Quando resolvi mudar para o Brasil em 2013, tive que fazer escolhas. Como tudo na vida, optei por buscar minhas referências familiares e novas oportunidades, mas deixei muitas coisas importantes para trás. Nasci e vivi nos Estados Unidos até os 25 anos. Deixei meus pais na Flórida quando entrei na faculdade e depois fui me especializar em Nova York e fazer carreira. Já conhecia o peso das partidas e o poder de sedução que novos lugares me causavam. Mas, um país e língua desconhecidos – pouco me lembrava das palavras que minha avó havia ensinado em português -, uma cultura diferente, tudo parecia ser extremamente atrativo. O único problema que me afligia era pensar em como fazer novos amigos, aquelas pessoas reais e especiais para quem telefonamos no meio da madrugada, sem nenhum receio, para desabafar, chorar ou contar algo maravilhoso que aconteceu inesperadamente. A cada mudança de cidade, uma lista de amigos que deixei, outros que conquistei, mas sempre a algumas horas de distância. Há cinco anos, foi bem diferente.
Diversos estudos mostram que a falta de interação social com pessoas que você gosta, e que verdadeiramente se preocupam com você, pode levar à solidão e ser, inclusive, prejudicial à saúde. Pesquisadores afirmam que o isolamento social desencadeia uma reação celular que baixa a imunidade e aumenta a chance de doenças. O departamento de psiquiatria da Universidade de Harvard desde 1938 desenvolve um estudo sobre a saúde física e hábitos sociais. Nos 80 anos da pesquisa, constatou-se que boas relações afetivas nos mantêm mais felizes e saudáveis. Pessoas sozinhas, desconectadas e sem amigos veem sua saúde e atividade cerebral declinar mais rápido e, consequentemente, vivem menos. É importante ressaltar que não faço referência ao “número” de amigos, principalmente nas redes sociais, mas sim da “qualidade” das amizades.
William Rawlins, professor de comunicações interpessoais da Universidade de Ohio, define que para ser classificada como “amizade de qualidade” você precisará encontrar alguém com quem possa conversar, possa contar em todos os momentos e que seja alguém que desfrute a vida com você. Tudo isso encontramos, principalmente, quando somos jovens, em tempos de colégio e faculdade. A partir daí, começamos a seguir os nossos próprios caminhos e enfrentamos as separações que a vida e nossas escolhas impõem. As obrigações e ambições profissionais tornam-se mais importantes. As amizades vão definhando e morrendo no decorrer da nossa trajetória. Quanto menos tempo investimos na preservação dos nossos amigos, mais fácil vai ficando viver sem eles. Mas, em algum momento, sentiremos falta deles e reestabelecer as conexões perdidas será mais penoso. Manter as amizades já consolidadas demanda atenção e persistência, não as “sobras de tempo”.
Para quem muda de cidade ou país, fica a impressão de que todos já fazem parte de algo, têm amigos e vida social. Não podemos encarar esta situação como algo intransponível. Ficar se sentindo como um estranho só irá paralisar você e criar barreiras para a sua socialização. Lembrando que as amizades não são um luxo, são importantes para a nossa saúde e devem ser priorizadas. Você não irá conhecer o seu melhor amigo das próximas décadas na primeira semana, mas pode começar a fazer algumas tentativas, como fiz.
Frequentar sempre a mesma academia, nos mesmos horários. Chegue cedo, converse com as pessoas, puxe um assunto de interesse comum. No trabalho, participe das atividades fora do horário do expediente, aceite o convite para o happy hour. Procure por grupos de expatriados, sempre com programações interessantes e de interação. É uma ótima opção para a troca de experiências e para conhecer gente que, como você, está tentando se integrar. Cumprimente os seus vizinhos, um “bom dia” não custa nada, seja simpático com quem encontrar no elevador, na lavanderia, na padaria do bairro. Use as redes sociais e aplicativos para fazer novos amigos, para melhorar a sua fluência no novo idioma, para conhecer um pouco mais sobre a cultura do país que escolheu. Salões de beleza proporcionam a possibilidade de iniciar uma conversa com a pessoa da cadeira ao lado. Inscreva-se em um curso de algo do seu interesse, procure programas de voluntariado, enfim, integre-se, esteja aberto para conhecer novas pessoas e as amizades surgirão.
Conquistar um amigo significa ter com quem dividir alegrias e tristezas, dar e receber colo, manter a saúde física e mental, viver mais e melhor. Um amigo é a nossa referência, é alguém com quem compartilhamos a nossa vida. E, temos que reconhecer, é tudo muito melhor com eles!
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Sobre Jennifer Lobo
Filha de empresários brasileiros, nascida nos EUA, graduada pela Auburn University, Alabama, com especialização em Comunicação e mestrado em Relações Públicas. Certificada pelo Matchmaking Institute, empreendedora, é fundadora e CEO da plataforma de relacionamentos MeuPatrocinio.com. Autora do livro “Como Con$eguir um Homem Rico”, escrito em conjunto com Regina Vaz, terapeuta de casais.
Contato: imprensa@meupatrocinio.com