O Cântico da Terra
Eu sou a terra eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.Eu sou a fonte original de toda a vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
E certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do criador,
E a mim tu voltarás no fim da lida.
Só a mim acharás descanso e paz.Sou a grande Mãe universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
(CORALINA, 2004, p.311)
Chora a Terra entristecida, mãe solitária, por seus filhos indiferentes que transitam no corre-corre apressado de uma cidade grande, em pleno vapor, em pleno progresso, sem tempo. De forma imprudente sangra a Terra, por descuidos, por desmandos, por inércia, por ganância. Mas os homens continuam seus passos acelerados, sem prazo de finalizar sua pressa, sem data de validade para suas ambições e para o progresso. O fato é que pulsam vidas nessa mesma Terra maltratada. Compartilhamos essa Terra junto com os animais, as plantas e a água que nela verte. Somos dependentes um do outro e todos juntos estamos no mesmo chão; saciamos a sede da mesma água; alimentamo-nos dos frutos que brotam do mesmo solo onde estão outras vidas; e respiramos o mesmo ar que todas as outras criaturas.
A despreocupação com o presente pode deixar indeléveis marcas para os habitantes de um futuro próximo, para nossos filhos e para nossos netos. E foi a despreocupação com as futuras gerações que levou à devastação de 20% da floresta amazônica, cerca de um milhão de quilômetros quadrados. O resultado disso é que junto com a devastação, muitas espécies desaparecem, as chuvas ficam mais raras e o clima se torna mais seco. A conseqüência é o desaparecimento da floresta, em virtude do clima se tornar excessivamente seco.
Essa é a maior preocupação do grupo Arte e Artistas. Movidos por essa causa, os artistas fazem exposições itinerantes temáticas, para despertar no espectador, o apreço e o cuidado pela natureza e por nossas matas.
E a próxima exposição do grupo está acontecendo na Academia Campinense de Letras, na rua Marechal Deodoro, 525, na cidade de Campinas, São Paulo. O vernissage, no dia 4 de junho deu abertura à mostra, com artistas de vários lugares, cada qual com sua forma de expressão, envolvidos num só tema, a Amazônia e suas belezas naturais. As fotos do vernissage estão logo abaixo e foi um lindo evento. A exposição vai até o dia 30 de junho e as obras poderão ser vistas de segunda a sexta, das 8 às 16 horas.
Talvez a Arte seja o caminho para despertar mais que o Belo, mais que encantar pelas cores e pelas formas. Que seja ela também capaz de sensibilizar o ser humano para os graves problemas que a atualidade enfrenta com relação ao meio ambiente. Que seja a Arte o caminho para tornar esse mundo mais Belo e melhor.
Referências:
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CORALINA, Cora. Cora Coralina, Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2004.
ROSÂNGELA VIG
Sorocaba – São Paulo
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: rosangelavig@hotmail.com