“A perda da credibilidade no jornalismo é a perda de uma nação”, afirma filósofo e pesquisador

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O filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu afirma que a perda da credibilidade jornalística é prejudicial para a sociedade e alerta para danos que podem ser irreversíveis para toda a nação.

Devido à proliferação das chamadas “fake news”, as pessoas estão zombando do jornalismo, que a cada dia padece da perda da credibilidade. Essa percepção é notória ao andar pelas ruas das cidades, e ao ouvir as pessoas, desde a conversa de bar até os altos círculos acadêmicos.

Fabiano de Abreu. Foto: Vagner Souza / MF Press Global.
Fabiano de Abreu. Foto: Vagner Souza / MF Press Global.

O filósofo, jornalista e pesquisador Fabiano de Abreu tem monitorado os caminhos tomados pelo jornalismo, e demonstra preocupação: “o que tem-se visto, infelizmente, é a falta de imparcialidade ao transmitir as notícias, o que é preocupante, pois isso está simplesmente destruindo o jornalismo. E quando perde-se a credibilidade do jornalismo, perde-se uma nação”, afirma.

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Para Fabiano, não é exagero afirmar que quando a imprensa cai em descrédito, a sociedade cai em decadência: “A imprensa sempre foi responsável por revelar ao grande público a verdade, os esquemas, as negociatas, e trazer à luz tudo que estava oculto, arquitetado nas trevas. Mas agora, na era das fake news, a imprensa tradicional padece, e está sendo vista como caluniosa, ardilosa, e defensora de sua própria agenda, tendenciosa. As pessoas estão perdendo a boa fé na imprensa e nos veículos de comunicação. Hoje, a opinião pública acredita que os jornalistas são infames, e que vale tudo pela audiência, pelos views, pelos cliques, pelo interesse. E isso não pode acontecer”.

O filósofo alerta que, se não houvesse a imprensa, informando e publicando sobre a corrupção, e os esquemas, estamos condicionados a continuar a eleger sempre as mesmas figuras, e assim cometendo os mesmos erros de sempre, devido desconhecimento: “o jornalismo existe para entregar à população a verdade que lhes é ocultada, negada. Graças ao que tem sido trazido à luz pela imprensa, movimentos espontâneos de cidadãos contra a corrupção têm tomado cada vez mais forma e voz ativa. Se a imprensa se calar, for censurada, ou pior, perder a sua credibilidade, as consequências serão catastróficas. Imagine noticiarmos algo, sobre uma personalidade, um político, denunciar um esquema, e a população desacreditar? Assim teremos uma sociedade entregue ao ceticismo, que observará a tudo estóica, inanimada”.

Fabiano alerta que é preciso que o jornalista seja imparcial, e não defenda suas bandeiras ideológicas e políticas ao noticiar os fatos: ”tudo bem que existe o jornalismo opinativo, onde âncoras e figuras de destaque dão sua opinião sobre um fato já noticiado, o que é muito comum nos Estados Unidos por exemplo. Mas o que não pode é que a notícia em si já venha processada, carregada da visão e opinião de um jornalista, pois isso é privar quem está do outro lado de receber a notícia apenas pelo que ela é, e assim impedir que se tenha a oportunidade de processar a informação, de formar juízo e opinião própria sobre o tema, sem doutrinação, sem manipulação. As pessoas estão cansadas de serem induzidas, e cada vez mais tem rejeitado isso”.

Em suas considerações finais, Fabiano de Abreu faz um apelo ao retorno da imparcialidade no jornalismo, antes que seja tarde demais: “É preciso que a imprensa retome seu papel de informar, imparcialmente, afim de resgatar a credibilidade e devolver ao público a capacidade de formar sua própria opinião, de livre pensamento, antes que as pessoas se cansem da imprensa tradicional e procurem definitivamente outros meios de obter informação. Não se pode assumir que as pessoas são estúpidas e que não tem percepção das coisas, isso está longe de ser verdade. Como nos versos da famosa banda britânica Pink Floyd, na canção Another Brick in the wall: “Nós não precisamos de educação. Nós não precisamos de controle de pensamento… professor deixe a nós crianças em paz”.

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