Época de ouro esses 18 anos da Galeria Flutuante de Artes Atelier.
Tínhamos alunos que se tornaram amigos para sempre, amigos e vizinhos que resolveram “tentar” pintar nem que fosse por lazer.
O Atelier Flutuante era um lugar gostoso de se estar, tenho histórias hilariantes de lá. Certa vez eu arrumei uma Natureza Morta cheia de legumes, verduras, lembro do milho e da couve-flor, no dia anterior tínhamos tido um vernissage com coquetel.
Entraram 2 jovens senhores, sentaram e depois de um “bom dia” ficaram entre me olhando e se entreolhando… eu pintava, eles quietos… um perguntou:
_Já abriu?
_Já, respondi.
_É à La Carte?
_Não, é Galeria de Arte… (ambos fizeram cara de paisagem)
E os dois muito constrangidos, vindos de Copacabana mortos de fome disseram que, por terem visto na véspera pessoas comendo e bebendo, acharam que haviam descoberto um recém inaugurado restaurante “diferentão” na Ilha.
Desfeito o engano, ensinei como chegar a um bom lugar de frutos do mar, e guardei dentre minhas favoritas o “quase restaurante” que foi sem nunca ter sido.
…
Uma segunda passagem:
Teve um caso também diferente, mas que me deu medo.
Um homem, cerca de 35 anos, terno, maleta, entrou no “deck” e sentou-se.
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Inicialmente eu não abordo clientes, deixo à vontade, ele olhava em torno e eu enfim perguntei: Posso ajudar?
_Não, só estou esperando a BARCA sair.
Poxa, era grande o Atelier, mas as barcas são imensas se compararmos. Expliquei CAU TE LO SA MEN TE que alí era uma Galeria de Arte, que o terminal das barcas era longe, na Ribeira.
Ele insistia que não, que amigos indicaram que era alí e pronto, ele ia ficar. Demorei muito para convencer a criatura que aquela embarcação não sairia dali.
Foi-se embora atrasado e resmungando.
…