Desenho – Produção Artística, Passo a passo 14 de como desenhar por Rosângela Vig

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Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.
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Barcos sobre papel verde

Tenta esquecer-me… Ser lembrado é como
Evocar-se um fantasma… deixa-me ser
O que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo…

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão em mim as crianças banhar-se…

Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir… é seguir para o Mar.
As imagens se perdendo no caminho…
Deixa-me fluir, passar, cantar…

Toda a tristeza dos rios
É não poderem parar
(QUINTANA, 2007, p.85)

Passo a passo 14 de como desenhar

É fugidia a imagem que se reflete na água. Seu momento é tão breve e tão frágil, quanto a própria vida. Os detalhes são efêmeros. E talvez, diante da grandiosidade da cena, a relevância desses detalhes se percam, como as ondas que se desfazem com o vento, com o movimento dos barcos. O imutável é a lembrança que fica, é a memória que o momento proporciona. E as águas ainda se encarregam de escoar a tristeza, os abatimentos e os desconsolos que insistem em se manifestar. Feito um rio, a vida segue, transcorre em seu curso natural, tranquila, como deve ser. Ancorados no cais, os barcos também aguardam para seguir seu caminho.

Fig. 1 – Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.
Fig. 1 – Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Por essas águas, meu pensamento assim navegou. Sobre o papel verde, assentei minha cena (Fig. 1), imaginei as cores e deixei que o lápis corresse solto sobre a textura da folha. Quanto às cores, não utilizei muitas, apenas os lápis de cor branco e preto. E meus barcos foram aos poucos surgindo sobre a textura.

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Iniciei tudo com uma linha horizontal, para que a cena toda se posicionasse sobre ela. O uso do esquadro foi importante, nesse momento, para que não ocorressem distorções na imagem final. O mesmo fiz com os prédios. Apenas tracei as linhas, para depois completar os detalhes, de forma livre. Faça o mesmo. Se quiser, treine antes, em uma folha de rascunho, depois passe para o papel definitivo.

Fig. 2 – Luz, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.
Fig. 2 – Luz, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Vale lembrar a questão da perspectiva e do ponto de fuga, para fazer os barcos. Em virtude do movimento da água e da posição de cada um, na cena, tanto seus interiores, como seus tamanhos devem ser diferentes. A mesma ideia da perspectiva deve ser seguida para os prédios, cada um terá uma posição na imagem.

Para a pintura, vale lembrar a questão da incidência de luz. Em minha cena, ela é proveniente do lado esquerdo (Fig. 2). Iluminei então os lados iluminados de cada elemento da cena, com o lápis branco mais reforçado. Para os locais com menor incidência de luz, não reforcei tanto o lápis branco e fiz as sombras com o lápis preto (Fig. 3).

Fig. 3 – Sombra, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.
Fig. 3 – Sombra, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

E o toque final desse trabalho ficou por conta do movimento e do reflexo da cena toda, na água (Fig. 4). Foi o que deu vida ao desenho. Para isso, repita a cena, de forma bem suave, sem muitos detalhes, em toda a parte inferior do cais e embaixo dos barcos, reforçando a luz com o branco e a sombra com o preto. Mas não force muito e deixe alguns espaços sem pintar, porque a água tem ondas, está em leve movimento e não reflete todos os detalhes da imagem acima. Assista o vídeo para ver como esses reflexos são feitos de forma bem superficial. Para completar, faça alguns riscos soltos, em sentido horizontal, sobre a água, tanto em branco como em preto, para imitar as ondas. Faça nuvens à vontade e finalize a cena, reforçando as sombras com o preto.

Fig. 4 – Reflexos na água, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.
Fig. 4 – Reflexos na água, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Ficam aqui os passos para desenvolver seu trabalho, mas você pode inovar e mudar a cena. Faça a mesma paisagem sobre papéis de outras cores; utilize lápis de cores diferentes; mude a posição da luz; faça águas mais agitadas, traçando mais ondas, com riscos horizontais. Deixe que a Arte o encante. Deixe-se levar por sua própria imaginação. Entre na cena. E que fiquem na memória apenas as alegrias de ter navegado, o perfume do mar, o calor do sol e o frescor da brisa. O resto é transitório.

Confira o vídeo da produção da obra Barcos sobre papel verde:

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Artigos sobre a História da Arte da Rosângela Vig:

Referências:

  1. QUINTANA. Mário. Quintana de Bolso. Porto Alegre: Editora L&PM Pocket, 2007.

As figuras:

Fig. 1 – Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Fig. 2 – Luz, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Fig. 3 – Sombra, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

Fig. 4 – Reflexos na água, Barcos sobre papel verde, Rosângela Vig.

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