Desenho – Produção Artística, Passo a passo 7 de como desenhar por Rosângela Vig

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Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.

Para cá, para lá…
Para cá, para lá…
Um novelozinho de linha…
Para cá, para lá…
Para cá, para lá…
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai…)
Que delicadamente e quase a adormecer o balanço
– Psiu… –
Para cá e …
– O novelinho caiu.
(BANDEIRA, 2008, páginas 46, 47)

Passo a passo 7 de como desenhar

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É dos sonhos que surge a obra, do olhar encantado e pueril pelo elementos que dela irão fazer parte. Trabalhar com as cores e com as formas é quase como brincar, é ser como uma criança encantada pelo brilho, pela luz, pela apreciação cuidadosa de mundo. E o olhar distraído do artista é, surpreendentemente absorto, sempre encantado por tudo o que o mundo lhe oferece. A obra nasce dessa apreciação cuidadosa, desse brilho no olhar, pelos elementos que o mundo apresenta.

Fig. 1 – Desenho riscado no papel, Rosângela Vig.
Fig. 1 – Desenho riscado no papel, Rosângela Vig.

É desse encantamento pueril, dos contos de fadas e dos castelos, que falam meus primeiros trabalhos, numa produção de vinte anos atrás. Ainda a grafite, apenas em preto e branco, essas construções sempre me fascinaram e me fascinam e, embora meu traço tenha mudado e evoluído, por vezes, o espírito desconversa e perambula por esses recônditos. E o olhar se distrai e permeia esses lugares escondidos, esses tempos esquecidos. Fiz então, mais um castelo de meus contos de infância e faço um convite para uma viagem a tempos remotos.

Para esse trabalho utilizei lápis de cor sobre papel para aquarela, tamanho A4. A rugosidade desse papel pode conferir um lindo efeito na obra. O castelo que imaginei, muito antigo, está no período de inverno rigoroso, com muita neve. Algumas pessoas passeiam, talvez aproveitando um descanso da nevasca do dia anterior. Os barcos adormecem sobre o lago congelado e as árvores, agora ressecadas aguardam os primeiros sinais de calor, para desabrochar em nova folhagem. No céu, as nuvens sinalizam que o frio não terminou. E pode ser que a alma divague por esse lugar.

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Fig. 2 – Parte do castelo pintado, Rosângela Vig.
Fig. 2 – Parte do castelo pintado, Rosângela Vig.

Imaginei e tracei então minha cena em papel de rascunho, de forma rápida e irregular. No papel definitivo, assentei uma linha horizontal, a partir da qual, fui aos poucos, riscando os outros elementos (Fig. 1). Como o castelo está sendo observado no sentido diagonal, existem dois pontos de fuga, um do lado direito, outro do lado esquerdo. Para isso é de grande utilidade orientar todas as linhas que seguem nessas duas direções com uma régua. Tudo deve diminuir sempre para os lados que se distanciam do campo de visão. No caso desse trabalho, há janelas e muros, que precisam seguir essas linhas imaginárias, para que o desenho tenha profundidade. Tracei as pessoas e os barcos, de maneira leve e sem muitos detalhes. As árvores somente serão colocadas, depois do trabalho pronto, para que a pintura não fique borrada.

Com os traços feitos a lápis, iniciei então a pintura com diversos tons de marrom, além do preto e do cinza. Para enfatizar o aspecto de envelhecido do castelo (Fig. 2), procurei deixar em evidência o marrom escuro nos cantos e clareei nas regiões um pouco mais iluminadas. Mas como a intenção inicial era de fazer um dia nublado, procurei não dar ênfase nem na iluminação, nem nas sombras.

Fig. 3 – Castelo pronto, Rosângela Vig.
Fig. 3 – Castelo pronto, Rosângela Vig.

Não exagerei nos detalhes das pessoas, nem dos barcos, porque a intenção inicial era a de sugerir traços, fazer um trabalho estilizado e rápido. Aproveitei a cor banca do papel, para a neve, que é da mesma cor. Fiz apenas alguns riscos em cinza e em preto, de maneira bem suave, para representar as sombras das pessoas, dos barcos e da própria neve. Finalizei o trabalho com os riscos rápidos e vigorosos para as árvores, sempre de baixo para cima, como os galhos secos, sem folhas, apenas unidos uns aos outros, sem muitos detalhes.

E a cena inerte deixa as impressões da arte, a sensação de se ter caminhado por aquele lugar, de ter apreciado o frio rigoroso; e talvez até mesmo de ter ouvido os sons de outros tempos, das pessoas caminhando, conversando. Isso é a fruição.

Confira o vídeo da produção da obra Castelo:

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Artigos sobre a História da Arte da Rosângela Vig:

Referências:

  1. BANDEIRA, Manuel. Uma Antologia Poética. Rio de Janeiro: Ed. L & PM Pocket, 2008.

As figuras:

Fig. 1 – Desenho riscado no papel, Rosângela Vig.

Fig. 2 – Parte do castelo pintado, Rosângela Vig.

Fig. 3 – Castelo pronto, Rosângela Vig.

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