria de cada um em particular, daí resulta com evidência que elas têm por si mesmas, certa realidade permanente, que não se relaciona conosco nem depende de nós; não se deixam, por isso, arrastar para aqui e para acolá por nossa fantasia, mas existem, naturalmente, por si mesmas e segundo a sua essência própria. (PLATÃO, 1994, p. 16)
A obra nunca estará terminada para a mente divagadora do artista, quando ele se dispõe a trafegar pela imensidão de sua criatividade, por suas estradas remotas, por seus mundos utópicos. O artista empreende essa jornada em busca da perfeição inalcançável que possa compreender a totalidade de seu pensamento e do mundo de suas idéias. A ele, o trajeto nunca será o mesmo, cada vez que passeia sobre esses mundos entressonhados. Ele encontra novos caminhos, alternativas que poderiam ser numa constante investigação de itinerários que abracem integralmente sua visão inicial. Para o observador, a perfeição estará presente sempre, em cada linha, em cada movimento, em cada forma, em cada cor e na disposição dos elementos da cena que foi montada. É como se tudo tivesse que estar ali mesmo, por obra do destino, não pela mão humana.
A arte recria as coisas individuais na forma de suas essências universais, e ao fazê-lo torna-as inimitavelmente elas próprias. No decurso disso, ela as converte de contingência a necessidade, de dependência a liberdade. O que resiste a esse processo alquímico é expurgado como refugo particularista (EAGLETON, 2005, p. 85).
1 Frank Lloyd Wright – The man who built America
www.youtu.be/1O7ax1KhJNM
2 Guggenheim Museum
www.youtu.be/QvgVKWvb2tI
3 Guggenheim Museum
www.visitenovayork.com.br/guggenheim-museum-em-nova-york
4 Casa da Cascata – Kaufmann House – The Fallingwater House
www.youtu.be/JW040r0LiTc
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5 Louise Nevelson
www.macdowell.org/artists/louise-nevelson
6 Mulheres do Expressionismo Abstrato
www.youtu.be/p7tlfBOjay0
7 Jackson Pollock
www.youtu.be/XFFe35P1c8s
www.youtu.be/1U19VOF4qfs
8 Vídeo do estúdio da Pollock-Krasner
www.stonybrook.edu/commcms/pkhouse/exhibitions.php
9 Fazenda The Springs, em East Hampton, Nova York – Estúdio Pollock-Krasner
www.stonybrook.edu/commcms/pkhouse/housestudio.php
10 Obras de Mark Rothko
www.youtu.be/CtCCCK9QWY8
11 169 obras de Willem de Kooning
www.youtu.be/JlmwV6rNQZQ
Referências:
- BAYER, Raymond. História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, 1993. Tradução de José Saramago.
- CHILVERS, Ian; ZACZEK, Iain; WELTON, Jude; BUGLER, Caroline; MACK, Lorrie. História Ilustrada da Arte. São Paulo: Publifolha, 2014.
- EAGLETON, Terry. A Idéia de Cultura. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
- FARTHING, Stephen. Tudo Sobre a Arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
- GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
- GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
- HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
- KANDINSKY, Wassily. O Futuro da Pintura. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1970.
- KANDINSKY, Wassily. Olhar sobre o Passado. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1991.
- KANT, Immanuel. O Belo e o Sublime. Pôrto:Livraria Educação Nacional Ltda. 1942.
- PLATÃO, Crátilo. 2a. edição. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1994, Tradução de Pe. Dias Palmeira.
- PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2005.
- WILDE, Oscar. A Decadência da Mentira. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda, 1994.
As figuras:
Fig. 1 – Museu Guggenheim, Nova York, Estados Unidos, fotos de Eric – www.VisiteNovaYork.com.br.
Fig. 2 – Sem Título, c.1976, Louise Nevelson, madeira de construção pintada, 94 x 36 x 16 3/4 polegadas, 238,8 x 91,4 x 42,5 cm. Cortesia de Michael Rosenfeld Gallery LLC, Nova York, NY, EUA.
Fig. 3 – Sem Título, c. 1940, Arshile Gorky, óleo sobre placa composta, 24 x 11 1/4 polegadas, 61 x 28,6 cm, assinado. Cortesia de Michael Rosenfeld Gallery LLC, Nova York, NY, EUA.
Fig. 4 – Sem Título, c. 1952-1956, Jackson Pollock, tinta sobre papel, 17 1/2 x 22 1/4 polegadas, 44,5 x 56,5 cm. Cortesia de Michael Rosenfeld Gallery LLC, Nova York, NY, EUA.
Fig. 5 – Hieróglifos Nº2, 1969, Lee Krasner, Guache sobre papel Howell, 17 x 13 1/2 polegadas, 43,2 x 34,3 cm, assinado. Cortesia de Michael Rosenfeld Gallery LLC, Nova York, NY, EUA.
Fig. 6 – Composição, 1941-42, Mark Rothko, óleo sobre tela, 28 1/2 x 24 1/2 polegadas, 72,4 x 62,2 cm, assinado. Cortesia de Michael Rosenfeld Gallery LLC, Nova York, NY, EUA.
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