Pororoca – A Amazônia no MAR por Adriane Constante

Pororoca - A Amazônia no MAR
Rosa do Arraial, 1990. Luiz Braga.
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Pororoca – A Amazônia no MAR por Adriane Constante

Museu de Arte do Rio apresenta exposição com o acervo de arte da região amazônica

De 9 de setembro à 23 de novembro de 2014

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Primeiro andar do Pavilhão de Exposições

Conversa na Galeria: 9 de setembro, às 11h e às 15h, com o curador Paulo Herkenhoff e artistas

Há dois anos – desde antes de sua abertura, em março de 2013 –, o MAR vem construindo uma abrangente coleção de arte da Amazônia. Com cerca de 500 objetos provenientes de mais de 50 doadores, o conjunto é hoje o mais completo acervo do gênero fora da região, cobrindo uma diversidade cultural que atravessa a tradição dos povos indígenas, o ribeirinho e a modernidade. Entre a visualidade amazônica, a violência social, a arte relacional e o processo de metropolização, dois séculos e meio de história crítica estão retratados em instalações, pinturas, esculturas, fotografias, artes gráficas e decorativas, vestuário, mapas e objetos arqueológicos. Com base nesse material, o museu apresenta ao público a exposição Pororoca – A Amazônia no MAR.

Sob um olhar analítico e não cronológico, a mostra oferece uma sobreposição de universos e tempos culturais que vão desde as diversas etnias indígenas à realidade dos centros urbanos da região amazônica brasileira, levando em conta o que o poeta Blaise Cendrars chamou de “caudal amazônico da linguagem”. Entre os registros históricos estão a primeira imagem publicada de uma seringueira – realizada a partir da expedição de La Condamine em 1743 – e documentos pombalinos e imperiais sobre a região. Destacam-se ainda brinquedos do Círio de Nazaré e um álbum com 132 aquarelas do baixo Amazonas.

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Perto de uma centena de artistas estão representados em Pororoca, muitos com suas obras-primas: Luiz Braga com Rosa no Arraial; Miguel Chikaoka e seu Hagakure; Elza Lima e a série dos ribeirinhos da década de 1980; Walda Marques e os retratos das vendedoras de ervas do Mercado do Ver-o-Peso; Paula Sampaio e a Transamazônica; o silêncio nas imagens de Octavio Cardoso; e Krajcberg com suas imagens de queimadas. Estão incluídos ainda trabalhos emblemáticos como um tríptico da série Marcados para morrer, de Claudia Andujar; Judeus na Amazônia, de Sergio Zalis; as imagens de povos indígenas de Milton Guran; a série Nazaré do Mocajuba, de Alexandre Sequeira; o vídeo Antigamente Éramos Muitos, de Armando Queiroz; a instalação as Facas do meu pai, de Lise Lobato; e as procissões e romarias de Guy Veloso, entre outras.

Também estão presentes realizações de artistas da Amazônia, tanto nascidos na região (Ismael Nery, Quirino Campofiorito, Osmar Dillon, Aluisio Carvão, Bené Fonteles, Rodrigo Braga) como viajantes (Wiegandt, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Cildo Meireles, Milton Gurán, Valdir Cruz, Adriana Varejão, Arthur Omar, Oriana Duarte, Romy Poczttaruk, Delson Uchoa, Helô Sanvoy, Ivan Grilo).

Além disso, o conceito de “visualidade amazônica” elaborado pelo pensador e teórico João de Jesus Paes Loureiro – percebido por um cromatismo exuberante, valores plásticos da população ribeirinha e celebrado pelo olhar – tem sua estética contemplada por Emmanuel Nassar, cuja obra utiliza cores tórridas e vibrantes.

Parte das diretrizes do museu, a Escola do Olhar apresenta no período uma série de atividades educativas vinculadas à exposição. Em novembro, o programa MAR na Academia promove um seminário sobre o pensamento crítico na Amazônia. E, em 2015, o MAR realiza um simpósio com intelectuais indígenas para definição de um programa permanente do museu com sua cultura.

“É importante pensarmos na Amazônia como uma singularidade do Brasil”, afirma o curador Paulo Herkenhoff, que há mais de 30 anos realiza um trabalho ininterrupto relacionado à região. Ele revela que, no futuro próximo, o acervo deve se expandir para contemplar a arte de todos os países amazônicos. “Hoje vivemos a superação da polaridade centro e periferia, mas a região é lugar de extremos entre violência social e delicadeza poética”, diz.

Pororoca – A Amazônia no MAR fica em cartaz entre 9 de setembro e 16 de novembro, das 10h às 17h, no segundo andar do Pavilhão de Exposições. Na abertura, às 11h e às 15h, haverá Conversa de Galeria com a participação de diversos artistas e o curador Paulo Herkenhoff. Serão abordados os principais eixos e singularidades das obras expostas, além de questões referentes ao processo de formação da Coleção MAR.

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O acervo

O acervo do MAR é formado por núcleos significativos que são concentrações em torno de uma agenda. Para a arte brasileira, o MAR se propõe a montar a Hiper-Brasiliana, na qual, além da coleção que compõe esta exposição, estão incluídas as obras de coletivos de São Paulo e artistas de outras partes do país voltadas para questões sociais da habitação e a cultura da adversidade no Nordeste, a coleção afro-brasileira, a cultura da fricção do Centro-Oeste e as coleções iniciadas que contemplam as contribuições de judeus, árabes e japoneses à formação do Brasil. Pororoca – A Amazônia no MAR é parte de um programa curatorial que inclui da história da violência na Amazônia às poéticas da alteridade – como na mostra de Berna Reale, em 2013, e, proximamente, nas de Armando Queiroz e Alexandre Sequeira.

O Museu de Arte do Rio

O MAR é um espaço dedicado à arte e à cultura visual. Instalado na Praça Mauá, ocupa dois prédios vizinhos: um mais antigo, tombado e de estilo eclético, que abriga o pavilhão de exposições; outro mais novo, de estilo modernista, onde funciona a Escola do Olhar. O projeto arquitetônico une as duas construções com uma cobertura fluida de concreto, que remete a uma onda – marca registrada do Museu –, e uma rampa, por onde os visitantes chegam aos espaços expositivos.

O MAR, uma iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comunidade de bens culturais. Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o Museu já nasceu com uma escola – a Escola do Olhar –, cuja proposta museológica é inovadora: propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e no exterior, conjugando arte e educação a partir do programa curatorial que norteia a instituição.

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O Museu tem o Grupo Globo, a Vale e o Itaú como patrocinadores máster e o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A gestão fica a cargo do Instituto Odeon, uma associação privada, sem fins lucrativos, que tem a missão de promover a cidadania e o desenvolvimento socioeducacional por meio da realização de projetos culturais.

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Serviço MAR – Museu de Arte do Rio

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Ingresso: R$ 8 | R$ 4 (meia-entrada) – pessoas com até 21 anos, estudantes de escolas particulares, universitários, pessoas com deficiência e servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro. Pagamento em dinheiro ou cartão (Visa ou Mastercard).

Política de gratuidade: Não pagam entrada – mediante a apresentação de documentação comprovatória – alunos da rede pública (ensinos fundamental e médio), crianças com até cinco anos ou pessoas a partir de 60, professores da rede pública, funcionários de museus, grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa, vizinhos do MAR e guias de turismo. Às terças-feiras a entrada é gratuita para o público geral.

Horário de visitação: Terça à domingo, das 10h às 17h. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (55 21) 3031-2741 ou acesse o site www.museudeartedorio.org.br.

Endereço: Praça Mauá, 5 – Centro. Confira o mapa:

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2 comentários em “Pororoca – A Amazônia no MAR por Adriane Constante”

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